Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Natural

O tempo passa... o tempo voa... e a gente ainda está aqui cuidando do seu - e do meu - resfriado, perereco.



O problema é que como agora estamos 'com tempo', mamãe e papai acabam fazendo 'a besteira' de pensar. Besteira nesse caso porque não há mais o que ser pensado à respeito de fazer ou não fazer a sua cirurgia. Tentamos de tudo, fomos a médicos diferentes, discutimos o assunto entre nós e com profissionais, repetidas vezes... Não temos dúvidas quanto à realização. Mas o problema é que estamos aqui sofrendo por antecedência por causa desse intervalo ocioso, imaginando como vai ser depois da cirurgia.

Ontem mesmo, fiquei horas à noite na internet, navegando por blogs, sites, vendo fotos, lendo artigos... e tem sempre algo que ainda não sabíamos e que pode vir a ser assustador no futuro. Sei que não é muito bom fazer isso, eu mesma já falei sobre como o 'google' pode ser nocivo em algumas ocasiões, mas também não posso deixar de buscar informações, de procurar conselhos e ler experiências de quem já passou ou está passando por uma situação parecida. Minha impressão e, pelo que vi de muitas outras mães também, é a de que médicos e cirurgiões no fundo não sabem ao certo do perrengue que pode ser o pós-operatório porque por mais que eles tenham o know-how e a técnica, não têm a vivência. Só quem vive na pele a experiência de cuidar de uma criança pequena recém-operada é que pode mesmo falar sobre o que pode dar errado e, melhor, dar dicas de como tentar evitar isso. Por isso, leio mesmo. Tudo o que posso e tô já cheia de anotações e sugestões do que fazer em possíveis intercorrências. Espero que isso nos ajude um pouco.

Mas existem outros medos que fogem um pouco de questões práticas. E que só vamos descobrir depois. Tenho bastante receio, por exemplo, de você passar a não aceitar mais seu leitinho no copinho que você vem bebendo tão bem nos últimos tempos. Sei que ele por si só não é suficiente para a sua nutrição completa, mas ficaria muito triste se você perdesse esse hábito. Sei lá, não sei se a sensação de comer, após a cirurgia, se tornará uma coisa estranha, se você ficará empanzinado com a dieta que será ministrada pela gastro... Enfim, você tem tantas questões sensoriais, sua sensibilidade é tão à flor da pele, que tenho medo do que uma mudança interna aí no seu aparelho digestivo possa fazer....

Outra coisa que não sai da nossa cabeça é o lance de mexer no seu corpinho tão perfeito. Fico te olhando depois do banho, com a barriga tão branquinha, tão lisinha... morro de dó de pensar que daqui a pouco terá ali um corpo estranho com bordas avermehadas e, no futuro, uma cicatriz. Sei que tudo isso é besteira perto do que a desnutrição pode estar causando ao seu desenvolvimento global, mas é impossível não ficar um pouco tristinha por pensar que meu filhote lindo vai ganhar um troço feio na barriga.

Bom, passadas essas lamentações normais, mas que não vão nos levar a lugar nenhum, a gente sempre acaba chegando à conclusão que é isso aí mesmo e que estamos prontos pra luta. Ainda que assustados por não sabermos muito bem o que nos espera.

Sabe quando eu realmente fiquei 'tranquila' quanto à decisão de fazer a cirurgia? Quando o último médico que nós fomos, o Dr. Cesar Junqueira - gastro -, me falou no telefone, da última vez que liguei para contar que você havia parado de comer de novo, que agora não tínhamos mais o que esperar mesmo, a gastrostomia era a solução. É que quando fomos lá a primeira vez, eu e papai fomos logo falando: 'não somos contra a gastrostomia, mas...' e ele nos interrompeu e disse: 'mas eu sou'. Após uns segundos de silêncio, ele se explicou e falou que era contra a gastrostomia, sem antes tentarmos de tudo para que a coisa continue acontecendo da maneira natural. Ah... nós também, claro! E assim tentamos de tudo. Por isso, se ele chegou à conclusão que é o jeito, me sinto mais segura também de achar a mesma coisa. Uma decisão com respaldo de um médico que não chegou querendo te cortar. Pelo contrário, que nos incentivou a tentar milagres...

Mas a palavra-chave de todas as nossas angústias é essa: natural. Acho que o que mais incomoda qualquer pai e mãe nessa situação é isso: ir contra a natureza. Criar um mecanismo estranho e 'feio' para alimentar seu filho. Alimentar. Algo tão básico, tão natural...

