Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ainda sobre... Adaptação

Filho, mamãe não gosta de escrever coisas muito pra baixo aqui no seu blog. Ainda mais seguidas. Mas tem uma coisa que você vai aprender sobre mim com o tempo. Sou muito sincera. Sempre. E às vezes isso não é assim tão bacana...

E a verdade é que eu não me sentiria bem não escrevendo aqui o que eu estou sentindo realmente. Sei lá, seria como estar traindo um pouco quem nos acompanha. Principalmente, quem se identifica conosco, que, muito provavelmente, deve passar por situações e sentimentos semelhantes.

Mas também não é preciso tanto drama. Bom, continuando o fio da meada do último post, tenho pensado e passado por muita coisa que cai naquela palavrinha-chave que o papai falou: adaptação.

Sabe, Antonio Pedro, a vida fora de casa, dos nossos amigos e da nossa família, tem sido mais difícil à medida que você está crescendo. Eu já sabia que seria assim. Já tinha até conversado sobre isso com algumas pessoas. E, juro, venho tentando me preparar para isso há tempos. Mas a gente sabe que a coisa só pega mesmo quando acontece. Quando começamos a sentir ali na pele.

E o que acontece é que quando você ainda era um bebê, era muito mais fácil e natural sair por aí, sem ter que dar explicações e sem ser alvo de olhares curiosos ou de pena. Agora que você já é uma criança, digamos assim, fica na cara que existe algo de diferente.

Atenção, pacotinho, mamãe não tem, nem nunca teve vergonha de você. Nunca. É muito importante você saber disso. Mas, infelizmente, filho, isso por si só não é suficiente para fazer com que nada nos atinja.

Vivemos tomando banhos de realidade nua e crua a todo momento e, por ser humana, mamãe sucumbe de vez em quando. De vez em quando, hein. Não é sempre não. Até porque, filhote, se nós formos os primeiros a nos resignar, aí sim, só atrairemos lamentos e olhares constragidos. Por isso, mamãe faz questão de cultivar e transparecer força e orgulho da nossa história. Graças a isso, a maioria da energia que recebemos de volta é positiva.

Mas tem horas que é difícil. E estou num momento assim. Faz uma semana que decidimos te colocar numa espécie de pré-escolinha. São aulas três vezes por semana só, uma horinha e com a mamãe junto. Por um lado, tem sido excelente. Você sempre gostou de olhar e estar com outras crianças e lá não é diferente. Você vibra olhando seus amiguinhos. E acredito que isso seja um baita incentivo pra você. A aula de música então... Nessa, você gargalhava de tanta alegria de estar ali. Bem, até aí, não estava sendo nenhum problema. A gente se adaptou bem ao chão, às rodinhas. Não havíamos passado por nenhuma limitação exagerada. Até que chegou a aulinha de sexta.

Psicomotricidade. Filho, por opção e também por achar que você teria mais a ganhar, a mamãe não procurou nenhum espaço especial. Escolhi mesmo te colocar no meio das crianças comuns. E ainda acho que a decisão é acertada. Mas teremos que encarar de frente nossas dificuldades. E elas são imensas. Foram, pelo menos. Você ainda não é capaz de fazer quase nenhuma prática proposta. Para todas elas, era necessário, no mínimo, que você já sentasse sozinho. Resultado: você ficava sempre por último e doeu muito na mamãe ver como pareceu tudo totalmente desengonçado, com as 'tias' tentando adaptar os exercícios pra você. Tava na cara que elas não estavam acostumadas a lidar com pacotinhos especiais e a mamãe tava tão atordoada com os olhares aflitos e penosos das outras mães que nem consegui interferir ao meu jeito para 'ensiná-las' a manusear você. Foi duro, meu amor. Muito duro. Ainda estou digerindo na verdade...

Mas é sobre essa nova adaptação que teremos que fazer em nossas vidas que eu queria falar. Quis contar esse momento de dificuldade porque acho importante colocar para fora para que a gente ache a melhor forma de seguir adiante.

Não vou desistir. Existe a opção de ficarmos só na aula de música, uma vez por semana. Mas eu ainda vou insistir. Ainda quero tentar porque acho que a médio e longo prazos será vantajoso pra você. Só vou precisar me preparar e me fortalecer para esse período inicial. Esse período de adaptação. E é importante dizer que não falta boa vontade da parte de todos. Tenho certeza de que as profissionais de lá querem nos ajudar. É um período de adaptação pra elas também e a mamãe precisa ser paciente. Acho mesmo que com o tempo -e esse carisma que Deus lhe deu -, estaremos mais do que inseridos no grupo. É uma questão de atitude. E juro que na próxima vez, já voltarei a me comportar como de costume, forte e segura de que estamos nessa pra ganhar.

Certo, biscoito? Liga não. Tenho certeza de que cada dificuldade enfrentada fará com que eu você fiquemos cada vez mais unidos e fortes. Nunca me esqueço de uma das primeiras frases que a tia Laís disse, lá no início, quando ainda estávamos nos inteirando da sua situação toda. Mamãe perguntou aflita o que ela achava que você seria ou não capaz de fazer e ela respondeu: 'ele vai fazer tudo o que ele quiser'. Entendeu, filho? Só depende de nós e de como vamos lidar com os obstáculos que forem surgindo. Se tivermos mesmo força de vontade e gana de vencer, duvido que alguém ou algo nos impeça. Foi o que ela quis dizer na época e o que eu venho entendendo a cada dia que passo do seu lado.



