Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Como a Vida deve Ser

Filho! Nasceu sua primica. Maria Antonia já está aí para formar a dupla Tonico e Toniquinha.



Na verdade, ela chegou há um tempinho já. Dia 26. Quase, quase acompanha a mamãe no dia de Natal. Passou raspando. Peguei no pé da tia Andrea até os últimos minutos, dizendo que ganharia uma companheira de data ingrata. Mas ela soube esperar. Já a mamãe aqui... Bem sabemos do meu histórico impaciente, certo?

Mas, então, estou falando dela só hoje porque estava um pouco pesada esses dias que passaram. Fiquei mesmo muito mal ao conhecer e rapidamente me entristecer pela Valéria, mãe do Felipe. E sua recaída também me baqueou. Chorei tanto... Fiquei até com dor de cabeça. Enfim, estava fraca. Mas aí, a própria Valéria se mostrou forte; você como guerreiro que é já se recuperou; e a Flavia, uma amiga querida da mamãe, nossa seguidora desde os primórdios, sem querer, me fez ver que era hora de sacudir a poeira e dar a volta por cima.

A Flavis tá grávida! Do segundo pacote. E me mandou um e-mail, entre outras coisas, comentando de como nunca sabemos o que vai acontecer e da angustia impossível de se evitar, estando barriguda.

É verdade. Não dá para evitar. Mas dá para não pensar nisso. Dá sim. Sou da linha de que pensamento positivo atrai coisas positivas. E, por favor, nenhuma mãe precisa pensar no que pode dar errado, antes que dê. Como falo para todas as minhas amigas que ainda não pariram, o que aprendi depois da minha experiência é que precisamos sim estar muito ligadas em todos os detalhes que envolvem o dia D, o dia do parto. Não temos que ter pudor de questionar nada! Mas, estando bem alerta, o resto é deixar a vida seguir seu curso.

E foi assim, naturalmente, da forma mais tranquila possível, que Maria Antonia veio ao mundo. Planejada, esperada, com pré-natal em dia e com tudo dando certo na hora do parto. 'Simples' assim. Como a vida deve ser.

Deus sabe o quanto eu estava nervosa, tensa, aguardando o tio Antonio surgir através daquele vidro, seguido pelo bercinho com a Maria Antonia dentro. Mas era só eu, uma mãe ainda traumatizada, que tinha coisas preocupantes em mente. O resto do povo - e, filho, era uma cabeçada lá pra ver a Maria Antonia! - estava 'apenas' esperando o momento de conhecê-la.

Lavei minha alma quando seu tio, enfim, apareceu caminhando lá de trás. Na hora, fantasiei seu pai, fazendo o mesmo com você. Coisa que nunca aconteceu e ainda é um nó enorme na nossa garganta. Mas que diminuiu um pouquinho às 8h28 da noite do dia 26 de dezembro de 2010. Maria Antonia é uma fofa, toda perfeitinha, uma boneca. Pequeninica que nem você, com 47cm e meio e 2kg800.

É isso. Queria terminar 2010 pra cima, com boas vibrações. E nada melhor pra isso do que celebrar a vida. O milagre da vida.

Queria deixar aqui um brinde a 2011 e os mais sinceros votos a todos que cruzaram o nosso caminho em 2010. Dos nossos familiares queridos, passando pelos amigos indispensáveis, a toda equipe de profissionais nota 1000 que te acompanha, até cada um que conheceu nossa história por aqui. Vi que ganhamos novos seguidores recentemente. Que sejam bem-vindos! E que os antigos, como a Flavis, a tia Pati (mãe do Felipe), a Lorena, tia Paulette, tio Dedé... que todos continuem conosco, vibrando por cada movimento novo que a gente conseguir.

Pra terminar, deixo aqui um pedacinho de um e-mail que recebi do seu papai nesses últimos dias. Me emocionou muito porque o moço é de pouquíssimas palavras. Apesar de, tenho que ser justa, estar ao nosso lado todos os dias nos dando apoio e amor incondicional. Mas, quem é que não gosta de ouvir, não é? Fiquem em paz!

"Qto a estar ao seu lado não precisava nem perguntar, ou vc acha q mesmo sendo tão diferentes acabamos juntos pq? Não somos 3, somos 1 só".

Feliz 2011! NENSE!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A Vida é feita de Trocas

Oi, pacote. Bem, hoje que a mamãe está um pouco menos emocionada, vou tentar explicar melhor o que eu chamei ontem de pequena racaída. Aliás, vou tentar dar um panorama resumido, mas um pouco mais claro do que mais nos importuna nos últimos meses.

Ainda são ELES, claro, os malfadados espasmos. Que - e é disso que eu queria falar - não sabemos mais se são exatamente espasmos. Olha, filho, mamãe já avisou e volto a falar que esse mundo neurológico é uma tremenda confusão. As coisas podem mudar a qualquer momento. Diagnósticos vivem sendo alterados. O que era pode não ser mais. O que parece ser, na verdade não é nada. Ameaças podem se cumprir ou não... Enfim, quem entra, literalmente, de cabeça nesse universo, passa a viver numa eterna montanha-russa.

E é onde nós estamos. Já passamos por loopings mais assustadores, mas digamos que nosso momento ainda não é uma reta.

Vamos ao boletim médico: após uma forte suspeita de que seu quadro estaria evoluindo para uma Síndrome de West, voltamos a conviver 'apenas' com uma epilepsia frontal. Falando de forma menos técnica, Síndrome de West é um conjunto de síntomas, na verdade três: espasmos infantis, regressão no desenvolvimento e um traçado específico de eletro com ondas que fazem o que chamam de hipsaritmia. A ameaça nos rondava porque apesar de você nunca ter apresentado nenhuma regressão significativa, tinha o que pareciam ser espasmos infantis e apresentou um traçado de eletro preocupante. Algo que, na época, foi interpretado como uma espécie de pré-hipsaritmia. Mas... o tempo foi passando e o quadro apresentou melhoras. O que nos fez chegar onde estamos hoje, com a tia Laís 'pendendo' mais para a tal epilepsia frontal. Se é espasmo infantil ou não, ainda não ficou definido, porque às vezes os movimentos são característicos e outras tantas, não. Mas não importa. O fato é que você não evoluiu para a tríade dos síntomas de West e o bom é que quanto mais o tempo passar, quanto mais maduro seu cérebro for ficando, mais improvável fica do diagnóstico fechar em West.

O que nos leva a uma sensação bastante esquisita de, volta e meia, querer logo que você cresça. Esquisita porque iria contra o desejo 'normal' de qualquer mãe de curtir ver o filho crescer com calma.

Resumindo: estamos tranquilos? É claro que não. Ainda que seja melhor que West, a grande verdade é que seja o que for, ainda não conseguimos controlar. E é essa a minha angustia frequente. Já estivemos pior, mas também já estivemos melhor. A tal pequena recaída de ontem, foi exatamente isso: uma crise de 'espasmos' (ou whatever) em série, após cerca de um mês e meio apresentando apenas 'espasmos' esporádicos.

Ainda bem, hoje já voltamos aos 'espasmos' esporádicos. Graças a Deus, sim. Mas mamãe também gosta sempre de dar crédito aos remédios, à experiência da sua neuropediatra e ao trabalho de todo mundo que te acompanha, começando por mim. Perdão o egocentrismo, mas seria uma baita injustiça não reconhecer meu próprio suor na nossa luta, pacotinho...

Estamos no terceiro remédio já. E apesar de se mostrar até aqui o mais bem-sucedido, ainda não atingimos o objetivo, que seria cessar os espasmos completamente. Espero que a gente chegue lá.

Enfim, a epilepsia e seu atraso motor (que atualmente virou fichinha pra gente) são sequelas de mesma origem. Tudo devido a sua lesão cerebral, ocasionada pela asfixia que você sofreu no parto.

Por que mamãe não esclareceu nossa situação atual antes? Porque se é um rolo pra explicar agora, imagina há dois meses, no meio do furacão, quando ninguém chegava a uma conclusão direito...

Por que mamãe está tentando deixar tudo o mais claro possível agora? Porque cada vez mais acredito que a vida é mesmo feita de trocas. E ontem vivi essa certeza na pele, como demonstrei aqui. Acho mesmo uma benção, mães que carregam um peso tão grande poderem dividí-lo umas com as outras. No meu caso, encontrar a Valéria foi a melhor troca de presentes de natal que eu poderia imaginar. Vi hoje que ela também 'me encontrou' e fiquei mais feliz ainda. Por isso, estou chamando de 'troca'. Espero que a gente continue trocando. Não só nós, mas todas nós, como ela também escreveu no blog dela. Acho que somos uma espécie de família especial, espalhada pelo mundo.

Para terminar, deixo uma frase que achei em meio aos escritos do blog dela:

“Há duas formas de viver a vida: Uma é acreditar que não existe milagre. A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre”.

Sabe de quem é? Albert Einstein. Bom, se um cientista mor acreditava em milagres, eu, por mais incrédula que seja..., preciso acreditar. Ou melhor, escolho acreditar.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A Grama do Vizinho é sempre mais Verde...

Não sei se a escolha do título que coloquei aí em cima é a mais indicada. É que apesar do assunto que eu quero falar hoje ter a ver com 'vizinho', a grama dele não é necessariamente mais verde...

Bom, antes que eu me enrole toda, o que aconteceu foi o seguinte: você teve uma pequena recaída hoje, pacote. E mamãe ficou decepcionada com a própria reação.

Me desesperei. Tá, eu sei que uma penca de gente vai falar que é compreensível e blá blá blá. Não é. Não é pra ser. Não é essa mãe que eu quero ser para o meu filho.