Só que, pra nós aqui, o natural não estava nos levando a lugar nenhum, perereco. Então, que venha o artificial. Não será a primeira vez que vamos recorrer à ciência para te ajudar. Então, que deixemos o chororô pra lá e temos mais é que agradecer à medicina por criar alternativas como essa.

Certo, biscoito? Como a mamãe falou, só estamos dando espaço para essas crises porque estamos aqui meio ilhados e entediados. Sem poder sair pra você não piorar e esperando os dias passarem. Aí, já viu, né? Ambiente perfeito para criar abobrinhas. Quero ver quando estivermos aqui, tendo que colocar a mão na massa, com sonda, curativos, tendo que te divertir, te distrair... se vai sobrar tempo para lamúrias... vamos é querer cair na cama, quando der. E quando a gente menos esperar, a tempestade passa e vamos voltar a uma rotina mais equilibrada. Ah, sim: e felizes da vida porque você vai estar pesando 11kg!!!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Pombinho

Oi peteteco,

bom, mamãe nem tinha muita coisa para escrever hoje. Mas aí, recebi um e-mail da tia Renata, a tia do medek, pedindo para que eu escrevesse algumas impressões nossas em relação ao método, nossas sessões já feitas e tal... Para ela colocar no site dela e, assim, outros papais e mamães ficam sabendo um pouco mais sobre essa terapia que, pelo menos pra gente aqui, foi o maior achado até agora. Decidi deixar você falar:

Meu nome é Antonio Pedro, tenho quase dois anos e, quando eu nasci, sofri uma severa asfixia. Severa. Eu nem sei o que significa essa palavra direito, mas sei que por causa dela, minha mãe e meu pai passaram os dias mais angustiantes da vida deles, enquanto eu fiquei internado por quase um mês na UTI do hospital.

No início, ninguém sabia muito bem o que estava acontecendo e nem o que ia acontecer comigo. Mas o dia da minha alta foi um baita alívio pra minha família. Pelo menos por um tempo. É que conforme eu fui crescendo, as sequelas do que aconteceu comigo foram surgindo. Lembro bem. Começou com os meus 3 meses, quando minha mãe notou que eu não mexia as minhas mãozinhas como os bebês da minha idade. E foi nessa época que eu, minha mãe e meu pai entramos juntos para o mundo da reabilitação.

Começamos devagar. Com indicações médicas, mas ainda sem ter muita noção do que a fisioterapia poderia fazer por mim e nem do que exatamente eu precisaria recuperar.

Mas aí, quanto mais o tempo passava, mas minha mãe foi percebendo que o nosso buraco era mais embaixo. Das mãozinhas, eu passei a ter dificuldades com os braços, o pescoço, a boca, o tronco. Minha maior deficiência está nele, na base que estrutura o nosso corpo. Meu tronco não ficou durinho como o da maioria das crianças. E por isso, não consigo virar, sentar, brincar, levantar, andar... Não consigo fazer nada sozinho. Mas, oh, eu estou sempre tentando. Nunca desisto de ir um pouquinho mais longe. Mas agradeço por ter sempre alguém me ajudando por perto. Só que nunca deixo de sonhar com o dia em que eu vou fazer as coisas por mim mesmo. Nem minha mãe. Essa não cansa nunca.

E foi assim que a gente descobriu o Medek.
Vocês não conhecem a minha mãe, mas quando ela cisma com alguma coisa, não para nunca de fuçar. Da minha fisioterapia de bebê, ela caçou uma outra técnica que usava balanço e movimento que deu bastante resultado; depois, foi atrás de mais recursos, em um lugar maior e que usava mais apetrechos e equipamentos; e junto com isso, esteve e está sempre de olho no que há de disponível no mundo para me ajudar. Sim. No mundo. Porque minha mãe e meu pai estariam dispostos a me levar até o Japão se lá tivesse algo para auxiliar na minha recuperação. Mas, por enquanto, a gente tem se dado bem aqui por perto. O máximo que fomos até agora foi a São Paulo. Para as sessões de Medek com a tia Renata.

E, eu preciso falar, foi um divisor de águas em nossas vidas. Um sopro de esperança num momento em que estávamos bem estagnados. Porque essa é talvez a parte mais difícil da reabilitação. Aprender a ter paciência e a enxergar o tempo de outra maneira. Eu nem fico assim tão ansioso porque a coisa ainda não é muito consciente pra mim, mas sinto que meus pais às vezes ficam bem caidinhos, com dúvidas em relação ao meu futuro.