7 comentários:

  1. Adriana,
    adorei o seu depoimento sobre a adaptação do seu lindo Antônio Pedro.Fiquei muito emocionada.
    Continue lutando e acreditando no seu filhote.Ele é uma criança bastante iluminada e abençoada.Achei lindas as fotos.Vc é uma mãezona muito especial!!!!
    beijos
    Johanna

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  2. Amiga, sei que te ajuda muito quando todo mundo te apoia e incentiva. Mas sei tb, que vc deve pensar que é fácil pra todo mundo mandar essa força estando de fora. Só vc e sua família sabem o quanto o dia a dia de vcs é diferente da maioria. Mas é o que o César disse, somos capazes de nos adaptar a tudo, por mais difícil que possa parecer. E quando a sua luta é por uma coisa tão lindinha e fofa, não tem como não se dedicar de corpo e alma. Filho é filho, pode ser "normal" ou não, bonito ou feio, mal educado, revoltado, simpático, grosseiro, é filho! Vamos amar com todas as forças e vamos fazer de tudo pra ajudar, isso é FATO! As fraquejadas fazem parte, ÓBVIO. O estranho seria se vc não as tivesse. Mas aposto que vc tem aqueles momentos inexplicáveis ao lado dele que com apenas um olhar ou um um sorriso, vc pensa: Meu Deus, muito obrigada por ter me mandado esse presente maravilhoso. É ou não é? Os altos e baixos fazem parte, não deixe a peteca cair e comemore cada nova conquista, sempre! Beijão

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  3. Nossa, você é mesmo uma mãezona que merece todas as alegrias com esse lindo pacotinho.

    Parabéns pela determinação viu? Parabéns demais!!!

    As fotos estão lindas. Dá um beijão no Antônio Pedro e fala que fui eu e Sofia que mandamos.

    Bjs!!!

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  4. Oi, Dri.
    Poxa, vc tem escrito numa velocidade maior do que a que eu tenho conseguido ler...
    Mas esse comentario é sobre esse post e o anterior. Queria compartilhar com vc uma coisa que acontece comigo e com meu Felipinho, pra vc ver que a sua vida com o AP é sim diferente da vida de que tem filhos sem problemas, mas nem tão diferente assim. Felipinho come super mal, e eu também quase rezo uma oração inteira antes das refeições. E isso é desde a amamentação. Eu tirava leite com bomba, para oferecer ao Felipinho depois dele mamar no peito, porque ele ficava no peito, e preguiçoso, dormia. Não ganhava peso e preocupava todo mundo. E isso vem até hoje... Eu brinco que puxou ao pai (o Otavio - o Cesar conhece - não liga a mínima pra comida...). Tenho mil amigas que se preocupam com a qualidade da alimentação de seus filhos, mas eu nem posso me dar tanto a esse luxo, sabe? Comigo é na base do "o que ele comer já tá ótimo"!
    A outra coisa que eu queria te falar é que eu achei o máximo o AP ir para uma "escolinha", porque acho que ele deve achar o máximo também! Mas queria te falar pra você não se "intimidar" pelos outros, porque acho que é desconhecimento mesmo, os outros não sabem o que fazer para te ajudar. E tenho certeza de que todos querem te ajudar! Porque ver o AP gostoso do jeito que ele é, sem querer ajudar, é impossível!
    Bem, é isso... Acho que misturei os assuntos, mas é porque queria comentar tudo ao mesmo tempo!
    Beijos pra família nota mil!
    Patricia

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  5. Coração e sinceridade compartilhados ensinam muito aos outros, que devolvem o benefício vibrando juntos, formando essa interação de amor nas dificuldades. Mas é como tia Lais disse -"o que ele quiser": a vontade dele deve ser sempre o comando condutor das ações, porque nela estará a vontade dos protetores dele. A conformação corajosa e equilibrada da mãe deve cuidar atentamente de manter à disposição dele os estímulos, para que ele possa vê-los e ele escolher. Bs.

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  6. ...é Adriana a escola é o lugar das comparações...instintivamente qq. mãe passa a comparar seu filho com o dos outros , ver como ele se comporta diante do grupo, etc. E realmente as vezes isso é uma experiência dolorosa pois vai sempre existir uma criança ao lado que é mais esperta que nosso filho. Não tem jeito. Deve mesmo ter sido muito sofrido ter esse "encontro com o real".E o real geralmente é muito angustiante. Torço para que vc continue tendo força para aguentar todas as situações embaraçosas que ainda podem acontecer.
    Estamos aqui! Vamo que vamo!

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  7. Nana,
    Acho que vc estuda bem e está sempre atenta ao q poderá ajudar o AP. Mas vc sabe que acompanhar o desenvolvimento dele é muito delicado e requer muita observação, sem contar que o retorno é meio imprevísivel, até pq ele nos surpreende a cada instante. E tudo depende tb de experimentação, de dar a ele a oportunidade de tentar. Sem isso vc não poderá avaliar o q deve continuar ou não num determinado momento. É assim mesmo, vc vai ter q passar por isso algumas vezes, mas de um modo geral vc sempre acertou nas suas escolhas.
    Bj. (Adorei as fotos)

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