Não posso ser forte só quando as coisas vão 'relativamente' bem e fraquejar de cara, assim que elas ameacem ir mal. Não é essa mãe que você merece, filho. Não você, esse poço de garra, coragem, exemplo e determinação. Não é justo com você que eu seja fraca. Não importa o quanto isso pode ser compreensível. Não quero ser compreendida. Quero ser admirada. Por você. Quero ser a sua fortaleza e não o contrário. Você é quem tem que se pendurar em mim, você é quem tem que sentir segurança em mim pra seguir em frente e não eu me pendurar na sua melhora para me manter bem. Sua recuperação deve ser sempre motivo de orgulho e comemoração, nunca condição para que eu me mantenha de pé. Entendeu?

E onde entra o vizinho nisso tudo? A palavra mais adequada seria 'vizinha' ou 'vizinhas'. Estou me referindo às outras mães de crianças especiais que vivem histórias e desafios parecidos com os nossos, meu amor. Até aqui, já tinha cruzado, principalmente no mundo virtual, com várias delas. Mas nunca com a que eu encontrei hoje. O nome dela é Valéria, ou melhor, a mãe do Felipe. É assim que ficamos mais conhecidas nesse mundo... (http://valeriapellon.blogspot.com) Não a conhecemos, filhote. Nem ao Felipe, a quem nunca iremos conhecer... Mas por causa dela, a mamãe decidiu tentar com muito mais força ser quem você merece. Foi o que tentei dizer a ela. E é o que estou prometendo agora a você. Brigada, Valéria. E força para enfrentar a dor que eu, mesmo sendo quem sou e vivendo o que eu vivo, não sou capaz de imaginar.

sua mãe disse...
Nunca me senti intimidada para fazer comentários em nenhum blog com histórias 'da família' da minha. até chegar aqui. quando 'entendi' que o Felipe se foi, emudeci. Emudeci porque não consegui imaginar a sua dor, mesmo sendo uma pessoa bem mais indicada para compreendê-la do que a maioria dos reles mortais. emudeci porque na sua dor, hoje você me ajudou a ser forte na minha. desde que meu filho nasceu, que aprendo dia a dia a como vc disse valorizar mais e melhor as coisas realmente importantes da vida. mas de todas as dificuldades, a maior pra mim ainda é manter a calma e a esperança quando as coisas parecem escurecer. mas ao ler um relato real de quem já aguentou muito mais do que eu, senti vergonha por pensar em sentir pena de mim. vergonha porque minha luta, que parecia ser gigante, ainda que seja a maior da minha vida, é pequena ao lado da sua. não sei como você passou seu natal, afinal, mas queria te dizer do fundo do coração q através de você, uma pessoa q eu nunca vi, nem conversei, ganhei mais força do que de qualquer um até aqui. por sua causa, levantei da minha resignação hoje e decidi não me permitir mais achar q a minha luta é mais forte que eu. nesse exato momento, me sinto uma sobrevivente. você me resgatou. brigada, do fundo do coração. e posso jurar que não sou só eu que agradeço. meu filho, Antonio Pedro, meu maior presente, também vai gostar de ter a mãe de novo mais animada e menos triste. tenho certeza. nós tb sofremos negligência no parto, tb num dos maiores hospitais do Rio, e o Antonio também sofreu asfixia e acabou com uma lesão cerebral. mas ainda temos muita esperança de reverter o quadro no que for possível. ele tem se mostrado um guerreiro. tem deixado muito especialista de queixo caído. e é por isso, mais uma vez, que volto a afirmar q vc me ajudou. pq mesmo meu filho mostrando a garra q tem, eu não conseguia me reerguer totalmente. uma espécie de pena de mim mesma vivia como uma nuvenzinha negra em cima da minha cabeça. quando é q eu ia imaginar q a força q eu precisava pra ser a mãe q ele merece viria de outra mãe q eu nem sequer conheço. é só o q tenho pra te dizer, seu filho teve a mãe q ele mereceu. e eu espero agora ser a que o meu me pede todos os dias através de um sorriso lindo q diz tudo. eu só não conseguia corresponder. meu sorriso de volta era sempre um pouco angustiado, desconfiado, com medo. mas agora, decidi que não tenho tempo a perder com ele. muito menos com meus medos e angustias. obrigada. acho impossível te escrever Feliz ano novo. acho q ainda é muito recente pra vc conseguir ser feliz. mas espero do fundo do coração q seja em 2012, 13, 14, 15... espero q um dia você consiga ser feliz de novo. você merece.
Adriana
se quiser nos conhecer: www.queridoap.blogspot.com
fique em paz...

sábado, 25 de dezembro de 2010

Tudo tem seu Tempo

Pacote, hoje ainda é Natal e ainda é aniversário da mamãe, mas eu não tenho nada de especial para escrever em relação à data. Fizemos o corre-corre cansativo de sempre, morremos de calor com a temperatura usual da época e estamos aqui em casa, mortos de cansados depois da maratona toda. Mas, veja bem, não estou reclamando. Como já dei a entender aqui várias vezes, hoje é preciso muito para que eu realmente me importe e o tempo feche. Aprendi com tudo o que passamos e temos passado juntos que a maioria das coisas de que reclamamos é merreca. E, como também já disse aqui, quando você está bem, eu estou bem, pode estar caindo o mundo a nossa volta. Por isso, apesar dos estresses comuns à junção de muita gente da mesma família, mamãe passou incólume! Acredite, filho, isso seria algo inimaginável um tempo atrás. Sempre fui uma das primeiras a cair na pilha das discussões, isso se não era eu a responsável pelo início do pega pra capacá. Mas agora estou zen... Tá, zen é muito para a sua pobre mãe ex-pilhada. Mas sinto-me bem mais calma e tolerante. Mesmo que isso ainda precise de um exercício consciente e não seja algo totalmente natural. Mas chego lá, hein, me aguarde.

Agora, vamos ao que quero falar de verdade, que, olha, de certa forma, tem bastante a ver com essa minha tranquilidade adquirida. É que, como coloquei lá em cima, a cada dia que passa, vejo como é verdade a máxima que diz que 'tudo tem seu tempo'.

Sei bem o quanto é desanimador querermos muito que algo aconteça ou dê certo e a coisa não chega nem perto disso. É muito fácil e até compreensível que fiquemos meio desesperançosos e descrentes. Difícil é ter serenidade suficiente para respirar fundo, esquecer aquilo por um tempo, desencanar e voltar a tentar mais tarde.

Falando de forma menos abstrata, o que me inspirou a escrever sobre isso foi uma ação envolvendo uma daquelas escova de dentes com motorzinho, sabe?

Um bom tempo atrás, você devia estar com uns 5 meses, quando iniciamos nossas sessões de fonoaudiologia, nossa querida Tina tentou introduzir na sua rotina uma espécie de exercício com algo que vibrasse. A ideia era colocar o brinquedo (no caso, um golfinho que ela tem no consultório) fazendo pressão em cima do seu lábio superior. O objetivo era que a vibração feita pelo rabo do golfinho na sua boquinha fizesse com que você fechasse os lábios, formando um biquinho. Segundo ela, uma das coisas que faltava a você era essa pressão nos lábios para que a deglutição acontecesse com menos dificuldade.

Enfim, nossas primeiras tentativas foram totalmente frustradas. No consultório, era o golfinho e, em casa, era a tal escova que a mamãe comprou. Parecia que você tinha pavor dos troços. Abria o berreiro assim que a vibração encostava em você. Insistimos durante um tempo até a mamãe ficar bem desestimulada e ir parando de tentar aos poucos.

O que acontece? Você estava cru, meu amor. Hoje é muito claro pra mim que você ainda não estava preparado para aquele passo. Queríamos muito de você num momento em que ainda não era possível. Mas como saber? Pra mim, essa é uma das questões mais delicadas no trato com pacotinhos especiais. É preciso muita sensibilidade, muito amor e, o 'x' da questão, muita paciência para conseguir interpretar vocês. E, paciência, filhote, você já sabe que era o que a mamãe menos tinha na vida. Daí, minha frustração contínua no início da nossa história.

Mas como o tempo passa, e é verdade mesmo, o tempo voa, hoje, meu amor, podemos dizer em paz que estamos numa boa. Sem pressa, ainda que isso pareça um paradoxo com o que acabei de dizer sobre o tempo voar. É e não é. Vamos lá: quando não se tem mais tanta ansiedade em relação às coisas, elas vão acontecendo naturalmente, no tempo delas. E como estamos mais descansados, menos pressionados por nós mesmos, quando a gente se dá conta, voilà:



Foi assim: um belo dia, dei de cara com a escova esquecida lá no meio das suas coisas e pensei 'será?'. Sem pressão, sem expectativa, fui até você e primeiro liguei o motorzinho pra ver sua reação. 'Ôpa', você ficou prestando muita atenção. Bom sinal. Aí, devagar, conversando, fui chegando perto até encostar as cerdas na sua boca. E, de repente, não mais que de repente, aconteceu.

De lá pra cá, vem acontecendo sempre e temos feito bastante. E é claro, já mostramos orgulhosos pra tia Tina! O fato é que isso, junto com outras coisas como você ter ganho um pouquinho mais de tronco nas últimas semanas, têm feito com que a hora da comida seja bem menos estressante aqui pra gente. Você está engolindo muito melhor e vêm almoçando e jantando há um bom tempo. Isso é excelente, pacotinho!

E pensar que a mamãe chegou a achar lá atrás que você poderia nunca conseguir se alimentar direito...