Por isso que o medek foi tão importante pra gente. Foi a primeira vez que vimos resultados mais rápidos, que vimos a coisa acontecer ali, na hora. E sabem com quem? Com meu tronco! Meu tronco nunca reagiu da maneira como se comporta no medek em nenhum outro método de fisioterapia.


Os exercícios, a base do método e, sim!, a mão da tia Renata fizeram verdadeiros milagres com meu tronco molenga. Minha mãe notou, meu pai notou, minhas terapeutas regulares notaram, minha neuropediatra ficou encantada...

Vestimos tanto a camisa que meu pai fez questão de aprender os principais exercícios indicados pra mim para que a gente pudesse continuar treinando em casa, aqui no Rio de janeiro, fora dos períodos de intensivo. E assim fazemos até hoje. Até elegemos um preferido e demos um nome a ele: pombinho. Pela foto, vocês vão saber porque. Posso estar enjuriado com o que for, mas quando meu pai me pega pra fazer um pombinho, minha alegria se manifesta automaticamente através de um sorriso enorme. Com esse sorriso, eu estou dizendo ao meu pai, a minha mãe e, principalmente, a tia Renata: obrigado. Obrigado por me mostrar que eu tenho um tronco.


Com você, tia Renata, eu aprendi que eu posso muito mais que andar. Eu sou um pombinho. Eu posso voar.















Até o nosso próximo encontro. Você sabe que não estou no melhor da minha forma física no momento, mas não vejo a hora de me recuperar logo da cirurgia e desse período de fraqueza nutricional para a gente poder botar pra quebrar!

um beijo do Antonio Pedro.



escrito pela minha mãe, Adriana Maia, mas supervisionado por mim. Eu juro. Assino embaixo.

(tirado do blog www.queridoap.blogspot.com)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Enquanto a gastro não vem...

Filho, no meio da nossa roda viva das últimas semanas, mamãe acabou não deixando registrado aqui uma coisa muito importante que fizemos com você: sua primeira ida ao teatrinho!



Sim. Num fim de semana em que eu e seu pai estávamos querendo dar uma espairecida no estresse que estava sendo o nosso `come não come` diário, decidimos fazer algo diferente com você.

Confesso que eu estava bem apreensiva. Além de achar que talvez você ainda fosse muito pequenininho, todos nós estávamos bem cansados da nossa novela toda...

Mas nos surpreendemos com você, perereco! Pra variar, né, pitoco.

O fato é que você se comportou super bem. Ficou quietinho, prestando atenção em tudo, levando uns sustos de vez em quando, tadinho..., mas foi nota 10!

A peça nem era a mais adequada. Era mais indicada para crianças maiores porque tinha muita participação, improviso e tal, mas mesmo assim, você curtiu as musiquinhas, as roupas engraçadas, as outras crianças todas no recinto... Adorou a bagunça e nem quando ficava tudo escuro, você chorava. Só apertava mais forte a mão do papai ou da mamãe.

Enfim, mais uma ocasião em que você merece parabéns, filhote.

E a mamãe não podia deixar de contar.

Beijo!



terça-feira, 27 de setembro de 2011

Banho Maria

Dando notícias do meu perereco,

só hoje que você passou o dia melhor, filho. O resfriado foi brabo mesmo. Ainda bem que a gente não operou. Eu sei lá se você já estava com o vírus antes... vai que a gente opera e você pega uma infecção ou algo do gênero por baixa imunidade? Enfim, há males mesmo que vêm para o bem e a gente tem é que continuar tendo paciência, aquela que a mamãe sempre fala, para fazer as coisas com você na hora certa.

agora, eu é que estou resfriada também, acredita? acabei pegando de você. também, a gente não se desgruda, né, filhote? te agarrei tanto e te dei tantos beijinhos que arriei desde a noite passada. Mas não tô nem aí. Fiquei tão feliz hoje por você ter acordado melhor, que nem dei bola para o meu mal estar. isso é ser mãe. a gente realmente não se importa mais com a gente como antes. se o filho estiver bem, tá tudo certo.

bom, e assim estamos. Em banho maria. A espera da sua recuperação total. Falando em banho, você nunca tomou tanto banhoco como nesses últimos dias. seja pra acalmar ou pra baixar a febre. foi um festival de chuveiradas. mas é tão bonitinho ver como você adora que vale à pena. tem que ver a sua carinha toda serelepe dando passinhos para o box, onde a mamãe ou o papai te esperam. vou tentar filmar. é realmente fofo. ainda mais quando você ainda está com o rostinho cheio de lágrimas por conta de alguma reclamação. Fica uma coisa misturada de chorando e rindo ao mesmo tempo que dá vontade de te amassar.

