Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Assumindo o Risco

Primeiro, só para atualizar: a virose nos acompanha ainda, com mudança de quadro. A febre foi-se, mas agora nosso problema é ao contrário. Sua temperatura despencou. Levei um baita susto ao ver o termômetro a 35,4! E você nem tinha tomado antitérmicos... Lá fui eu de novo correndo para o celular para catar o tio Jofre. Bem, segundo ele, pode acontecer sim e é parte do ciclo da virose indigesta, literalmente. E, com isso, você ficou hipoativo, sonolento, chato, reclamão e mais enjoadinho da barriga de novo. Sua frio quando dorme, só quer a mamãe... Enfim, ainda estamos cortando um dobrado aqui. E eu achando que estava acabando porque ontem nosso dia até foi mais tranquilo. Fomos pra casa da vovó Zita e deu até pra te levar no parquinho. Olha que cara feliz no balanço:



Mas, paciência, Adriana... Paciência. Ok, terei.

Agora, o assunto sobre o qual eu quero falar hoje: filhote, tem algumas frases que me foram ditas desde que você entrou em nossas vidas que eu nunca me esqueço. Sairam da boca, principalmente, de médicos e especialistas de um modo geral. Já falei aqui sobre o "quem senta, anda", da tia Laís e outras, acho.

Bom, uma que também nunca me saiu da cabeça é: "até uns 5 anos, pelo menos, ele será uma criança de risco". O que isso quer dizer? Basicamente que você - e todos os seus amiguinhos com algum tipo de lesão cerebral - tem mais chance de nos dar sustos aleatórios de tempos em tempos.

De novo, não que todas as mães e pais não estejam sujeitos a arrancar os cabelos eventualmente por um piripaque mais sério com os filhos. Mas... nós, mamães e papais especiais, vivemos isso muito mais frequentemente do que gostaríamos.

E o pior disso é, sem dúvida nenhuma, ter que conviver com o medo. E essa é uma relação muito estranha. Na minha representação é mais ou menos como uma sombra que fica permanentemente do meu lado. Quando estamos vivendo fases de calmaria, eu até consigo deixar de percebê-la o tempo todo. Mas quando alguma coisa acontece, ela quase que pisca e fica assim um bom tempo até que eu consiga de novo ignorá-la.

Um exemplo bem recente é o receio que estou sentindo ainda na hora de te dar comida pela gastro. Fiquei traumatizada com os episódios de ânsia e desconforto dos últimos dias e agora, sempre que tenho eu que fazer a sua alimentação, minhas mãos chegam a suar de nervoso e eu fico com dor de barriga. Não acho que eu vá me sentir assim por muito mais tempo, porque as coisas nesse sentido já estão melhores e você não tem mais tentado vomitar sem conseguir, mas enquanto essa sensação ruim dura, tenho sofrido...

Enfim, um trauma desses nem é tão horrível quanto o meu medo permanente de que você volte a ter convulsões. No episódio em que você apresentou um início de convulsão febril há poucos dias, todos os meus ossos gelaram ao relembrar nossa época de trimiliques. Te ver tendo contraturas musculares involuntárias me fez imediatamente rever um monte de imagens na cabeça. E ela, a sombra implacável, ascendeu em neon de novo.

Não desejo essa convivência com o medo pra ninguém. É como perder o controle sobre a própria vida. Aliás, muito pior: é não ter o controle sobre a saúde do que me é mais sagrado e precioso no mundo. Saber que eu não posso fazer nada em algumas situações que você precisa de tudo é a pior dor que já senti. Sei bem como ela é.

E é por isso que ela não me atinge só quando sou eu que a vivo. Eu sei tanto como é que chego a travar a garganta.

Dani, tô com você. Acho que ninguém mais do que a gente - as mães desses pacotinhos - sabem o que significa a frase 'A vida é um risco'. E acho que ninguém também soube assumir esse risco tão profundamente. Vai melhorar. Entramos nessa pra ganhar, amiga. E se eles são tão guerreiros, o que nos resta se não seguir o exemplo?

Beijo, filho. Beijo, Dani. Beijo, Pedro.

2 comentários:

  1. Concordo plenamente Adriana, todas as mães passam por situações difíceis e temem por seus filhos, mas parece que para nós o perigo é sempre eminente. Parece que "ele mora ao lado", as vezes um simples exame ou uma consulta de rotina vira assunto de risco ao bem estar e a saúde dos pequenos. Mas é como vc disse, se eles guerreiam nós também vamos guerrear. Força e melhoras para o Antônio. Eu e Helena rezamos toda manhã e toda noite para que Nossa Senhora o cubra com seu manto e derrame sobre ele as bençãos da saúde...muita SAÚDE!!
    BJO

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  2. Dri,
    Muito obrigada pela força e o carinho de sempre.
    Beijos,
    Dani e Pedro

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