Que fique a mensagem para quem quer que se beneficie dela: Calma. As coisas acontecem. No tempo delas. beijo da sua mãe, que vive não cabendo mais em si, de tanto orgulho das suas conquistas.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

...

Filho, hoje foi um dia dificil pro papai e pra mamãe. Nossa cachorrona, a Leleca, de quem a mamãe já falou aqui, enfim, teve que descansar. Ela já estava muito muito fraquinha, tadinha... Que a sua companheira de fralda fique em paz...










beijo, perereco. Ainda bem que tivemos o seu sorriso para nos apoiar.











Lua
* 1996
+ 2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Já é Natal

Filhote, a essa altura, quando você estiver lendo isso aqui, já vai estar careca de saber que a mamãe faz aniversário no Natal.

Bom, por muitos e muitos anos, eu achei isso uma porcaria. Logisticamente, sempre foi um problema, já que vivi me divindo entre casas e famílias pra não deixar de ver ninguém. Mas o que mais incomodava era o fato de ser muito difícil tentar qualquer tipo de comemoração com amigos já que uma parte estava viajando e a outra, compreensivelmente, exausta de tantos comes e bebes de fim de ano. Fora que nunca senti muito que era o meu dia, sabe? É tanta movimentação que era impossível me sentir especial. Já que eu mesma estava pra lá e pra cá comprando presentes, resolvendo comidas, decidindo roupas e, provavelmente, gastando saliva pra explicar pra um ou outro lado da família que 'este' ano a meia-noite seria 'do lado de lá'. E nem falei da tragédia de um presente só, hein... Ou aquele esquema de dois presentes ou um grandão. Bicicletas, patins, casa da Barbie, pra mim, sempre comiam dois créditos. Uma baita injustiça...

Mas, então, eis que mamãe está aqui hoje para falar que, pela primeira vez, está contente em ter nascido nesta época do ano.

Eu explico: bem, já disse aqui um milhão de vezes o quanto sou uma pessoa diferente desde que te conheci. E nessa mudança toda, está o fato de que hoje sou alguém... como posso dizer? Hum... mais conectada com o mundo. Com o todo, sabe? Menos individualista, menos fechada, menos crítica, menos cética, menos pessimista. Atualmente mamãe é MAIS, filho. Mais calma, mais feliz, mais paciente, mais amorosa, mais compreensiva, mais madura, mais amada, mais completa.

E, no fim de semana passado, quando estávamos lá no Tupyara, antes da cirurgia, no momento das preces e mensagens, uma das coisas que foram faladas foi justamente a energia boa que circula neste período do ano. O 'moço' que tava lá no microfone acabou abrindo os olhos e ouvidos da mamãe para uma coisa que eu nunca tinha dado valor antes. O nascimento de Jesus, a festa de Natal, acaba trazendo um bocado de coisa à tona. Por isso, como ele disse, não é raro essa ser uma época em que amigos e parentes brigados fazem as pazes, gente que não se via há tempos, arranja uma horinha pra confraternizar, as pessoas ficam mais solidárias e ajudam bem mais o próximo seja com contribuições financeiras ou praticando o bem... É como se fossem umas duas ou três semans em que todos nós juntos entrássemos numa espécie de trégua geral.

E justamente por ser geral, a energia desprendida por tudo quanto é canto se torna poderosa. E a alegria toma conta. Como símbolo, nada melhor do que a troca de presentes. Quem não gosta de ganhar presente? Ou até de dar presentes? Mamãe adora! E todas as criancinhas que aguardam ansiosamente pelo Papai Noel também. Já imaginou a força que tem a felecidade de um monte de pequenininhos juntos?!

Pois então, é por isso que, este ano, contrariando qualquer possibilidade de inferno astral e dando um chega pra lá na minha tendência reclamilda, a mamãe está enfim curtindo o momento. E esperando de bom humor o meu dia D. E bota dia D nisso, pacotinho, porque sua mamãezinha fará 30 anos! Cheguei lá.

E cheguei bem, filho. Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que sou uma pessoa feliz. Tenho um filho que me fez conhecer o maior amor do mundo; um marido que não pára de me surpreender com a capacidade de amar e de ser meu maior porto seguro; uma relação bem mais saudável com o restante da minha família; uma casa nova exatamente onde queríamos; e um montão de gente querida em volta. Alguns bem antigos e uma porção de amigos novos e bem-vindos. Sinto-me realmente privilegiada e presenteada, como nunca senti antes.


Natal passado, o seu 1º. Eu, você e papai.

Pra terminar, lembrei de dar uma dica de Instituição para quem gosta ou procura algum lugar pra ajudar. Às vezes, a gente quer ajudar, mas fica com pé atrás em relação à seriedade do lugar. Bom, nossa contribuição aqui em casa vai para a Recomeçar - http://www.recomecar.org.br -, um projeto muito bacana, que fica lá no Fundão. Conhecemos através da tia Laís.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Book

Filho, tava falando com a tia Eliane hoje que você tem aceitado bem mais ficar de barriga pra baixo. Ainda não consegue sustentar muito bem o tronco, mas já aguenta um pouquinho se segurar nos cotovelos e a cabeça também está melhor. Sabe, pacotinho, pode parecer pouca coisa, mas é um ganho enorme.

Na verdade, desde que entramos de novo num período mais calmo em relação aos espasmos, que você tem evoluído. Naquele esquema, devagarzinho, no seu tempo, mas com ganhos aparentes. E é isso o que importa pra mamãe. Não me interessa mais quanto tempo vai levar e sim que você vai conseguir fazer tudo o que você quiser.

Todo mundo sabe o quanto mamãe já foi ansiosa, pensando em quando e se você conseguiria fazer as coisas. Nossa... lembro bem que eu vivia criando prazos imaginários e traçando expectativas ilusórias. Aos seus 4 meses, quando começamos a entender suas dificuldades, no fundo, ainda não entendíamos nada.

Muito por ignorância e um pouco por não querer encarar uma realidade dura, achávamos que as coisas seriam mais rápidas e que seu atraso seria coisa pouca, tipo 6 meses pra trás dos outros coleguinhas. E assim, quando pensávamos em você com 1 aninho, chegávamos até a cogitar a hipótese de você já estar quase andando...

Pacotinho, você ainda não anda, não engatinha, não senta, não rola, nem sequer se arrasta. Mas você faz tanta coisa a seu modo, filhote, coisas que, hoje, já muito mais por dentro do seu quadro e pacientes com você e com a vida, vivem nos surpreendendo.

Mamãe já nem liga mais para essa sequência 'lógica' do rolar, sentar, arrastar, engatinhar e andar. O negócio é se mexer! E quando você quer, você se vira! Mesmo. E, como já disse aqui, o melhor de tudo é que você QUER sempre. Não importa se a cabeça despenca, se a mão vira pro lado errado ou se a boca abre, na tentiva de ganhar mais força. O que conta no fim é que você dá um jeito, o seu jeito, de chegar onde você quer. Nem que, como último recurso, você use o grito para que alguém se toque e dê uma ajuda, caramba! E vou te falar, Antonio Pedro, no grito você vence qualquer um. Tem um baita gogó.

E é por isso, filho, que a mamãe fica feliz com qualquer postura nova que você vai conquistando. Cada uma delas significa um passinho a mais nosso. Um passinho pra frente que atrás vem gente!

O outro motivo da mamãe publicar a sequência aí abaixo é que achei que as fotos ficaram ótimas e fiquei com pena de deixar só a que eu coloquei ontem. Diz aí, são dignas de um Book, não são não?









terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Olhar 43

Com internet direto, agora ninguém me segura... Oh filho, mamãe tá brincando assim porque estou, estamos, numa fase bem feliz. As coisas têm estado calmas aqui para gente. Aí, tô aproveitando pra sair escrevendo. Na verdade, tenho um montão de assuntos na fila para serem desenvolvidos e publicados. Mantenho um bloquinho aqui, onde vou anotando ideias que me vêm à cabeça. E elas não param... Esse hábito é bem antigo, aliás. Acho que vem desde a época em que comecei a trabalhar como roteirista. Pergunta ao seu pai, volta e meia eu acordava de madrugada e escrevia no escuro mesmo alguma coisa que me fizesse lembrar de algo maior no dia seguinte. No início, ele achava que a mamãe era doida, depois, se acostumou e até já fez parecido...

Então, tenho aqui anotado, há um tempo já, o título desse post: Olhar 43. E lembro bem quando foi que escrevi lá no caderninho. Foi quando voltamos da última consulta que tivemos com a tia Laís, sua neuro nota 1000.

Assim que entramos no consultório, você começou a vocalizar um monte de sons aí na sua linguagem de bebê e a olhar fixo pra ela. Como se estivesse conversando mesmo. E aí, ela elogiou no ato a sua capacidade cognitiva. Com um sorriso bem grandão no rosto, a tia Laís comentou como o seu olhar é forte, penetrante, poderoso.

Na hora, mamãe levantou uma plaquinha imaginária com aqueles dizeres clássicos: EU JÁ SABIA! Mas depois, em casa, voltei a pensar naquele momento e uma alegria imensa me invadiu.

Foi como se você, com esse seu carisma incontestável, tivesse ali naquela hora quebrado a barreira médico/ paciente e feito a tia Laís se envolver com você, da forma mais humana possível. Você deixou de ser mais um e passou a ser único. Passou a ser o Antonio Pedro simplesmente.

Não coincidentemente, agora quando ligo ou passo e-mail pra nossa médica guardiã da sua cabecinha, não sinto mais necessidade de me identificar tanto. De 'Oi Laís, é a Adriana, mãe do Antonio Pedro, seu paciente, o ruivinho, a gente teve aí semana passada...' passamos para 'Oi Laís, é Adriana, do Antonio Pedro'. Isso quando não é ela quem nos liga ou retorna uma ligação, dizendo logo: 'Oi Adriana'.