ainda não temos novidades quanto à nova data da cirurgia. mas estamos mais calmos. todos nós.

beijoca.

















sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Senso de Humor

Gente, brigada de verdade por todas as mensagens de solidariedade. Eu sei que tem muita gente que torce, que sofre, que, enfim, tá junto com a gente. Não menosprezo nenhuma palavrinha de ninguém. Leio tudo o que me mandam. Só não tô no melhor dos momentos pra responder uma por uma com o carinho que merecem. Então, quis fazer aqui um agradecimento geral.

Tô num daqueles momentos mais quietinha, de recarga mesmo de energia. Por isso, não tô falando muito com ninguém. Nem atendendo telefone. Tô cansada de falar do mesmo assunto sempre, mas realmente não há mais nada na minha cabeça. Então, pra não ser chata e, principalmente, não me sentir chata, tenho evitado a 'vida externa'. Tô na minha aqui, cuidando do meu pequeno, rezando para ele tomar um pouquinho de leite, água ou mingau que seja e respirando fundo para levar mais um dia.

A única pessoa que eu realmente tenho aceitado e necessito, na verdade, é meu maridão. Sem ele, eu não sei se conseguiria 'levantar'. Digo pra ele sempre, mas não custa deixar registrado que ele, além de ser um pai nota 1000, está conseguindo aguentar a nossa barra de uma maneira fenomenal. Não sei mesmo como ele consegue. O homem não se deixa derrubar. Não sei se por mim ou porque ele tem uma baita força mesmo. Ou se por você, Antonio. Acho que é por você.

Agora mesmo, eu tava bem caidinha e falei pra ele bem cansada:

- Será que a gente vai conseguir um dia viver tranquilos, sem tanta preocupação?

E ele, me olhando com a cara de 'me chamando de tonta' dele, fala:

- Não, Adriana. Vamos viver uma vida de sofrimento eterno.

Esse é seu pai, filhote. Uma fortaleza, que não perde a fé, não perde o senso de humor, não deixa a peteca cair. Tomara que você saia a ele. Boa noite.

Ainda não será dessa Vez...

Filho, na verdade é mais para o povo que nos acompanha,

ainda não será a hora de fazermos a cirurgia. Você pegou um resfriado brabo e por conta da febre alta e da baixa da imunidade, não vai poder operar amanhã. Mamãe ficou arrasada na hora em que o médico disse que teríamos que voltar pra casa e voltar só daqui a uns dez dias... mas, isso foi ontem.

Hoje acordei um pouco melhor. Sei lá. Já aprendi que não adianta muito ficar chorando e se perguntando por que as coisas acontecem. Não vou mentir pra você. Estou muito cansada, exausta com essa história toda que já dura mais de dois meses, fraca. Mas a gente vai dar um jeito. Agora, preciso me concentrar em cuidar do seu resfriado que tá bem forte. E como você tá fraquinho e não come bem, pode demorar a passar. Mas graças a Deus te examinaram ontem, antes de irmos, e parece ser só secreção alta. Seu pulmão tá limpinho.

É isso, gente. Não tenho mais muito o que dizer. Não estou revoltada com o mundo, mas também ainda não consegui achar a Poliana que existe em todos nós. Sei que muito provavelmente me dirão que vai ver não era a hora e vai ver, não era mesmo. Mas tá difícil de levar um dia após o outro. A barriga tá crescendo, eu tô cada vez mais cansada e essa preocupação sem fim que não passa por ele não comer está me consumindo. Às vezes, eu acho que não vou mais aguentar. Mas aí, eu lembro que eu não tenho essa opção. E continuo em frente.

obrigada a todos pelas mensagens, apoio, etc.

beijo da mamãe, filho. Melhora logo.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ufa...

Oi Pitoquinho...

Mamãe está escrevendo diretamente do hospital. Estamos instalados já. Mas, olha... que sufoco! Não foi fácil até chegarmos ao quarto ontem e nosso dia hoje também está bastante agitado.

