Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



domingo, 18 de julho de 2010

Um pequeno passo para a humanidade, um grande passo para você, filhote!

Filhote querido, nunca me esqueço de uma frase da tia Lais, sua neuro. Na verdade, da resposta dela para uma pergunta da mamãe.

Assim que recebemos o resultado da sua ressonância, ficamos bem aflitos. Mamãe achou que estava mais preprada. Mas mesmo já careca de saber da tal história de que o exame não quer dizer muita coisa e o que conta é o quadro da criança, foi horrível receber o laudo em casa, num sábado à tarde, pega totalmente de surpresa. Estávamos esperando o resultado para uma semana depois. Só que a coisa adiantou e me desestruturou totalmente.

Eu estava sozinha em casa com você, quando tocou a campainha e um moço nos entregou aquele envelopão. Arregalei os olhos, subi, te deixei na cama e abri o envelope menor do laudo já com as mãos tremendo. Tava tão ansiosa que tudo ficou meio embaçado, mas a cada linha, meu coração foi disparando mais e mais. Eu não entendi quase nada, mas palavras como 'sequela', 'comprometido' e 'lesionado' ficavam como que piscando do papel em marca texto.

Larguei o troço em cima da cama, agora já com as pernas tremendo também, além das mãos. Corri pro telefone e liguei pro seu pai, já chorando e muito, muito nervosa. Ele tentou me acalmar e veio pra casa o mais rápido que pôde. E ainda que ele tentasse disfarçar, dava pra ver que ele também tinha ficado abalado. O pior de tudo é que sua consulta com a tia Lais seria no final da semana seguinte. Mamãe não aguentou esperar e ligou pro celular dela, implorando para que ela desse uma olhada no laudo que eu passaria por e-mail e já dissesse alguma coisa pra gente. E ainda bem, ela disse. No dia seguinte, mas disse. Não disse muita coisa, mas o suficiente pra nos segurar relativamente calmos até o dia da consulta quando aí assim ela olharia com calma as imagens todas.

E o dia chegou, o da consulta. E as palavras dela ao vivo foram um pouco menos tranquilizadoras que as do e-mail. Como médica, ela tinha que ser realista e nos falar com frieza tudo o que ela estava vendo. E o que ela viu, filhote, foi sim uma lesão bem grave, como já contei aqui. Mas também não deixou de reforçar insistentemente que a sua recuperação dependeria de você e da gente. E que a história de que a resposta da criança é mais útil que qualquer resultado continuava valendo. Ou seja, ela foi realista, mas de maneira nenhuma tirou nossas esperanças. Pelo contrário, deu mais indicações ainda de atividades para você fazer.

Foi então que no fim da consulta, mamãe perguntou: "Mas você acha que ele vai andar?" E ela então disse: "Quem senta, anda".

Bom, o que ela quis nos dizer, pacotinho, é que teríamos que ter muita paciência e ir atrás de um objetivo de cada vez. Antes de pensar em andar, tínhamos que torcer pra você sentar e assim por diante. Até você conseguir atingir todos os seus, os dela, os nossos objetivos. E assim fomos, meu amor. Daquela consulta em diante, que aconteceu em abril passado, intensificamos sua fisioterapia ainda mais; te colocamos na terapia ocupacional; na equoterapia; mamãe parou de trabalhar para se dedicar fulltime a você; e logo logo você vai entrar na natação.

Resultado: você hoje já fica sentadinho com apoio das mãos alguns segundos sem perder o equilíbrio. Para quem tá de fora, podem parecer passinhos de formiga, mas pra mamãe aqui, é um passo de elefante.

E por falar em passo, como mamãe já tinha dito, você ainda por cima, muito provavelmente por causa do lado ansioso que puxou da mamãe, já deu um jeito de dar seus passinhos. A gente sustenta seu tronco e você segue feliz da vida dando passadinhas que deixam mamãe e papai muito orgulhosos. Mostramos para seus médicos e todos foram unânimes em dizer que isso é muito, muito bom. Nos explicaram que há o reflexo da passada e a passada intensional e que no seu caso não há dúvida de que é intensional. Ou seja, quando seu tronco tiver 100%, vai ser só correr pro abraço. beijo da mamãe.

Um comentário:

  1. Ai Adriana...ele é muito apaixonante! E muito danado também! Já quer andar?! Muito bom poder vê-lo dando esses passinhos!
    Beijossssss

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