Enfim, pacote, meu objetivo não é sugerir nenhum tipo de tratamento especial. Até porque a tia Laís é uma profissional de se tirar o chapéu. O que estou querendo mostrar é a força que você tem. É realmente algo que vem de dentro. Atrai mesmo, como um magnetismo próprio. Não dá muito pra explicar, mas acho que quem te conhece consegue rapidamente perceber. É mais do que carisma, mais do que um olhar penetrante, mais do que uma simpatia nata. É um monte de coisa junta que você consegue transmitir rapidamente com um simples olhar. Um olhar que diz muito, que quer abraçar o mundo, que domina a gente. Que desmonta até os mais resistentes, os mais cascudos. Como a tia Laís...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Oi meu amor...

Notícia nº 1: voltamos a ter internet própria! u hu! Mamãe tava seca pra voltar a escrever mais frequentemente.

Agora, vamos ao seu fim de semana. Bem, pacotinho, tivemos um fim de semana energizante, por assim dizer. Com direito à fé para todos os lados. Na verdade, tivemos um fim de semana que, para a mamãe, seria o ideal em matéria de religião. Fazendo tudo o que papai e mamãe acreditam.

Já contei aqui o quanto eu me sinto bem perto da natureza. E mesmo isso não sendo uma religião propriamente dita, é para mim. Por outro lado, seu papai, acredita de olhos fechados no mundo espiritual e em toda a força que ele pode ter.

Vou ser muito sincera com você, pacote, assim como sou com o papai sempre que conversamos sobre isso. Bom, a mamãe simpatiza com esse lado espiritual. Bastante. Mas eu não sou como o papai. Não consigo ter essa certeza toda de que existem vários planos, de que todos nós estamos aqui para evoluir, que existem os karmas e que vivemos reencarnando até que estejamos preparados para a vida eterna.

Não sei explicar exatamente, mas tem a ver com 'se sentir bem'. Quando respiro o ar puro da Serra, quando entro numa cachoeira ou, simplesmente, quando me encontro num lugar bem bonito ao ar livre, me sinto bem. E sempre busco essa sensação quando não estou em um bom dia ou em uma boa fase.

Acontece que isso não ocorre assim tão facilmente quando vou a algum Centro Espírita, igreja ou o que for... Até já fui em templos ou espaços que me trouxeram paz de espírito, mas não é algo comum e nem automático como o que acontece quando estou em contato com a natureza.

Seu papai já é diferente. Ele realmente tem fé. Além de ser uma pessoa com um coração enorme, que se preocupa frequentemente com o próximo e com o mundo, ele tem uma espécie de calma interior, uma facilidade em acreditar que tudo vai acabar bem. Pacotinho... você não sabe como eu também queria ser assim...

Juro. Deve ser muito bom acreditar tão piamente em alguma coisa. E é por isso que sou totalmente a favor de toda e qualquer religião. Porque acho mesmo que traz conforto e ajuda, nem que seja só por esse conforto, a fazer com que as pessoas sigam lutando.

A mamãe teve que achar uma razão mais física para abraçar uma causa e essa razão chama-se Antonio Pedro, vulgo pacotinho. Você tem sido minha religião de um ano pra cá. Nunca fui tão fiel a algo ou alguém. Nunca rezei tanto, nunca fui tão crédula, nunca fui tão pura ou verdadeira. Você, ou o meu amor por você, me faz querer acreditar todos os dias no sonhado final feliz. E, se Deus quiser, ele virá. Olha aí, mamãe citando Deus...

Enfim, perereco, voltando ao início, o seu fim de semana começou com uma cirurgia espiritual. E aproveito para deixar logo aqui o nosso agradecimento à tia Boldrini e à tia Carla, irmã dela, que a gente nem conhece, mas que põe uma fé danada na nossa batalha. Foram elas que surgiram com o assunto e que marcaram pra gente.

Bem, para quem tiver curiosidade, o procedimento em si é bem tranquilo. Foi lá no Templo Espírita Tupyara. E, tirando o calor de rachar que fez no sábado, a coisa toda foi bem calma. Fizemos os preparativos indicados na véspera, coisas como evitar alimentação pesada e carnes, além de bebidas, fumo e sexo, e chegamos lá na hora marcada para o início das preces e tal. Ouvimos mensagens bem bacanas e depois começaram as cirurgias. O lugar tem uma energia muito boa. Todos estavam de branco e pareciam realmente 'emanar o bem'. Você estava um pouco inquieto por causa do calor, mas na hora em si, quando entramos numa sala reservada, com luz bem baixinha e sentamos na maca, você ficou quietinho. Apagaram-se as luzes e o médico espiritual encarregado foi saudado. Rezaram-se alguns Pai Nossos e Ave Marias e você bebeu um copinho de água, como remédio. Depois, a ideia era que você ficasse uns 15 minutos descansando numa espécie de enfermaria. Mas... danou a 'falar' pelos cotovelos. Como é neném, ninguém brigou. Mas a mamãe ansiosa aqui ficou um pouco apreensiva, com medo de estar incomodando os outros pacientes. Bom, o principal da história toda é que, quando chegamos em casa, você simplesmente apagou de meio-dia às sete da noite! Incrível. Como disse a tia Eliane, foi como um pós-cirúrgico mesmo. Está aí uma 'prova' para a mamãe aqui, com uma quedinha para o ceticismo...

Vamos continuar o tratamento e esperar para que tenha sido mais uma coisa que te ajude a ir em frente.

Fechando o fim de semana de fé, no domingo, eu, você e papai, fomos em busca de cachoeiras e encontramos em Casimiro de Abreu e Lumiar. Um banho de energia para renovar nossa esperança que só cresce, filho. Graças, agora que Deus me perdoe, a VOCÊ.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sou do Time dos Guerreiros

Não há a menor dúvida de que você nasceu campeão, Antonio Pedro. Tanto que a mamãe achou um motivo pra comemorar hoje, ainda maior do que o nosso recém-conquistado Campeonato Brasileiro.

Lembra da mesa de atividades que eu há pouco me surprrendi com você lá brincando? Pois então, comentando com a tia Eliane, nossa fisio, ela pediu pra mamãe filmar. Aí, lá fomos nós de novo para a varanda, com a mamãe de máquina em punho.

Resultado? Você foi sensacional! Melhor do que na semana passada! Escalada para o sucesso, pacotinho.

Sério, fiquei pasma com a sua desenvoltura, considerando as suas dificuldades, que são reais. Mas, você, simplesmente dá um jeito quando o objetivo é brincar. Ou tentar brincar. É aí que está a chave de tudo: na palavra 'tentar'. Você nunca, nunca, pára de tentar. Fica cansado, após um tempo, é verdade. Mas só precisa de uma boa respirada bem fundo e lá vai você de novo. Do seu jeito, do jeito que dá, do jeito que ninguém espera.

Mamãe fez vários vídeos. Em cada um você faz uma coisa bacana, entre agarrar o brinquedo, girar o outro, se apoiar com o cotovelo... Mas nesse aí abaixo, você realmente se superou. Tava lá brincando e aí, acabou tombando para o lado. Numa situação normal, em que eu estaria do seu lado, eu teria rapidamente te ajudado a voltar. Mas como estava com as mãos ocupadas, decidi esperar um pouco pra ver o que iria acontecer. E deu-se o impensável. Você conseguiu sair dali sozinho. Se reergueu e foi embora. O que me fez pensar o quanto você depende de mim, sim, mas também o quanto você tem força sozinho. O quanto você é GUERREIRO.

Deleite-se tia Eliane. É de arrepiar...

beijo da mamãe.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Campeão Brasileiro 2010

A primeira vez campeão, a gente nunca esquece. E, você, cenourinha, pacotinho, filhote, amor da minha vida, terá o orgulho de contar que foi Campeão Brasileiro com apenas 1 ano de idade! Isso é para muito poucos, pacote...

Beijo a todos, da família tricolor.



É CAMPEÃO! É CAMPEÃO!




NEEEEEENNNNNNNSE! NEEEEEEENNNNNSE!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Liberdade

Oi perereco... mamãe tá tiririca da vida porque ainda estamos sem internet na casa nova e, por isso, tenho escrito aqui bem menos do que eu gostaria. Os amigos e seguidores devem estar até meio preocupados com a minha falta de frequência... Achando que a mamãe aqui tá se entregando. jamais! Atenção, pacotinho, é importante: mamãe nunca, eu falei nunca, entendeu? Nunca vai deixar que nenhuma fase ruim, por pior que seja, faça com que eu desista de lutar por você.

Dito o principal, vamos ao tópico do dia: liberdade.

Com o tempo, filho, você vai aprender como a mamãe preza essa palavra. E tudo o que ela representa. Liberdade de escolha, liberdade de expressão, liberdade de ir e vir. Liberdade de sentir. Talvez essa seja a que a mamãe mais gosta. Quando penso em liberdade, me imagino numa paisagem linda, ao ar-livre, de braços abertos, sentindo o vento bater. Só eu e eu. Ou eu e Deus, já que, pra mim, Deus está na força da natureza.

Bom, sem me alongar muito, até porque não tenho muito tempo e estou usando o computador alheio, o que eu queria publicar aqui hoje são algumas fotos de você, pela primeira vez, sozinho, na sua mesa de atividades que tem uma espécie de andador acoplado. O brinquedo é muito interessante. Mamãe e papai acharam na internet, num site de uma loja gringa e acharam no ato que seria uma boa pedida pra você. Acabou que a tia Cris trouxe pra gente, quando ela voltou de uma viagem a Portugal.

