Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Pombinho

Oi peteteco,

bom, mamãe nem tinha muita coisa para escrever hoje. Mas aí, recebi um e-mail da tia Renata, a tia do medek, pedindo para que eu escrevesse algumas impressões nossas em relação ao método, nossas sessões já feitas e tal... Para ela colocar no site dela e, assim, outros papais e mamães ficam sabendo um pouco mais sobre essa terapia que, pelo menos pra gente aqui, foi o maior achado até agora. Decidi deixar você falar:

Meu nome é Antonio Pedro, tenho quase dois anos e, quando eu nasci, sofri uma severa asfixia. Severa. Eu nem sei o que significa essa palavra direito, mas sei que por causa dela, minha mãe e meu pai passaram os dias mais angustiantes da vida deles, enquanto eu fiquei internado por quase um mês na UTI do hospital.

No início, ninguém sabia muito bem o que estava acontecendo e nem o que ia acontecer comigo. Mas o dia da minha alta foi um baita alívio pra minha família. Pelo menos por um tempo. É que conforme eu fui crescendo, as sequelas do que aconteceu comigo foram surgindo. Lembro bem. Começou com os meus 3 meses, quando minha mãe notou que eu não mexia as minhas mãozinhas como os bebês da minha idade. E foi nessa época que eu, minha mãe e meu pai entramos juntos para o mundo da reabilitação.

Começamos devagar. Com indicações médicas, mas ainda sem ter muita noção do que a fisioterapia poderia fazer por mim e nem do que exatamente eu precisaria recuperar.

Mas aí, quanto mais o tempo passava, mas minha mãe foi percebendo que o nosso buraco era mais embaixo. Das mãozinhas, eu passei a ter dificuldades com os braços, o pescoço, a boca, o tronco. Minha maior deficiência está nele, na base que estrutura o nosso corpo. Meu tronco não ficou durinho como o da maioria das crianças. E por isso, não consigo virar, sentar, brincar, levantar, andar... Não consigo fazer nada sozinho. Mas, oh, eu estou sempre tentando. Nunca desisto de ir um pouquinho mais longe. Mas agradeço por ter sempre alguém me ajudando por perto. Só que nunca deixo de sonhar com o dia em que eu vou fazer as coisas por mim mesmo. Nem minha mãe. Essa não cansa nunca.

E foi assim que a gente descobriu o Medek.
Vocês não conhecem a minha mãe, mas quando ela cisma com alguma coisa, não para nunca de fuçar. Da minha fisioterapia de bebê, ela caçou uma outra técnica que usava balanço e movimento que deu bastante resultado; depois, foi atrás de mais recursos, em um lugar maior e que usava mais apetrechos e equipamentos; e junto com isso, esteve e está sempre de olho no que há de disponível no mundo para me ajudar. Sim. No mundo. Porque minha mãe e meu pai estariam dispostos a me levar até o Japão se lá tivesse algo para auxiliar na minha recuperação. Mas, por enquanto, a gente tem se dado bem aqui por perto. O máximo que fomos até agora foi a São Paulo. Para as sessões de Medek com a tia Renata.

E, eu preciso falar, foi um divisor de águas em nossas vidas. Um sopro de esperança num momento em que estávamos bem estagnados. Porque essa é talvez a parte mais difícil da reabilitação. Aprender a ter paciência e a enxergar o tempo de outra maneira. Eu nem fico assim tão ansioso porque a coisa ainda não é muito consciente pra mim, mas sinto que meus pais às vezes ficam bem caidinhos, com dúvidas em relação ao meu futuro.

Por isso que o medek foi tão importante pra gente. Foi a primeira vez que vimos resultados mais rápidos, que vimos a coisa acontecer ali, na hora. E sabem com quem? Com meu tronco! Meu tronco nunca reagiu da maneira como se comporta no medek em nenhum outro método de fisioterapia.


Os exercícios, a base do método e, sim!, a mão da tia Renata fizeram verdadeiros milagres com meu tronco molenga. Minha mãe notou, meu pai notou, minhas terapeutas regulares notaram, minha neuropediatra ficou encantada...

Vestimos tanto a camisa que meu pai fez questão de aprender os principais exercícios indicados pra mim para que a gente pudesse continuar treinando em casa, aqui no Rio de janeiro, fora dos períodos de intensivo. E assim fazemos até hoje. Até elegemos um preferido e demos um nome a ele: pombinho. Pela foto, vocês vão saber porque. Posso estar enjuriado com o que for, mas quando meu pai me pega pra fazer um pombinho, minha alegria se manifesta automaticamente através de um sorriso enorme. Com esse sorriso, eu estou dizendo ao meu pai, a minha mãe e, principalmente, a tia Renata: obrigado. Obrigado por me mostrar que eu tenho um tronco.


Com você, tia Renata, eu aprendi que eu posso muito mais que andar. Eu sou um pombinho. Eu posso voar.















Até o nosso próximo encontro. Você sabe que não estou no melhor da minha forma física no momento, mas não vejo a hora de me recuperar logo da cirurgia e desse período de fraqueza nutricional para a gente poder botar pra quebrar!

um beijo do Antonio Pedro.



escrito pela minha mãe, Adriana Maia, mas supervisionado por mim. Eu juro. Assino embaixo.

(tirado do blog www.queridoap.blogspot.com)

2 comentários:

  1. Querida,
    Só pra te contar que já fiz minha incrição no medek aqui do RJ. Será em maio/2012.
    Bjsss,
    Eliane

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