É tudo muito demorado, muito confuso... parece que o fato de você ser uma criança não conta muito e deu estar grávida, menos ainda... Chegamos ao Copa D'or ontem às 17h, exatamente como nos foi mandado. Aí, até foi rápido para sermos atendidos na emergência. Mas foi só. Depois vivemos momentos bem chatos de estresse na enfermaria até conseguirmos a liberação da internação para subirmos pro quarto. Tiveram que tirar seu sangue de novo e foi aquela luta...; e depois vimos um entra e sai danado de crianças dodóis. Sei que só subimos às 20h! Não sei se por burocracia do hospital ou demora de autorização do plano, mas o fato é que tomamos um chá de cadeira. E nessa brincadeira, você não conseguiu dormir por causa da barulheira. Conclusão: tava exausto e muito, muito, muito irritado. Mas aí, o seu super papai resolveu entrar no chuveiro com você e lá vocês ficaram quase meia hora. Impressionante como você ama tomar banho, Antonio. Aliás, adora água de um modo geral. Saiu calminho, calminho, tomou seu leitinho e apagou! Até de manhã! Grande papai. Olha aí, as fotos pós-banho que ele tirou:
















Certo. Mas aí, veio o hoje. De manhã, tava tudo indo bem. Você tomou leite e até comeu um pouco do creme de ameixa que te trouxeram com a sua remediarada toda. Depois, apareceram suas duas vovós! Brincamos, vimos televisão, até... a notícia de que o médico tinha pedido pra te colocarem uma sonda no nariz para te alimentar melhor por ali.

E é isso o que a mamãe mais quer deixar registrado aqui para de repente ajudar no futuro alguma mãe amiga. Não deu certo. Não funciona e não vale à pena. Pelo pouco tempo que falta até a cirurgia, pelo estresse gerado e, principalmente, pelo incômodo que aumenta muito a sua já presente irritabilidade. Enfim, foi um filminho de terror que vivemos agora à tarde, mas serviu de lição. Desde o início, mamãe já achava que não seria boa ideia e seu papai, do telefone também foi categórico dizendo que seria burrice. Mas... resolvi que precisávamos tentar, antes deu tomar alguma atitude. Primeiro, levamos um susto com a grossura do troço que teria que passar no seu narizinho. Aí, pergunta daqui, pergunta dali, tinha que ser esse mesmo. Na hora de colocar, você reclamou e tal, mas até que foi rápido. Pior foi depois. O tempo foi passando e você não parava de reclamar, de chorar e tome de secreção... O auge foi quando você começou a fazer ânsia de vômito sem parar e a se engasgar com a saliva em excesso. Bom, dei um basta, liguei para o médico e falei que não tava rolando. Ele até que foi bem eficiente, acreditou em mim e rapidamente ligou para a plantonista para mandar tirarem a sonda. Como é bom quando os médicos não duvidam da gente... Ganhou pontos o Dr. Nicanor.

Quando tiraram, tadinho..., o negócio já estava lá em cima, quase saindo, tamanha a força que você já tava fazendo sozinho para expulsar...

E assim estamos. De volta a nossa dieta particular de leitinhos de tempos em tempos e um pouquinho de papinha pra enganar. Acho que se viemos assim até aqui, mais dois dias não vão fazer tanta diferença. Melhor passarmos esses dois dias tranquilos do que incomodados, né, filhote?

É isso. Perdoa a mamãe por não ter intercedido desde o começo, mas eu quis tentar ver se você se adaptava e de repente ficava mais nutrido e forte para a cirurgia. Prometo que sempre farei o que eu achar melhor pra você no momento, mas que também nunca exitarei em mudar rapidamente de ideia quando eu perceber que não funcionou.

Beijo, perereco. Contagem regressiva, hein!

Só queria terminar dizendo que você nunca perde o seu sorriso. Mesmo depois de gritar, espernear... você encontra ânimo para rir. Incrível.

Com sonda ainda:


Sem sonda!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O DIA Da cirurgia

Tam, tam, tam... Tam, tam, tam... Tam, tam, tam! Peteteco, finalmente marcamos o dia da sua cirurgia! Quem diria que euzinha, sua mamãe aqui iria dar essa informação com tamanha empolgação?! Pois é, pra você ver como o negócio tá sinistro... Estou infinitamente mais aliviada de já ter data do que continuar passando por dias em que você come menos que um passarinho...

Olha, talvez por essa razão, pelo fato de estarmos tão seguros agora quanto à decisão de fazer a gastro, acho que tudo pelo que passamos foi válido. A espera, a demora, o adiamento... Vejo agora como um longo e necessário processo de amadurecimento para todos nós. Como diz seu papai, nada é sem motivo, muito menos quando se refere à você. Pra ele, tem muita gente, ou seja lá como podemos chamar, olhando e cuidando do nosso perereco de outras esferas. Então, que assim seja. Que venha logo o sábado, 24 de setembro, às 8h da manhã, isso é o próximo sábado. Anotem aí. Para quem quiser fazer uma visita, o hospital será o Copa D`or.