Isso já faz alguns meses e mamãe e papai ficaram um pouco decepcionados quando vimos que ainda iria demorar até você conseguir brincar ali. Seus pezinhos ainda ficavam no ar e seu tronco mamulengo ainda era muito, muito, muito mamulengo para a engenhoca. Conclusão, tivemos que enfiar o troço no alto do armário por um bom tempo.

Mas... o tempo passa, o tempo voa e o Antonio Pedro mostra cada vez mais que não está aqui a passeio!




Na mudança, o brinquedo voltou à tona e foi parar na varanda. Tava lá, meio esquecido, meio de lado, quando, um belo dia, chego na varanda e vejo que a sua vovó decidiu meter você ali dentro, de novo.

E, tcharam! Não está assim ainda uma Brastemp, mas você bem que se virou nos 30, filhote.









Temos muito ainda a ganhar, mas você, esse guerreiro incansável, não se fez de rogado e deu um jeito de brincar ali, com direito a sorrisos. Você não existe, Antonio Pedro... É incrível a sua vontade de brincar, de vencer, de viver. Você me ensina todos os dias a ter esperança. E que, sim, quem espera, sempre alcança. Que o diga seus lindos pezinhos, enfim, encostados no chão.


Parabéns, filho. Por mais essa.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Na hidro

Antonio Pedro é chiquérrimo e agora tem uma hidro-massagem no prédio dele. Peixinho que só, nem precisa dizer o quanto o mocinho ama ir lá todo dia, à noite, antes de dormir, nesses dias calorentos. É ou não é chique, o rapaz!?

Até a próxima escapada à internet mais próxima.


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Controle

Ou a falta dele...

Há tempos que queria falar sobre isso, pacote, mas estava me faltando tempo. E quando ganhamos aí uma brecha em nossos dias complicados, mamãe quis postar coisas bacanas e não filosofar sobre temas como 'não temos o menor controle sobre nada'.

Mas agora que já coloquei até vídeo com você mostrando suas habilidades futibolísticas, achei que podia usar o espaço aqui para divagar.

Bom, quero começar te contando que quatro das coisas que a sua mãe mais odiava na vida eram: ficar presa (em qualquer sentido da coisa); ficar sem trabalhar; esperar (Impaciência era meu segundo nome...); e perder o controle (também em qualquer sentido).

Ora pois... desde que você entrou na minha vida, o que mais tenho tido que aprender está diretamente ligado a esse quarteto.

Começando com o 'ficar presa', tive que aprender ao longo desses meses juntos a não poder mais fazer as coisas que eu queria na hora em que eu queria. E isso inclui das coisas mais prosaicas como escovar os dentes ou ir ao banheiro até algo mais 'complexo' como ir (ou não) a um casamento de amigos queridos. Desde que você veio pra casa, após 24 dias de UTI, que você costuma dormir que nem um sapinho em cima da gente. No início, eu precisava disso. Queria ficar grudada em você 24 horas por dia, como que para compensar todo aquele período inicial em que fomos privados de contato físico direto e à vontade. Mas com o passar do tempo, a coisa foi me deixando um pouco agoniada, já que não tinha nem mais um momentinho só pra mim. Você literalmente se acostumou a viver pendurado no meu pescoço. Bom, atualmente, você continua o mesmo 'papapato'. Fui eu quem teve que aprender a viver 'presa' a você. Não me entenda mal. Mamãe te ama. Mas se você tivesse me conhecido antes, saberia como é um suplício pra mim ficar colada a qualquer um, assim fulltime. Nunca fui das mais melentas... Todo mundo sabe que eu não curto um abraço que me prenda por mais de 10 segundos. Dormir abraçadinho..., pergunta ao papai, NUNCA! Então, deu pra sacar o quanto eu me adaptei para ser o seu grude? E, olha, juro que com você a coisa é muito mais suportável. Adoro um chamego com o meu pacotinho. Ainda que um respiro ou outro para tomar um banho demorado não fizesse mal... Mas estamos trabalhando nisso. Como falei, você tem dormido bastante na cama, sozinho!

Desde que comecei a estagiar, no segundo período da faculdade, em que eu tinha o quê? 19 anos, que nunca imaginei parar de trabalhar. Fazer o que eu gostava profissionalmente muitas vezes vinha antes até de questões de vida pessoal. Meu sonho de adolescente era ser correspondente internacional em Nova York. A vida toda me imaginei uma pessoa sem rotina, hiper dinâmica, corajosa e meio sem horário pra nada. A coisa tava caminhando bem nessa direção até aparecer seu pai na minha vida e me desmoralizar totalmente fazendo com que eu me tornasse a primeira da turmna a casar. E de grinalda! O véu, eu consegui dispensar... Bom, depois que me tornei a primeira também a ser mamãe, já devia saber que o plano havia ido por água abaixo. O fato é que hoje estou aqui, simples e complexamente MÃE. O maior trabalho da minha vida. E, juro, até agora, o mais gratificante.

Quanto ao controle... bem, esse foi o mais afetado. A sensação é quase como se eu tivesse perdido o total controle sobre tudo. Nunca sei como será a minha próxima hora! Isso ainda é bastante angustiante pra mamãe. Pois sempre fui muito organizada, planejava muito tudo, sabe? Sou daquelas que mantém agenda impecável e ama ticar as tarefas já resolvidas. Faço/fazia listas, botava a mão na massa... Enfim, eu era dona de mim. No momento, desde que você nasceu, mas mais nesses últimos meses, quem toma conta da minha vida é você. Só você. Você vem em primeiro, segundo, terceiro, quarto e por aí vai. Eu estou lá atrás... Dificilmente, hoje em dia, arranjo tempo para fazer algo por mim mesma. Veja bem, não estou me vangloriando disso não. Isso é ruim. Sei bem o quanto eu não posso me esquecer para que tudo flua bem, inclusive, com você. Mas é que o período por que passamos precisou mesmo que eu me dedicasse com todo o amor do mundo apenas a você. E assim foi.

Hoje, estou começando a me reencontrar, a recuperar alguma coisa desse controle perdido. Já consegui arrumar coisas da casa nova, comprar móveis novos e tô organizando papeladas, jogando coisas no lixo, providenciando novos serviços... Enfim, estamos voltando a ter um dia a dia conectado com o mundo lá fora. Saímos um pouco da conchinha. E isso é bom. Muito bom, meu amor. Pra você e, nesse caso exclusivo, principalmente, pra mamãe.

Abaixo, ainda em tempo, uma foto ótima dos aniversariantes de novembro. Pacotinho, Teb e Dê. Primos que nasceram pertinho um do outro. É a cambada de Escorpião. Signo forte que só... beijo da mamãe.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Se Maomé não vai à montanha...

A montanha vai a Maomé. E a montanha, no caso, é a tia Tina, nossa fono show de bola!

Desde que entramos nessa fase punk aí de espasmos, remédios, melhoras e recaídas, tem sido difícil manter nossa rotina de terapias intacta. Como os seus, os nossos, dias têm sido muito irregulares, com você às vezes ótimo e às vezes, nem tanto... volta e meia temos faltado a fisio, a TO e a sessão de fono. É que, apesar de claro eu me preocupar com a interrupção do seu tratamento, não penso duas vezes na hora de te preservar quando eu acho que o dia não está bom pra você. Lembra? Já aprendi que, acima de tudo, há que se respeitar o estado físico e emocional da criança.

Pois então, há tempos que estávamos sem sessões de fono. O horário não estava favorecendo, você cada vez mais gosta menos do estresse do deslocamento e berra no carro, e a mamãe tem estado tão cansada, que optei mesmo por não irmos, com medo do desgaste emocional ser muito prejudicial para nós dois.

Mas... como você é essa coisa encantadora por natureza, esse neném lindão toda vida, simpático e carismático até dizer chega... não é que conseguimos que a tia Tina - que até então, só atendia no consultório ou lá na Perinatal- , viesse nos ajudar aqui em casa?!

Olha, pacotinho, tem sido incrível o esforço coletivo que todos a nossa volta têm feito para te ajudar. Não há um médico, um terapeuta, um amigo da mamãe e do papai que não tenha te adotado de corpo e alma. Mas para ficar só no campo médico, desde a tia Bárbara - que não esqueceremos jamais - até a tia Laís, o tio Jofre, a tia Eliane, a tia Suzane e a tia Tina, cada um tem feito bem mais do que o de praxe no seu caso.

Tia Laís fala conosco quase todo dia, responde a todos os e-mails da mamãe e é uma santa na tarefa de sempre nos acalmar e pedir para que a gente tenha paciência, numa mistura de segurança e carinho com você e conosco. Tio Jofre já nos encaixou no meio das consultas dele umas três ou quatro vezes nesse período, nunca duvidando da preocupação da mamãe e fazendo questão de te examinar ao vivo e a cores. Tia Suzane tá sempre nos emprestando material para usarmos em casa. A tia Eliane... essa tem sido uma espécie de segunda mãe pra mamãe. Sempre calma, nunca cedendo para o pessimismo, como o seu papai, sempre ouvindo a mamãe, sem me encher de perguntas e indicando tudo quanto é reza do bem pra gente, além de ser nossa leitora e divulgadora aqui do blog. E a tia Tina... bem, a tia Tina é mesmo incansável, sempre com uma carta na manga. Quando ela tá testando uma coisa, já tem outra em mente na fila.

