Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Slow Down

De novo. Filho, mamãe disse que tinha aprendido, mas caiu no mesmo erro mais uma vez. Meteu os pés pelas mãos e quis fazer tudo ao mesmo tempo agora. Tadinho de você... Não tem nem um mês sem crises e eu já te enfiei na natação e na pré-escolinha três vezes na semana cada uma...

Mas deixa eu me explicar.

Seguinte, perereco, eu e papai sempre soubemos que, apesar de aparentemente o seu cognitivo não ter sido afetado e de você sempre ter se mostrado bastante esperto, ele poderia acabar ficando um pouco pra trás também. Não por causa de alguma lesão, mas pela falta de experimentação normal que uma criança passa. É que os sistemas motor e cognitivo 'andam' juntos. Você precisa experimentar para aprender. E sem conseguir experimentar na hora e da maneira corretas, a coisa pode acabar dando uma desandada. Não que isso não possa entrar no eixo mais pra frente, mas até lá, o cognitivo acabaria meio prejudicado.

Pois bem. O que podemos fazer por você? A resposta parece simples: estimulação. Mas não é tanto quando existem tantas outras variáveis envolvidas. Só pra citar a principal delas, o cansaço. Estímulo gera gasto de energia, gera esforço físico, gera logística de deslocamento... Enfim, com o aumento de propostas e atividades na sua vida, as consequências também aparecem. No ato. Meu maior medo é te exigir demais e causar coisas como a volta das crises, perda de peso, estresse emocional.

Por isso... a máxima do equilíbrio continua valendo para nós, Antonio Pedro. Mamãe precisa colocar tudo na balança e quebrar a cabeça para achar um cálculo preciso e satisfatório pra você e, muito importante, pra mim também. Sim, porque já sabemos que com a mamãe ansiosa e estressada, nada funciona direito. Aquela história de que eu preciso estar bem pra você é a mais pura verdade. Vivo ouvindo isso e confesso que já tiveram vezes em que quis voar no pescoço da pessoa. Pensava: 'como se eu não soubesse disso... como se isso fosse fácil de controlar... queria ver se fosse com você...' Mas nos meus momentos de clareza, sei que 'eles' têm razão. E sei também que falam para o meu bem, para me alertar, para nos ajudar.

Mas... de tempos em tempos, eu me enbanano e perco a mão na nossa matemática. Na ânsia de querer fazer a coisa certa, acabo tomando decisões erradas.

Como a de te colocar três vezes por semana na pré-escolinha, praticamente ao mesmo tempo em que iniciamos a natação. Você não está dando conta. Notei já na semana passada, mas quis observar mais nesta semana para ter certeza. E o fato é que hoje é quarta e você já está exaurido.

É cedo ainda para eu exigir tanto de você, meu amor... E olha que você já me dá tanto, já mostra tanto potencial, já dá tanta resposta... O mamãe insaciável... Não é, Antônio Pedro. Aliás, é justamente por você ser sempre tão interessado, tão ávido por experiências e conhecimento que eu acabo puxando demais sem querer.

Mas o problema é que tudo para você é um esforço. Justamente por você ser tão esforçado. E aí, pitoquinho, você acaba se cansando querendo fazer tudo o que ainda não consegue. Junto a isso, até coisas como comer e beber líquido da mamadeira são verdadeiras ginásticas pra você. Pois sabemos que a questão motora também pega na boca.

Outra coisa complicada é fazer funcionarem os horários de comer e de dormir junto com a hora certa de sair para as atividades. Tem o deslocamento, trânsito... E o que acontece é que nem sempre sai tudo como planejado e aí é uma enrolação só. E você precisa comer e descansar direito. Não podemos abrir mão disso agora de jeito nenhum! Fora que eu fico totalmente estressada tentando encaixar tudo certinho. E mamãe estressada... não serve!

É isso, pacote. Fomos com muita sede ao pote. Mas já me reorganizei aqui e decidi voltar a minha ideia inicial que era mesmo ficar só na aulinha de música, uma vez por semana. Por hora, é o que vai dar. Além, claro, das 'tias antingas' e da natação duas vezes por semana, que acaba não sendo tão cansativo porque a água te favorece e você ama de paixão.

