Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Natural

O tempo passa... o tempo voa... e a gente ainda está aqui cuidando do seu - e do meu - resfriado, perereco.



O problema é que como agora estamos 'com tempo', mamãe e papai acabam fazendo 'a besteira' de pensar. Besteira nesse caso porque não há mais o que ser pensado à respeito de fazer ou não fazer a sua cirurgia. Tentamos de tudo, fomos a médicos diferentes, discutimos o assunto entre nós e com profissionais, repetidas vezes... Não temos dúvidas quanto à realização. Mas o problema é que estamos aqui sofrendo por antecedência por causa desse intervalo ocioso, imaginando como vai ser depois da cirurgia.

Ontem mesmo, fiquei horas à noite na internet, navegando por blogs, sites, vendo fotos, lendo artigos... e tem sempre algo que ainda não sabíamos e que pode vir a ser assustador no futuro. Sei que não é muito bom fazer isso, eu mesma já falei sobre como o 'google' pode ser nocivo em algumas ocasiões, mas também não posso deixar de buscar informações, de procurar conselhos e ler experiências de quem já passou ou está passando por uma situação parecida. Minha impressão e, pelo que vi de muitas outras mães também, é a de que médicos e cirurgiões no fundo não sabem ao certo do perrengue que pode ser o pós-operatório porque por mais que eles tenham o know-how e a técnica, não têm a vivência. Só quem vive na pele a experiência de cuidar de uma criança pequena recém-operada é que pode mesmo falar sobre o que pode dar errado e, melhor, dar dicas de como tentar evitar isso. Por isso, leio mesmo. Tudo o que posso e tô já cheia de anotações e sugestões do que fazer em possíveis intercorrências. Espero que isso nos ajude um pouco.

Mas existem outros medos que fogem um pouco de questões práticas. E que só vamos descobrir depois. Tenho bastante receio, por exemplo, de você passar a não aceitar mais seu leitinho no copinho que você vem bebendo tão bem nos últimos tempos. Sei que ele por si só não é suficiente para a sua nutrição completa, mas ficaria muito triste se você perdesse esse hábito. Sei lá, não sei se a sensação de comer, após a cirurgia, se tornará uma coisa estranha, se você ficará empanzinado com a dieta que será ministrada pela gastro... Enfim, você tem tantas questões sensoriais, sua sensibilidade é tão à flor da pele, que tenho medo do que uma mudança interna aí no seu aparelho digestivo possa fazer....

Outra coisa que não sai da nossa cabeça é o lance de mexer no seu corpinho tão perfeito. Fico te olhando depois do banho, com a barriga tão branquinha, tão lisinha... morro de dó de pensar que daqui a pouco terá ali um corpo estranho com bordas avermehadas e, no futuro, uma cicatriz. Sei que tudo isso é besteira perto do que a desnutrição pode estar causando ao seu desenvolvimento global, mas é impossível não ficar um pouco tristinha por pensar que meu filhote lindo vai ganhar um troço feio na barriga.

Bom, passadas essas lamentações normais, mas que não vão nos levar a lugar nenhum, a gente sempre acaba chegando à conclusão que é isso aí mesmo e que estamos prontos pra luta. Ainda que assustados por não sabermos muito bem o que nos espera.

Sabe quando eu realmente fiquei 'tranquila' quanto à decisão de fazer a cirurgia? Quando o último médico que nós fomos, o Dr. Cesar Junqueira - gastro -, me falou no telefone, da última vez que liguei para contar que você havia parado de comer de novo, que agora não tínhamos mais o que esperar mesmo, a gastrostomia era a solução. É que quando fomos lá a primeira vez, eu e papai fomos logo falando: 'não somos contra a gastrostomia, mas...' e ele nos interrompeu e disse: 'mas eu sou'. Após uns segundos de silêncio, ele se explicou e falou que era contra a gastrostomia, sem antes tentarmos de tudo para que a coisa continue acontecendo da maneira natural. Ah... nós também, claro! E assim tentamos de tudo. Por isso, se ele chegou à conclusão que é o jeito, me sinto mais segura também de achar a mesma coisa. Uma decisão com respaldo de um médico que não chegou querendo te cortar. Pelo contrário, que nos incentivou a tentar milagres...

Mas a palavra-chave de todas as nossas angústias é essa: natural. Acho que o que mais incomoda qualquer pai e mãe nessa situação é isso: ir contra a natureza. Criar um mecanismo estranho e 'feio' para alimentar seu filho. Alimentar. Algo tão básico, tão natural...

Só que, pra nós aqui, o natural não estava nos levando a lugar nenhum, perereco. Então, que venha o artificial. Não será a primeira vez que vamos recorrer à ciência para te ajudar. Então, que deixemos o chororô pra lá e temos mais é que agradecer à medicina por criar alternativas como essa.

Certo, biscoito? Como a mamãe falou, só estamos dando espaço para essas crises porque estamos aqui meio ilhados e entediados. Sem poder sair pra você não piorar e esperando os dias passarem. Aí, já viu, né? Ambiente perfeito para criar abobrinhas. Quero ver quando estivermos aqui, tendo que colocar a mão na massa, com sonda, curativos, tendo que te divertir, te distrair... se vai sobrar tempo para lamúrias... vamos é querer cair na cama, quando der. E quando a gente menos esperar, a tempestade passa e vamos voltar a uma rotina mais equilibrada. Ah, sim: e felizes da vida porque você vai estar pesando 11kg!!!

4 comentários:

  1. Oi Adriana,seu texto diz tudo que tenho passado e pensado nos últimos dias,a incerteza do que vem depois nos envolve e se deixarmos nos absorve por inteiro.Tbm não temos saída é fazer ou fazer então bora lá encarar.
    Muito obrigada pelas suas palavras lá no meu blogue vc sabe bem como isso nos ajuda,é uma troca,corrente do bem.
    Arthur vai fazer a cirurgia no dia 6 de outubro na AMIU de Botafogo com o Dr.Nicanor e se DEUS quiser e eu sei que ele quer vai dar tudo certo pros nossos anjinhos!!!!!
    Um super beijo e pare de consultar o Dr.Google,rsrsrsrsr,eu tbm faço isso.

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  2. Oi Dri,
    Os riscos sempre vão existir. Acho que vc tem que pesquisar sim e consultar mais de um médico para saber sempre todas as opções. Mas deixe de bobeira quanto a cicatriz na barriginha. Isso é o de menos!! O que importa é ele ficar forte e saudável para se desenvolver da melhor maneira possível.
    Beijos Deca

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  3. Querida Adriana,

    a gastrostomia é mesmo um dilema...mas acredite sempre que Deus mostra a melhor saída e não a única. Teimo em acreditar que Deus jamais abandona ou deixa acontecer nada de mau com os nossos pequenos...eles já passaram por sofrimento suficiente...
    A Helena melhorou muito depois de começar a usar leite sem lactose, os gases diminuíram muito, a luta agora é para que goste de se alimentar via oral...para ela é mais difícil porque ela se alimentou pela boca pouquíssimas vezes. Quanto às cicatrizes pode ter certeza que serão uma parte da história dele que não precisará esquecer mas mostrar que venceu e venceu e venceu...a minha pequena tem inúmeras outras cicatrizes de cirurgias e a gente acaba achando tudo lindo, lindo. Bjos para vc e sua família

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  4. Ei! É simplesmente IMPOSSÍVEL esse menino ficar "feio". Com sonda ou sem sonda, esse sorriso dele rouba todas as atenções! Vai ficar tudo bem, que venham os 11kg! Força AP!

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