Tá aí abaixo, nosso primeiro atendimento em domicílio. Novo domicílio! Nem falei muito, mas já estamos mudados e quase quase ajeitados, faltando uma caixa ou outra pra desfazer e um móvel ou outro pra comprar. Que a gente seja muito feliz aqui na casa nova, meu amor! beijo da mamãe.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

House

Fihote do meu coração, uma notícia boa: você voltou a dormir beeeem melhor. Não sei exatamente a que se deu essa melhora, mas o fato é que você voltou a acordar pouco a noite e a dormir mais horas seguidas durante suas cochiladas diurnas. Hoje, por exemplo, você embarcou 2h e meia à tarde e sozinho na cama! E, neste exato momento, está lá de novo, livre, leve e solto - atenção para o solto! - dormindo profundamente.

Bom, meu assunto hoje é justamente essa falta de certeza do porquê da sua melhora, nesse caso, e, em outras situações, da sua piora.

É que estava pensando hoje, enquanto íamos para a sua fisioterapia - vitória! conseguimos ir após um período de faltas! - que essa nossa história com os espasmos parece um longo episódio de "House". Pra quem não sabe, "House" é uma série de TV sobre um médico que passa cada episódio tentando diagnosticar casos sinistros.

Mamãe adora, pacotinho. Mas, anyway, estamos nessa de 'o que será que desencadeia seus espasmos?' há quase três meses. E nesse tempo todo, várias teorias já apareceram. Desde a primeira de serem devido a uma hipersensibilidade geral, passando por epilepsia frontal, até a suspeita atual de serem consequência de um quadro pré-hipsarrítmico. (Tô com preguiça de explicar... Perdão, mas juro que não é a chave hoje.)

O 'legal' é que mesmo dentro das teorias também existem as milhões de hipóteses. É que como há a questão do seu limiar ser mais baixo do que deveria, qualquer coisa que esteja acontecendo com você pode interferir no desencadeamento de espasmos. Ou não... Mas, tudo leva a crer realmente, que quando algo está te incomodando bastante pode sim gerar crises. Isso, atenção, dependendo também do seu nível de cansaço ou até do momento do dia, tipo manhã, tarde ou noite. Em física, isso é conhecido como variáveis... E suas variáveis já foram desde o dente nascendo, passando pelo tal Exantema Súbito, alergias respitórias, execesso de secreção/salivação junto com dificuldade de deglutição o que te fazia engasgar direto, até uma atual mega, hiper, super, ultra afta debaixo da língua que volta e meia sangra e não estamos conseguindo curar porque você não pára de raspar o machucado nos dentinhos debaixo... Resultado: amanhã estamos de dentista marcado para lixar, raspar, encapar - whatever - seus dentes assassinos.

Tá ou não tá com pinta de "House"? Estou quase invadindo nosso antigo apartamento para descobrir o que te fez melhorar o sono, já que estou correlacionando suas pazes com Morfeu com a nossa mudança.

Enfim, filhote, é isso. Deu pra ver que mamãe está um pouco melhor hoje, né? Mais bem humorada, pelo menos... E se estou um pouco melhor é porque obviamente você passou o dia bem. Não há outra razão, Antonio Pedro, que me deixe feliz ou triste. Para saber como estou, basta olhar como você está. Simples assim.

beijo da sua mamãe, incansável na busca e explicação de seus sintomas e, consequentemente, da sua melhora. love u.

sábado, 13 de novembro de 2010

Espaço

Bom, primeiro de tudo filho, quero agradecer em seu nome e no meu por todos que lembraram carinhosamente do seu aniversário. Foram muitas ligações, mensagens, presentes e visitas. Você é extremamente popular, pacotinho. Fiquei surpresa e feliz!

Brigada também por todos os comentários e e-mails que tenho recebido com palavras de apoio. Leio todinhas e só não respondo uma por uma porque nem sempre conheço a pessoa e tenho um endereço de e-mail válido para responder. Mas agradeço do fundo do coração. Me ajuda muito. De verdade.

E agora, ao recado que o meu coração quer dar hoje: estou precisando de espaço.

Nosso momento ainda está muito delicado, filhote, e a sensação da mamãe é a de que estou me segurando por um fiapinho de nada, prestes a se romper. Como sei, sabemos, que não posso cair de jeito nenhum, meu esforço tem sido somente o de resistir. O de não deixar a corda arrebentar.

E, pra isso, preciso de todas as minhas energias. Ou seja, não sobra nadica de nada para nenhuma outra tarefa. Incluindo, principalmente, a de lidar com a expectativa alheia. Não dá. Não posso. Não consigo. E iria me sugar ainda mais.

Por isso, hoje estou aqui meio que pedindo a compreensão de todo mundo, desde a do seu papai, passando pela da vovó e de todos os nossos outros familiares e amigos, para que tentem entender esse meu momento 'meio out'.

Sei que todos se preocupam e agradeço de coração o carinho, as rezas, os pensamentos positivos. Por favor, continuem! O que estou querendo dizer é apenas para não exigirem muito de mim na parte prática mesmo da coisa. Com perguntas, com ligações excessivas, e-mails, visitas, pedindo notícias...

É que já está tão exaustivo lidar com essa gangorra de 'melhora/ piora' no dia-a-dia que se eu ainda tiver que fazer relatório e falar sobre isso, meu medo é que eu desabe. A cada vez que conto um fracasso, é como se ele montasse em cima de mim, dificultando minha vontade de acreditar que tudo vai ficar bem um dia.

Quero espantar nossos fantasmas, não falar deles.

Juro que vou tentando, a medida do possível, estar sempre dando notícias aqui pelo blog e, claro, falando sempre com os mais chegados. Mas peço para que seja eu a tomar a iniciativa e não eu a ser a 'encurralada'.

É tão cansativo... são tantos detalhes, tantas hipóteses, tantos riscos, tantas mudanças... que nem se eu quisesse, daria conta de manter sempre todo mundo informado.

Mas, acreditem, eu sei que tem muita gente torcendo por nós e isso, por si só, já é uma presença fortíssima aqui em nossas vidas. Mais uma vez, obrigada. A todos.

Acredito, do fundo do coração, que as coisas vão melhorar e que eu poderei voltar a sorrir mais do que sustentar minha atual cara de preocupação permanente, mas até lá, preciso ficar quietinha, na minha conchinha protetora, onde tenho a ilusão de poder proteger meu filhinho de todas as coisas horrorosas que têm nos ameaçado. Essa ilusão é muito poderosa porque é feita de fé e amor, minhas únicas armas no momento. Mas como são armas de mãe, ainda acredito que são capazes de tudo.

Prometo que assim que as coisas acalmarem, tento explicar melhor o que está acontecendo exatamente. Mas basicamente é a mesma luta contra os espasmos. Os remédios não têm sido totalmente eficazes e ele volta e meia tem recaídas, algumas muito fortes e assustadoras. E o problema todo é que, se não conseguirmos controlar essa porcaria, na pior das hipóteses, Antonio Pedro começaria a regredir tanto motora como cognitivamente. Mas isso não vai acontecer. E é pra isso que devemos rezar.

beijo da mamãe, pacotinho. E outro grande pra todos que nos lêem.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

1 aninho

Querido Antonio Pedro,

era uma vez uma menina, chamada Adriana, que sempre achou que teria uma filha. O nome dela seria Alice. Alice viria para trazer muita alegria e seria muito amada. A mamãe Adriana cuidaria dela até os 4 meses e depois voltaria a trabalhar, deixando-a com a babá durante o dia. O papai da Alice seria muito carinhoso, mas continuaria saindo bem cedo e chegando bem tarde do trabalho dele. Os vovôs e as vovós teriam muito orgulho dessa menininha sapeca e a veriam sempre que possível. Alice seria tinhosa, geniosa, muito engraçada. E assim cresceria, feliz e contente ao lado de sua família querida.

pois então, no carnaval de 2009, a Adriana enfim engravidou. Ôpa, a Alice estava a caminho.

até que numa ultra-sonografia, onde nem estava programado para saberem o sexo do bebê, mamãe e papai souberam que Alice ou tinha três perninhas ou se chamaria Antonio Pedro.

e foi desde aí, filhote, que as coisas começaram a dar pistas de que a mamãe nem imaginava o que estava por vir...













se me perguntassem se eu queria que algo tivesse sido diferente neste primeiro ano que passamos juntos, eu diria que sim, muita coisa. Mas se há algo pelo qual agradeço toda noite no fim destes últimos 365 dias, foi ter te conhecido. Eu realmente sou outra pessoa desde que virei mãe. Ou melhor, desde que virei sua mãe. Nem me lembro quem eu era direito antes de você. Não consigo mais conceber minha vida sem seu sorriso.

sempre quis ter filhos, mas nunca imaginei a intensidade envolvida nessa relação. Assim como jamais imaginei que o período mais difícil da minha vida chegaria junto com você. Nunca imaginei que com toda a preparação, fosse possível descobrir que eu não estava preparada.

mas o mais incrível de tudo hoje é ver como me saí bem no improviso, no susto, na adversidade. Não. O mais incrível de tudo hoje é testemunhar como você tem se saído bem na força de vontade, na coragem e na dificuldade.

me surpreendi muito comigo e me surpreendo ainda mais, todos os dias, com você.

demorei muito tempo pra entender o que eu estava fazendo aqui na Terra, Antonio Pedro. Nunca acreditei muito em nada. Sempre senti um certo desconforto em relação à vida. Eu era uma espécie de deslocada de um modo geral.

Hoje, vivo intensamente a cada momento só para te ver crescer. Fiz de você, da nossa luta, a minha missão. E assim você virou a razão da minha existência, o motivo pelo qual tudo vale à pena.

