Oi pitoquinho, oi pitoquinha,
bom, sobre a Marinoca, mamãe deu um pulo hoje na médica por conta de uma dor de cabeça que me acompanha desde o início da semana, mas está tudo bem. Não é pressão alta, como o seu papai temia e sim uma enxaqueca, provavelmente de fundo nervoso. Pudera, né? Afinal, foi um susto que ainda estamos digerindo. Mas aproveitei para conversar mais com ela sobre a nossa 'situação'. E o que eu ouvi continua sendo basicamente para ter cautela, mas também não é nenhuma sangria desatada, nas palavras dela. Tô bebendo mais água do que em qualquer período da minha vida e descansando mais. E isso tem sido possível graças a sua colaboração, filhote. Tá ficando direitinho com as tias e a Miriam, sem fazer manha, papando quietinho na cadeirinha - sim, pela gastro, mas é que até pela gastro, muitas vezes precisamos te entreter muito para que você fique minimamente quieto -, tá brincando feliz, enfim, deixando a mamãe tranquila, sem achar que você precisa desesperadamente de mim. Só é engraçado quando eu apareço e aí você me olha e faz beicinho. Como quem diz: por que você não está comigo? Mas logo esquece e volta a brincar com a tropa.
Mas, então, vim aqui hoje mais para dar uma espécie de feedback desses quase dois meses pós-gastrostomia. Vamos lá:
- o primeiro ponto positivo é em relação ao término daquela angústia frequente pelo fato de ver você não comendo e ficando fraquinho. Não desejo pra ninguém aquela preocupação diária e horrorosa. Eu só pensava nisso, passava o dia calculando as parcas calorias que você ingeria e morria de aflição ao constatar que você não comia nem a metade do que precisava... Isso acabou! Mesmo nos dias da virose em que diminuímos muito o volume, eu não fiquei assim, porque sabia que você estava, pelo menos, hidratado. Naqueles tempos, tinha dias em que nem o líquido ingerido chegava perto do suficiente.
- a segunda coisa obviamente é o seu ganho de peso rápido. É incrível como a coisa dá resultado mesmo. Em um mês, você conseguiu voltar para a curva e, agora, com dois meses, mesmo tendo tido uma recaída porque ficou doente, já está nitidamente recuperado de novo. Ainda não pesamos outra vez, mas sua cara de saudável e as bochechas estão tinindo.
- a terceira alegria é a com que a gente mais contava: uma mudança considerável no seu tônus muscular. Antonio você está outro. Bem mais firme, durinho, forte mesmo. Impressionante como a fraqueza realmente piorava a sua hipotonia. Seu controle de cabeça melhorou muito, o apoio de braço está bem mais estável, o tronco mais firme, enfim, você todo está mais ativo. A palavra é essa mesmo porque você está, literalmente, ativando muito mais mísculos. A tia Suzane está encantada. E mamãe e papai muito orgulhosos!
- a quarta tem tudo a ver com a terceira. Ao passo que você ganhou mais força, também vieram coisas como mais atenção, mais disposição, mais falação, menos sono, menos necessidade de descansar... Enfim, serelepe total! Dá gosto de ver você o dia todo animado, feliz, querendo brincar sem hora pra terminar.
E é isso. Quanto aos pontos não muito positivos, pois não quero chamar de negativos, só ressalto a adaptação com a gastro e alguns pontos da sua funcionalidade que, às vezes, pode ser desagradável.
- Dentro da adaptação, entram as tais ânsias do início que me deram susto; o período da virose em que tivemos também que ter bastante cuidado com a ingestão de alimentos para você sentir menos desconforto possível; os cuidados com a cicatrização e o granuloma que ainda não está totalmente sarado...
- E no que chamo de funcionalidade, é só uma enrolação ou outra que ainda acontece eventualmente como a comida que não desce por algum motivo; o extensor que fica duro e menos maleável com o passar do tempo; dar comida na rua ou no carro, que não é muito prático; e alguns receios quanto à limpeza e esterelização dos apetrechos.
Mas, afirmo: os pontos altos compensam qualquer percalso.
Por fim, quero terminar celebrando o dia de hoje em que você petiscou mais do que nunca. De manhã, vários pedacinhos de queijinho e pãopão do sanduiche da mamãe, Miriam também falou que já havia dado do dela; à tarde, se esbaldou com o chocolate de Papai Noel que a mamãe trouxe da rua, comeu no colo da Miriam, pedindo mais, dando mordidas e mexendo os bracinhos nervosos para pegar. Foi quase a cabeça toda do bom velhinho; na hora do seu jantar, mais pedacinhos de pão e polenguinho, desta vez, que a mamãe estava lanchando e quando acabou, você até chorou!; e à noite, peito de peru e sorvete de creme na casa do tio Gennaro e da tia Bianca. Mas o melhor nisso tudo é que em todas as vezes era nítido o seu prazer de estar comendo e mastigando. Você queria mesmo aquilo. Não fez cara feia como antigamente e nem colocou muito pra fora, como de costume. Engoliu tudinho. E o interesse, como comentei, está sensacional. Você fica de olho em tudo o que comemos e faz questão de experimentar. Filho, você não tem noção de como isso tem me deixado feliz... Brigada mesmo.
Beijo nos dois!
Segurando o cabeção e bem durinho!
No dia 09/11/ 2009, nasceu o Antonio Pedro, meu filhote. E, com ele, uma nova Adriana. Por causa de uma asfixia, ele ficou 24 dias na UTI. De lá pra cá, temos vivido um dia de cada vez, aprendendo e ensinando. Por causa da tal asfixia, meu pequenininho teve uma lesão no cérebro, na parte motora. E o tratamento é fisioterapia. Exercício, muito exercício. E amor, carinho, paciência... Já foram muitas batalhas vencidas. A continuação dessa história, pretendo ir deixando aqui. Torçam por nós.
Atenção!
"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".
Maravilha!!
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