Tudo foi decidido hoje, na consulta com nosso novo cirurgião. O conhecido Dr. Nicanor. (Aeh, Lorena, acabamos no seu antigo companheiro de sala cirúrgica). Era pra ser. E estamos satisfeitos com o fim de nossa busca. Gostamos muito dele, filhotinho. Nos passou muita segurança e foi tremendamente ágil no processo de marcação e coisas burocráticas. Quanto ao método que será feito, ele disse que vai ter que decidir na hora. Porque como você é muito pequenininho e magrinho, a laparoscopia pode não ser melhor que o método original. Mas, quer saber, a mamãe não está nem mais ligando pra isso. O que me interessa é que eu confiei no médico e agora quero mais é que a gente faça isso logo.

Como eu já tinha dito, para a coisa poder ser mais rápida, a gente vai precisar te internar antes pela emergência. E isso deve ocorrer amanhã ou depois. Sim! Já. E eu estou achando ótimo porque aí você já entra no soro e já começa a receber uma alimentação mais forte. Você tá fraquinho e isso não é bom nem para fazer a cirurgia. Por isso, é importante que a gente dê uma fortalecida em você até lá.

Bom, é isso. Mamãe está segura, aliviada e pronta para ficar grudada em você pelos próximos 10 dias mais ou menos em que vamos permanecer no hospital. É que depois do procedimento são mais de 5 a 7 dias de observacão. Ok, sem problemas. O que importa é que a gente faça tudo direitinho e saia de lá bem orientado e fora de risco de complicações mais sérias. Está aí um momento em que não devemos apressar as coisas.

Povo amigo, não precisa ficar melindrado. Se quiser ver o cenourinha ainda no hospital, serão bem-vindos. Só dêem uma ligada antes... Mas se não se sentirem confortáveis ainda, pela sonda na barriga ou por qualquer outro motivo bobo ou não, não há o menor problema. Umas três semanas depois, ele já irá trocar a sonda pelo botton e aí fica tudo bem mais prático e visualmente mais tranquilo. Estaremos prontos para outra e liberados para passeios ou para receber visitas em casa.

Vou tentar postar notícias aqui, diretamente do hospital, mas não prometo. Então, se eu não voltar, por favor: o momento é para torcer, rezar, pensar positivo e ficar feliz por nós, por mais essa etapa. Que já já estará vencida!

Abaixo, nosso último passeio pré-operatório, um café da manhã no Forte de Copacabana, na companhia de amigos queridos, que estão sempre ao nosso lado. Beijo da mamãe, peteteco!


Tia Thalita já tinha ido embora e não saiu na foto, mas tava lá!
































Que Deus te abençoe...

sábado, 17 de setembro de 2011

Durango Kid no Olho da Rua

Oi filhotinho,

mamãe veio aqui hoje pra falar de coisa boa! Nada a ver com nosso assunto mais do que surrado, vulgo gastrostomia. Vim falar de superacão. Mais uma facanha sua.

Pois é, você acredita que mesmo diante dessas condicões hiper adversas, você conseguiu subir um degrau importante em relacão à sua recuperacão motora!?

A coisa comecou no fim de semana passado, quando após um soninho generoso de umas quatro horas seguidas à tarde, lá na casa da sua outra vovó, você acordou todo serelepe e animado. Não lembro exatamente porque, mas mamãe decidiu te colocar na cadeirinha de comer do seu primo Arthur e aí ficamos todos abismados em como você estava forte, mais durinho e se virando muito bem lá sozinho. Estava sem cinto e mesmo assim deu conta do seu tronco de forma bem melhor. Conseguiu brincar sozinho com os brinquedinhos da primica Maria Antonia que estavam em cima da bandeja e só dava umas descansadas na cabeca de vez em quando, mas depois você mesmo a levantava.

Ficamos muito felizes, mas achando que foi algo de momento, porque você tinha acordado bem disposto e descansado. Mas aí... Os dias da semana foram passando e mesmo sem comer direito, continuamos achando que algo estava mais estruturado ali no seu tronco mamulengo. Junto com isso também notamos uma disposicão e uma animacão acima do normal. E ainda: você estava dia a dia cada vez mais `falante`. Cheio de sons novos e `falando` com uma frequência bem maior. Tentando se comunicar muito mais com a gente. Foi notório. Foi não. Está sendo.