Se estou feliz, é porque você está bem. Se estou triste, é porque estou preocupada com você. Se estou rindo é porque você fez alguma graça. Se estou chorando é porque você não está sorrindo. Se estou comendo, é porque você está dormindo. Se estou dormindo, é porque estou com você. Se estou aflita, é porque estou sem você. E se eu ainda estou de pé, Antonio Pedro, se ainda tenho força, se ainda tenho esperança, se ainda tenho sonhos... é tudo pra e por você.

Feliz aniversário, meu pequenininho. E obrigada, de verdade, por ser o maior presente que a vida já me deu. Mamãe te ama. Muito.


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

De volta ao '1 dia de cada vez'

Oi, meu amor... Tamo que tamo aqui no 'projeto mudança', mas mamãe quis dar uma paradinha para vir aqui falar que hoje estamos em um dia bom!

Apesar de uma moderada irritação e inquietação, devido aos remédios que a tia Laís disse ser normal, no geral, você está muito bem. Dormiu um pouco melhor essa noite; fez exercício à beça com a mamãe de manhã no nosso 'espaço de atividades Antonio Pedro'; tá fazendo quase nada de espasmos; e tá comendo melhor!

E assim estamos, meu querido. De novo, tentando viver um dia de cada vez, sem grandes expectativas, tentando conter a ansiedade. Digo de novo porque foi assim que mamãe e papai encararam o período em que você ficou na UTI. No início, perguntávamos a todo momento por quanto tempo você iria ficar internado. Com o tempo, entendemos que ninguém podia nos dar essa resposta e que, quanto mais pensássemos no assunto, mais ansiosos e nervosos ficaríamos. Foi então que decidimos ouvir o tio Jofre e passar a viver 1 dia de cada vez. Assim, um dia bom era um dia bom e pronto. Se o seguinte não fosse tanto, não tirava o crédito do anterior, entende? Assim, não estávamos sempre tristes e cabisbaixos pelos cantos... Nos demos o direito de curtir o dia bom, sem pensar nos que viriam a seguir.

E é por isso que hoje a mamãe está feliz! Porque hoje você está bem. Mais uma vez, ninguém pode nos dizer quando venceremos essa batalha contra os espasmos, mas dia a dia, passo a passo, uns pra trás outros pra frente, chegaremos lá

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Visita Ilustre

Pacote, mamãe tem sido pouco assídua aqui no seu blog que tanto amamos. Mas juro que tenho meus motivos.

O primeiro é totalmente humano: tenho me sentido exausta. Como se um trem tivesse passado por cima de mim inteirinha. Acho que como as coisas estão dando uma acalmada, agora é que meu corpo achou uma brecha para desarmar. Normalmente é assim que acontece quando passamos por um período de muito estresse. Na hora do 'pega pra capá', seguramos as pontas, depois, as coisas começam a dar sinais de que a tensão foi grande. Ou seja, por um lado quer dizer que estamos saindo de um período ruim, espero eu...

O outro motivo é mais prático: estamos de mudança! Vamos morar do lado da vovó, da bivó e da família Queiroz, padrinhos e primos muito amados da sua mamãe aqui. Enfim, o fato é que estamos com caixas até a cabeça. Miriam, nossa assistente mão na roda que está conosco desde junho - bela indicação da tia Nancy! - tem sido os braços da mamãe, já que você não sai dos meus de verdade... Estamos correndo contra o tempo. A previsão é mudarmos no fim de semana!

Mas, pra não deixar órfãos nossos seguidores, coloco abaixo um vídeo recente e bem bacana de quando o papai resolveu nos acompanhar numa sessão de fisioterapia lá na tia Eliane. Você e ele curtiram à beça jogar bola juntos.

beijo da mamãe!

sábado, 30 de outubro de 2010

Susto de Gente Grande

Filhote, mamãe deu uma de sádica agora com esse título. Devo ter arregalado o olho de um montão de gente aí, que deve ter lido e achado na hora que passamos por mais um perrengue. Mas a hã! Não é isso não. Pegadinha do Malandro...

Pacotinho, não liga não, mas com o tempo você vai ver que a mamãe tem um senso de humor apurado, digamos assim. E que eu não perco a chance de fazer graça quase nunca. E, acredite, se estou aqui tentando ser palhaça, isso é muito bom. E olha que nossos dias continuam não sendo sempre fáceis... Temos vivido dias bons e outros nem tanto. Sim, ainda devido aos malfadados espasmos e nossa luta medicinal para contê-los.

Mas vamos ao que interessa: o tal 'susto de gente grande' a que me refiro é um susto mesmo, no sentido bem prático e físico da palavra. Um susto que você levou com o barulho que a mamãe fez ao acabar de amarrar o tênis e soltar o pé no chão com muita força. O impacto da sola no taco acabou sendo muito grande e você levou um sustão!

Por que a louca da sua mãe botou um ponto de exclamação aí no fim da frase? Porque você 'apenas' piscou os olhinhos e levantou os bracinhos para o alto, no reflexo. Sabe qual seria a chance de acontecer 'só' isso em épocas de espasmos totalmente descontrolados? Nenhuma!

Pacote, o fato de você ter 'segurado' esse susto, sem deixar que ele desencadeasse uma convulsão, seguida de espasmos, é sensacional! Ponto para nós e para o nosso amigo Sabril, caro que puta que paril!

Sinal também de que você está crescendo, filho... e amadurecendo. Cada dia que passa você está mais esperto, mais ligado, mais atento. E isso vai nos ajudar muito, muito, muito. Não só em todas as nossas terapias, como no seu desenvolvimento natural.

Não sei se a mamãe já comentou aqui, mas quando esses ESPASMOS INFANTIS - é esse o nome técnico deles -, apareceram, uma das explicações da tia Laís foi de que isso seria como uma imaturidade do cérebro. É como se o pobre coitado do seu cerebrozinho aí, ainda em formação, tivesse ralando para conseguir crescer e se desenvolver, literalmente, saltando alguns obstáculos.

Imagina um cavalo, meu amor. Quando você estiver lendo isso, já vai saber o que é um cavalo e que existem cavalinhos que pulam obstáculos. Pois bem, imagina que os circutos do seu cérebro bebê, desde que foi aberta a porteira do desenvolvimento, começou aí uma corrida natural, que vamos chamar de amadurecimento. Os cavalinhos ao lado deles só precisam se preocupar em pegar embalo para ir saltando uma a uma as varas que irão aparecendo no percurso. Mas o seu cérebro, justamente na hora em que a porteira abriu, torceu a pata da frente. Diante da dor e do imprevisto, ele ficou meio baqueado. Depois, com os sentidos já recuperados, ele teve que decidir se desestia ali da corrida toda ou se tentava ir mancando mesmo.

Bom, como bem sabemos eu, você e todos os nossos cerca de 80 visitantes diários! (não é incrível o tamanho da sua platéia?), seu cérebro guerreiro escolheu por seguir adiante.

Seguindo com a analogia da imaturidade do seu cérebro X espasmos, é como se a cada obstáculo, ele precisasse fazer um esforço tamanho para conseguir saltar. No início da prova, ele foi esbarrando toda hora nas tais varas. E a cada batida na patinha machucada, a dor gerada irradiava para várias outras partes do corpinho dele, causando uma momentânea desconcentração, como se ele saísse do eixo. Um curto-circuito.

Com o tempo e, sim, também com a ajuda dos remédios, esse machucado da pata está criando uma casquinha protetora. E é graças a essa casquinha que está ali fazendo um trabalho provisório, enquanto o machucado não cicatriza de vez, que você consegue saltar os obstáculos com mais facilidade. Mas... de vez em quando, o esbarrão ainda é muito forte e acaba fazendo com que a casquinha caia, te deixando outra vez desprotegido. Até que ela se forme de novo, você vai sentir um impacto ou outro.

É essa a nossa atual situação. Na maior parte do tempo, você tem passado bem, sem espasmos. Mas, hora ou outra, ou porque temos que mexer na dosagem do seu remédio, ou porque você está mais sensível ou cansado, ou porque um estímulo externo é realmente além da conta, você acaba não conseguindo segurar.

Mamãe já chegou a tentar controlar tudo e todos a nossa volta para que nenhum estímulo sensorial fosse possivelmente forte o bastante para você. É claro que levou pouco tempo até eu entender que isso era não só impossível, como contra-produtivo na tal corrida do amadurecimento. Eu enlouqueceria e você deixaria de crescer com o próprio cérebro.

Por isso, minha posição atual continua a de sua guardiã maior e mais dedicada, mas, acima de tudo, sensata. Como a tia Laís falou na nossa última visita não programada até o consultório dela, para qualquer coisa na vida, vale o bom senso. Pra você, não é diferente. Cabe a mim, mais uma vez, achar um equilíbrio saudável entre o que realmente ainda te é muito prejudicial e o que você já consegue suportar. Prometo que, como sempre até aqui, darei tudo de mim. Até porque, Antonio Pedro, no momento eu vivo para você.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Paradoxo

Oi pacote!

