Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



quinta-feira, 23 de maio de 2013

Nós na Veja

Amoreco, eu e você saímos na revista! Na Veja Rio, do fim de semana do dia das mães. Não tinha falado nada aqui ainda porque viajamos e depois a semana foi corrida. Mas não quero deixar passar porque acabaram acontecendo algumas coisas bacanas nesses nossos 15 minutos de fama.

De cara, lógico, é muito legal se ver estampado numa revista séria e de grande circulação. Ainda mais porque saímos bem na foto! Mas a coisa foi bem além de agradar e ser o orgulho da nossa família e amigos mais próximos.

Não foi a primeira vez que entraram em contato com a gente para algum tipo de reportagem ou aparição pública, mas foi a primeira vez que efetivamente a coisa aconteceu. Confesso que eu estava um pouco apreensiva por não saber bem o que esperar da matéria. A conversa com a repórter foi boa, mas muito abrangente e eu só sabia que era algo relacionado ao dia das mães, falando sobre mães especiais. Por isso, dei uma segurada na expectativa, até pra não me decepcionar depois, caso a coisa toda não fosse muito legal. Mas, me surpreendi. O texto da revista ficou bem bacana. Sem sentimentalismo, mas também não ficou uma coisa rasa, sem embasamento. Foi curta, mas conseguiu fazer um retrato legal de diferentes casos de necessidades especiais e nos homenageou bem pela dedicação. Fiquei feliz.

E, por mais que eu já me considere uma mãe especial devidamente saída do armário, uma coisa assim é sempre libertadora. Foi muito legal sairmos sorrindo e felizes, como que dizendo ao mundo: ei! nós existimos e, na medida do possível, levamos uma vida normal e feliz!

Outro ponto que acabou sendo muito positivo é que de carona no nosso sorriso colgate da foto, muita gente que talvez tivesse um pouco de parcimônia ao falar ou se referir a nós também se libertou. Senti isso em círculos um pouco mais distantes como, por exemplo, os vizinhos das suas duas vovós. É engraçado mas foi como se nossa cara na Veja acabasse funcionando como um passaporte de retorno à sociedade. Em vez de ter pena do 'netinho especial', o pessoal agora celebra 'vi seu netinho na revista!'. Espero que não tenha parecido nenhuma espécie de crítica. De forma alguma. Sei bem o quanto é difícil lidar com questões delicadas da vida. Não existe um protocolo para esses casos e na falta de prática ou tato, acaba que ninguém fala muita coisa. E o que estou falando é que o fato de termos nos exposto fez com que esse desconforto alheio ficasse bem mais ameno. Afinal, nós nos mostramos para o mundo. Então pressupõe-se que não temos vergonha de nós.

Isso tudo também gerou reflexos na sua escola. Juro que em nenhum momento imaginei que uma reportagem pudesse ajudar na sua inclusão. Mas o fato é que por motivos parecidos com o que acabei de falar sobre os vizinhos, a galera da escola também fez a maior festa em torno do assunto e isso fez de você alguém mais visado não só pelas necessidades especiais, mas também alguém de quem eles têm orgulho de conviver, ou que passou a ser alguém para se ter orgulho de conviver. Ser amiguinho do Antonio, na semana passada, também significava ser amiguinho do menino que saiu na revista. E isso, para o bem e para o mal, é glamour. Ainda que eu pudesse fazer aqui uma análise mais chatonilda de como o interesse por você tivesse envolvido em sentimentos não muito nobres, prefiro usar o que esse interesse pode gerar de bom. E o que gerou foi uma maior aceitação de quem ainda não tinha sido conquistado apenas pelo seu carisma contagiante.

Antonio, você sabe que a mamãe sempre usa esse tom de brincadeira e escreve de maneira mais leve, mas queria deixar claro que essa primeira aparição pública nos foi muito útil. Fez bem pro ego e pra alma. E estou muito feliz de ver todos querendo ficar perto de você. Ou melhor, todos sem vergonha de estar perto de você. Na saída da escola, vários amiguinhos ainda te apontam como o 'meu amigo que saiu na revista'. Mães já vieram me parabenizar com sorrisos sinceros. As terapeutas, professoras e a direção te colocaram no mural. Enfim, você deixou de ser apenas o meu astro, para ser um astro de todos. E mesmo que passe o auê, que vai passar claro, aliás já está passando, essa quebra de barreira, essa aproximação a você tem tudo pra ficar.

Por fim, não quero que fique parecendo aqui que para ganhar aceitação a criança precisa aparecer no jornal, na revista ou na televisão. Claro que não. E seria impossível isso ser uma meta pessoal de todas as mães especiais. Mas acho que o recado aqui tem a ver com libertação, com aceitação. Já falei isso pra muitas mães. A forma como os outros nos vêm está diretamente relacionada à forma como nós mesmas levamos a vida. Se uma revista aparecer no caminho e ajudar a divulgar isso, ótimo! Mas, antes de tudo, há de ser um exercício e uma postura aprendida, conquistada e, principalmente, escolhida.

link para a matéria no site: http://vejario.abril.com.br/edicao-da-semana/maes-filhos-com-deficiencia-741013.shtml

beijo da mamãe!





5 comentários:

  1. Me sinto muito honrada em ter o privilégio de fazer parte da vida do Antonio.A cada dia aprendo mais,me surpreendo e me orgulho dele,apesar do curto tempo que acompanho o Antonio com Mediação Escolar,já posso dizer do enorme carinho e amor que tenho por ele,vai muito além de um trabalho........cada sorriso,cada andar mais firme com as perninhas,cada resposta que consigo compreender melhor,os trabalhos de escola que conseguimos realizar juntos.....tudo isso é uma conquista que em quanto eu puder irei contribuir para o lindo crescimento dele.

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  2. Uhuuu!show de bola! tudo questão de perspectiva ;) homenagem merecida!

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  3. Adriana, muito legal o seu blog. Parabéns pela força e pelo filho lindo!

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  4. Adriana, que fantástica reportagem, que grande testemunho teu, cheio de coragem força e persistência!!! As adversidades da vida, encaradas de frente, dão-nos força para viver e transmitir energia aos outros!! Parabéns a você e ao César pelo António e Marina!!

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  5. Querida Adriana,

    concordo plenamente com o reconhecimento que pode vir através de qualquer exposição (feita por uma mídia e profissionais sérios), sou uma das maiores entusiastas da ideia de que "sair do armário" é preciso, "falar sobre" é necessário. Este foi um gesto nobre de sua parte, mais um deles, que não tem nada a ver com a promoção do Antônio e sim das pessoas que, como ele, como a Helena, precisam ser vistas de outra forma, a mais próxima do natural possível e uma das maneiras de fazer isto acontecer é se fazer notar de forma positiva - o que vc fez nesta matéria...Parabéns!

    bjos

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