Bom, outra coisa que eu reparei é que você parece estar mais `inteligente`, digamos assim. Coisas como identificar mais rápido quando perguntamos cadê o papai ou a mamãe; rir de coisas ou brincadeiras específicas sempre em determinado momento, mostrando que você sabe quando chega a hora que você gosta; e o mais evidente: toda vez que perguntamos `quem está chegando, Antonio?`, você imediatamente olha para a porta da rua. Filho, você não imagina como a mamãe fica feliz e orgulhosa dessas suas conquistas...

Mas voltando ao nosso tronco... o que houve é que ele se manteve mais durinho mesmo. Desde que notamos pela primeira vez, ele nunca mais voltou a ser a geléia geral de antes. Dá para sentir de te pegar no colo. Incrível.

E ontem, não fomos só nós a constatar. Tia Suzane, nossa grande tia Suzane, também assina embaixo da mudanca. E se a tia Suzane diz, a gente acredita! Sério, perereco, ela notou mesmo, como a gente, que você ganhou eixo, estrutura, um pouco de firmeza. E ainda falou que o fato de você estar tagarelando mais só comprova isso. Precisamos do tronco para falar, sabia? Um tronco firme, regula a respiracão e dá o suporte necessário para conseguirmos emitir sons, que nada mais é do que coordenacão entre som e respiracão.

Pois bem, tá falado. Antonio Pedro, fraquinho, sem ingerir nem a metade da energia calórica de que precisa, conseguiu evoluir no ponto em que é mais fraco. Esse menino é ou não é sensacional? Sei não... mas eu fico achando aqui que esse meu filho sabe das coisas e guardou esse momento maravilhoso exatamente para essa época em que precisamos mais do que nunca de ânimo e gás para enfrentar o que nos aguarda num futuro próximo... Eu só tenho a agradecer por ter sido escolhida por ele. Muitas vezes tenho a sensacão de que é ele quem cuida de mim...

É isso aí, pitoquinho. Vambora! Se essa eficiência toda acontece de tanque vazio, imagina só quando ele estiver cheio?! Isso é que é mostrar potencial!

Pra fechar, um vídeo fresquinho, o primeiro diretamente do novo I-phone da mamãe, que emocionou a todos que passavam a pé pela rua Jardim Botânico, ali pela altura do Parque Lage, na calcada da esquerda. Reflexo direto de um tronco mais firme, da ajuda sempre essencial das nossas faixas azuis e da dedicacão incansável da tia Suzane, que fica sem coluna, mas não perde a oportunidade...


juro que eu tentei `deitar` o negócio... ainda estou me acostumando às novas tecnologias...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Ela Merece

Peteteco, nossa novela ainda não terminou mas está caminhando. O que acontece é que o cirurgião que iria fazer o procedimento em você foi trabalhar na Bahia! E o segundo nome na lista do tio Jofre, também foi pra lá! Vê se pode... Bem, após informar que o nordeste estará muito bem servido de cirurgiões pediatricos nos próximos meses, mamãe quer te deixar tranquilo quanto ao nosso futuro. Já conseguimos outro nome para assumir e parece que será possível fazermos o procedimento por laparoscopia! Depois da consulta, que deve ser segunda-feira, mamãe explica melhor. Mas é uma técnica menos invasiva, como a endoscopia que estávamos querendo. E assim estamos. Aguardando. Mas você está comendo um pouquinho melhor e a mamãe nåo está mais tão desesperada...

Agora vamos falar de Marininha?! Ela merece, viu, pitoco. Sua irmã está se comportando como uma lady aqui na barriga da mamãe. Não nos atrapalha em nada. Está quietinha lá no canto dela, crescendo sem fazer alarde e sem nos dar trabalho. Como se ela já entendesse que o momento aqui fora é importante.

Mas hoje foi um dia especial. Marina se fez presente. E mexeu! Ou melhor, fez com que a mamåe sentisse ela mexendo, porque mexer ela mexe há muito tempo. Nas ultras, a mocinha nunca para quieta. E aí foi a vez da mamãe parar um pouquinho para dar atencão a essa barriga meio deixada de lado por motivos compreensíveis.

Fiz carinho nela, conversei, coloquei você também para falar com a irmãzinha e de noite contamos a novidade para o papai.