Bem, só para dar uma atualizada nos nossos fiéis seguidores, estamos vindo aí de um período tenso e cansativo que envolveram novas adaptações medicinais, algumas preocupações diagnósticas e a nossa estréia no tão falado mundo das viroses. Aliás, vale registrar aqui que começamos com um vírus que a mamãe nunca tinha ouvido falar. As outras crianças têm catapora, sarampo, rubéola... Você, meu pacotinho complicado, teve Exantema Súbito! É... alguém conhece? Bom, apesar do nome meio assustador, nem é tão hard assim. O problema todo é que ele apareceu em meio à troca de remédios e aí, quando a mamãe viu seu corpo todo pintado, achou na hora que era uma nova reação, desta vez, ao Sabril. Mas, ainda bem, não era. Só que até descobrirmos que o cú não tinha nada a ver com as calças - desculpe o palavreado da mamãe - eu quase morri pela segunda vez na mesma semana. Enfim, não quero me alongar muito porque, se Deus quiser, - é isso mesmo. Enfim, arreguei para Deus - a nuvenzinha preta já saiu de nossas cabeças e estamos entrando novamente em uma maré boa! Desde sexta que você tem se comportado super bem e eles, os espasmos, parecem mesmo estarem sendo domados. Mamãe nem quer falar muito sobre isso pra ver se eles esquecem da gente... Quanto ao Exantema, para quem ficou curioso, não é nada demais. Dá uma febrinha num dia e três dias depois, aparecem as pintinhas pelo corpo que parecem brotoejas. Assim como elas vêm, elas vão. Não se toma remédio nenhum e, fora um dengo ou outro a mais, a criança não fica muito diferente.

Agora, meu assunto em pauta. Na pauta da minha cabeça, para ser mais específica. É que tenho pensado e vivido muito um paradoxo que tem me incomodado um pouco, filho. E ele está relacionado à relação médico/ mãe do paciente.

Vamos lá: desde que entramos no misterioso mundo das lesões neurológicas, o que mais tenho ouvido é que cada caso é um caso. Não existem estatísticas, não se pode falar em prognósticos com certeza e, muitas vezes, nem os diagnósticos são fechados. Ou seja, cada criança e seus determinados problemas e dificuldades são únicos.

Tá. Já me convenci disso. Já aceitei viver um dia de cada vez. Já aprendi a lidar com expectativas. E estou trabalhando muito para tentar ser menos nervosa e impressionável. Mas... tenho andado com uma pulguinha atrás da orelha.

É que, veja bem, se cada caso é um caso, cada detalhezinho desse determinado caso importa, certo? Onde tô querendo chegar? No fato de que nem todos os dados sobre você são considerados por quem te trata. Sendo mais clara: meu paradoxo é que quem mais deveria saber sobre você, filhote, para poder tomar as melhores decisões, relativas ao seu tratamento, é quem menos te acompanha.

Quando nos decidimos pela nossa neuropediatra em questão, o que levamos em consideração na época foram as inúmeras recomendações. E não tenho a menor dúvida de que a Dra. Laís Pires é mesmo fera na área dela. A mulher transpira confiança no que fala. Nunca me senti insegura quanto à capacidade dela, minha insegurança é em relação à possível falta de proximidade. Ou pelo menos, da proximidade que eu, no meu mundo ideal, gostaria que a nossa neuropediatra tivesse com a gente.

É muito possível que eu esteja sendo exagerada, que eu esteja querendo um nível de atenção que além de não necessário, seja impossível. E posso estar até sendo injusta porque a Dra. Laís nunca deixou de me retornar uma ligação, responder um e-mail ou até me ligar quando ela sente que estou entrando em parafuso.... Mas ainda assim é meu coração quem fala. Pode ser também que eu esteja ainda bastante sensibilizada devido ao período pauleira porque passamos neste último mês...

Enfim, é óbvio que não tem como termos uma neuropediatra exclusiva e disponível 24 horas por dia. Mas o que acontece é que muitas vezes sinto que somos mais um numa imensa multidão. E somos mesmo. Exatamente pelo fato dela ser tão boa, sua fama e competência ganharam o Brasil e agora a Dra. Laís só tem agenda para sei lá daqui a quantos meses, no caso de pacientes novos. Os 'velhos' marcam já na saída da última consulta, para um intervalo de mais ou menos três meses pra frente.

E aí, o que acontece conosco durante esses três meses, precisa ser relatado pela mamãe aqui, quando eu achar que há necessidade, por telefone ou e-mail. E é esse 'quando eu achar que há necessidade' que me deixa angustiada. Quem sou eu para julgar se um detalhe 'x' é ou não é suficientemente importante para chegarmos a ligar para a Dra. Laís? Claro que tem horas em que o bicho pega e a mamãe nem pensa duas vezes, como já contei aqui algumas vezes. Mas e se tiverem coisas que eu estou deixando passar...

Fora o problema do 'telefone sem fio': eu vou ver uma coisa, interpretar essa coisa e repassar essa coisa pra ela. Quem garante que a coisa vai ser entendida mesmo como a coisa que é?! Ai, ai...

Mamãe tem andado um pouco dramática, não é pacotinho? Desculpa. Mas é que eu queria mesmo ser perita em neurologia para poder não deixar passar nada que acontece com você. Ou então roubar a tia Laís pra gente e deixá-la de plantão aqui em casa...

Mentira. Mamãe nunca seria assim tão egoísta. Eu sei o quanto a tia Laís também é importante para os outros pequerruchos estragadinhos que nem você. Estou só mesmo passando por uma fase de insegurança. Mais ou menos como quando você ainda estava na UTI, ligado a aparelhos que monitoravam batimento cardíaco e oxigenação. Eu não tirava o olho dos monitores, controlando os números que apareciam lá. Quando o treco apitava eu ficava gelada e corria para um dos médicos. Naquela época eu não conseguia conceber a possibilidade de levar você pra casa, sem aquelas máquinas à tira-colo. Achava que eu ia enlouquecer se não soubesse há quantas andava seu coração e o oxigênio no seu corpinho...

Mas eu consegui, não é mesmo?! Ou melhor, nós conseguimos. Você foi melhorando tanto que acabou naturalmente convencendo a mamãe de que eu podia respirar aliviada para irmos pra casa felizes e contentes. É isso o que espero de novo. Que você melhore tanto dessa fase de controle de convulsões e adaptação a remédios, que eu consiga voltar a passar três meses sem nem pensar na tia Laís.

E aí, topa? Mamãe tá de dedo cruzado. Beijo grande nessa bochecha gorducha.




sábado, 23 de outubro de 2010

Eu sei pelo que você está passando...

Não. Ninguém sabe. Ou, pelo menos, a maioria não. Mas a intenção da mamãe, filhote, nem é se fazer de pobre coitada. O que me inspirou hoje para escrever aqui, pacote, foi uma cena de um seriado de TV. Pra quem ficou curioso, um episódio de "Private Practice".

A situação era a seguinte: a mãe de um menino autista, já com seus doze anos, estava esgotada porque nenhum medicamento ou terapia estava funcionando com o filho dela e o menino vinha se tornando cada vez mais agitado e agressivo. No desespero, ela deu maconha pra ele, que acabou ficando mais calmo. Mas, quando o médico descobriu, a repreendeu duramente e entre outras coisas ditas no diálogo tenso dos dois, ele soltou a frase: "Eu sei pelo que você está passando". E, claro, a resposta dela, que veio lá de dentro da alma, foi: "Não diga isso. E, não, você não sabe. Ninguém sabe".

Bom, que eu me lembre, ainda não passei por uma situação em que alguém tenha me dito que sabe pelo que estou passando. Que, diga-se, não chega nem perto do que o retratado no tal episódio. Mas imagino que muita gente ache que sabe. Principalmente os médicos ou terapeutas que nos acompanham. Menos por arrogância e mais pela intimidade com o universo.

Enfim, o fato é que, mesmo não tendo vivido a experiência real, me identifiquei no ato com a pobre mãe mostrada na TV. É que não foram raras as situações em que senti que, por mais que aquela pessoa estivesse nos ajudando conscientemente, faltava ali alguma espécie de vivência para certas afirmações. Por muitas vezes, aliás, cheguei a me questionar sobre se eu estava sendo uma mãe superprotetora ou exageradamente cautelosa. Demorou até eu ter a devida segurança de que, apesar de não ter o conhecimento técnico, só eu tenho o conhecimento prático e emocional. Como alguém que não fez faculdade, mas que sabe melhor do que ninguém cuidar do seu negócio. No meu caso, meu negócio é você, filho.

A comparação é estranha, mas é como se eu fosse dona de uma loja ou restaurante que, ao se deparar, com um gerente que fez MBA de gestão, me sentisse ameaçada pelo canudo do rapaz, até acabar ensinando a ele como levar o negócio no dia a dia. Mas isso não quer dizer que as fórmulas e estratégias aprendidas por ele na teoria não possam ajudar, se bem aplicadas ou monitoradas. Provavelmente, eu e ele juntos vamos fazer a coisa prosprerar.

E é exatamente assim, filho, que me sinto em relação ao rol de gente que nos cerca. Eles não sabem o que eu sei, mas eu também não sei o que eles sabem. O que faz de todos nós juntos, um time. Com o mesmo objetivo.

Segue a nossa escalação atual:

técnica - Laís Pires, nossa neuropediatra. Segundo incontáveis fontes, uma das melhores do Brasil.

auxiliar técnico - Jofre Cabral, nosso amado pediatra e chefe da UTI da Perinatal. Grande tio Jofre...

preparadoras físicas - Eliane Varella, fisioterapeuta, e Suzane Eidintas, terapeuta ocupacional, feras em Integração Sensorial.












cuidando da sua alimentação, Tina Poyart,
nossa fono pau pra toda obra.











Apitando o jogo, euzinha aqui, sua mamãe nota 1000! com a ajuda imprescindível de bandeirinhas aplicados chefiados pelo papai. Como suas vovós, seus vovôs, seus dindos e os incontáveis amigos de fé e irmãos camaradas.

E, finalmente... Em campo, mostrando raça, coragem e coração: Antonio Pedro Maia Matos, MEU FILHO, assim mesmo em letra maiúscula.