Não que, mais pra frente, a gente não possa tentar mais coisas de novo, meu amor. É só que a mamãe sente que você precisa de tempo não só físico, mas emocional também pra absorver e se reorganizar a cada vez que insiro novas atividades, sabe? Temos que ir com uma certa calma. No seu tempo.

Pra finalizar, uma coisa muito importante. Seu pai, quando conversei com ele sobre isso tudo, na hora me perguntou se eu não estava 'desistindo' pela tal frustração que contei aqui de ver como você não acompanhava as outras crianças e pelos olhares das outras mães. Filho, não. Juro que não. Como falei, senti isso sim, mas porque sou humana. Mas nunca, nunquinha, eu iria tomar uma decisão dessas se achasse que não era o melhor pra você. Eu nem sei mais quem eu sou direito sem você, Antonio Pedro. O que eu sinto quase não importa, diante do fato de fazer algo pelo seu bem, pelo seu progresso.

Estamos combinados? Beijo da mamãe, seu cara de sapeca.

7 comentários:

  1. Oi, Dri.
    Eu acho que a natação e a aulinha de música vão fazer muito bem ao AP sim! Que criança não gosta dessas atividades? Até eu gosto! hahahahaha
    Aos poucos, com seu feeling, vc vai sentindo o que vc consegue inserir na "agenda" dele...
    Bjs nesse menino gostoso!
    Patricia

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  2. Não esquente com acompanhar as outras crianças, dedicada mãe. Um espírito pode dar dez corpos de vantagem aos outros enquanto supera dificuldades circunstancias de aperfeiçoamento, e resolvidas estas surpreender todo mundo ficando à frente dos que pareciam havê-lo deixado para trás. Cada um é cada um em seu status evolutivo. Bs.

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  3. É isso mesmo, Adriana. Tudo em seu devido tempo e nosso instinto materno nos informa direitinho o que deve ser feito.

    A foto dele tá linda. Coisa mais tutuca.

    Bjs!!!

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  4. Adri,

    A decisão de colocar na escola nunca é facil para nenhuma mae. Cada uma tem uma opiniao e opcao diferente. Eu, por exemplo, segurei o Arthur em casa até os 3 anos e achei que ele deu uma atrasada em relação aos outros amiguinhos, o JB eu não tive escolha e coloquei na creche aos 5 meses. Sao experiencias diferentes e cada criança reage de uma forma aos estimulos. Seu pacote não é diferente de nenhuma criança em relação a isso. Concordo com vc quando diz que ele tem que desenvolver o cognitivo e a escolinha é o melhor lugar para ele "exercitar" isso. Bjs

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  5. Oi, Adriana.
    Escrevi um email pra vc.
    Espero poder ajudar.
    Um beijo.
    Beatriz

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  6. É isso aí! Se a gente não tentar, nunca vamos saber. Acertando e errando, acertando e errando até chegar ao ideal. Um aprendizado perfeito pra quem quer a perfeição. Quantas vezes não temos que dar 2 passos atrás pra depois novamente avançar? Vc é quem sabe o que é melhor pra ele! Tenho certeza disso! E tenho certeza também que vc não desistiu simplesmente. Não é uma questão de frustração ou algo parecido, é uma questão de sensibilidade para perceber o que vai trazer benefícios neste momento ou não. Raciocínio lógico e perfeito!
    E quero dizer aqui publicamente que eu sou a mais chata de todas que fala toda hora que vc tem que estar bem! A carapuça entrou direitinho em mim! Ahahahah. Mas é que já vivi isso na pele, vc sabe! Fica brava comigo não, falo pro seu bem! rsrsrsrs
    beijosss

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  7. Que menino grande e lindo é esse?
    É a coisa mais fofa da vovó.
    Nana, vc buscou o equilíbrio para o bem estar dele, acho q é o caminho certo a seguir.
    Bjs nos três.

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