Ainda não tenho foto da barriga, que aliás já está bem grandinha, mas segue a última ultra de Marina Maia Matos, com 16 semanas de gestacão. Agora já estamos com 19! Passa muito rápido, caramba...

beijo nos meus dois filhotes queridos.
mamãe

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sabor Baunilha

Oi perereco... mamãe sumiu, né? Bom, tem motivo, claro. Não conhece sua mãe? E, sim, não é dos mais animadores. Na verdade, é esse o motivo. Eu não vim aqui antes, porque precisei reunir forças para conseguir escrever sem tanta melancolia.

Olha, filhote, mamãe vai ser sincera com você: tô fraca. Minha energia está totalmente irregular, após tanto tempo de tensão. Mas você merece que eu tire ânimo de onde for. E, por isso, as notícias que eu trago aqui não são muito boas, mas estamos longe de entregar os pontos.

Vamos lá: após duas semanas bem-sucedidas, a coisa voltou a desandar. Do mesmo jeito que do nada você passou a comer melhor, de uma hora pra outra, você deixou de novo de querer comer. Primeiro, começou vomitando a comida, após a mamãe forçar bastante a barra. Depois, passou a só aceitar leite. Com muito Fortini sabor baunilha. E assim tentamos te manter por um tempo, na esperança de que você voltasse a aceitar as papinhas. Mas isso não aconteceu. E a aceitação do leite, desde quinta passada mais ou menos, também foi caindo muito até chegar no pior auge hoje, em que você só tomou um pouco de manhã e um pouco à noite. Graças a Deus, água você toma sempre que oferecemos. Menos mal. Pelo menos não desidrata.

Mas, lógico, tivemos que tomar uma atitude. Na sexta mesmo, já acionei toda a nossa equipe campeã, que fofa e dedicada toda vida... lamentou como se fosse da família essa escorregada, mas rapidamente assumiu a postura de bola pra frente. E já estamos providenciando a internação para realizar a gastrostomia. Tio Jofre lá de Curitiba, onde estava num congresso, nos monitorou por telefone e disse que amanhã a gente já começa a resolver a situação. E que se você continuar sem comer nada, a gente te interna logo para entrar no soro e já fica para a cirurgia. De repente, assim é até mais rápido porque o cirurgião da outra vez disse que estava difícil conseguir marcar a cirurgia nos principais hospitais por falta de vaga. Talvez, entrando pela emergência, a gente resolva a nossa vida mais rápido.

Bom, agora o principal. Escuta bem a sua mãe, Antonio: não quero que de maneira nenhuma você ache que nos decepcionamos com você. Nunca. Nunca você nos deu um único motivo sequer para deixarmos de acreditar em você. Pelo contrário. Você só nos surpreende. O que você fez de mostrar que era capaz de comer o volume necessário foi incrível. Só nos deu ainda mais certeza de que você vai chegar lá. Talvez você não seja um neném com super poderes e por isso não foi possível manter o gás. Ainda é cedo para você conseguir a estabilidade necessária na sua alimentação. Há muitas variáveis que podem te atrapalhar e você ainda não dá conta de tudo. Dentes, catarro, acidez no estômago, muito volume de comida muito rápido... Enfim, ninguém pode dizer que você não tentou. E a mamãe tem um baita orgulho de você. Não só por isso, mas por tudo.

Mas juro, filho, pode descansar. Relaxa. A gente deu tudo o que pôde. Mas ainda não está na hora de dar um passo tão grande. Você tem seu tempo e a mamãe está aqui pra respeitá-lo. Não se preocupe em querer me agradar ou se superar tanto sempre. A gente tem muito tempo pra conseguir tudo o que queremos. E vamos conseguir. Mas devagar, sem pressa, sem atropelar as coisas, sem meter os pés pelas mãos.

Vamos nos concentrar agora em fazer uma boa cirurgia, torcer por uma excelente recuperação e seguir tranquilos, te nutrindo como devemos e trabalhando a questão da alimentação oral sem ansiedade. E aí, quando você estiver pronto, a gente arranca o troço!

Você é o menino grande mais forte do mundo, perereco. Eu te amo.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Vídeos do fim de semana


na piscina


na mureta


e no balanço.

Hoje foi dia de pesar. Ganhamos - assim mesmo no plural porque as suas conquistas são de toda a família! - mais 150gr. De novo, parece pouco, mas não é, filhotinho. Pensa que em duas semanas você já ganhou 350gr. E que uma criança na sua idade ganha mais ou menos isso no mês inteiro. Ou seja, se você ganhar uns 600gr a 700gr no fim do mês, estamos soltando fogos. Se chegar a 800gr, a gente sobe a escada da Penha. E se ganharmos 1kg, aí... mamãe paga promessa até o ano que vem.

beijo, biscoito.