Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



segunda-feira, 27 de maio de 2013

Encontrando Daniel

Filho, nossos 15 minutos de fama se estenderam pra meia hora. O que a mamãe escreveu aí embaixo virou manchete! no Facebook, mas ainda assim, deu o que falar. Que bom. Quero mais é que falem mesmo. Que falem de mim, que falem de você, que falem de nós! E de carona nessa falação, que venham olhares mais atentos para o bem maior, a causa dos portadores de necessidades especiais.

Dito isso, bora pro meu assunto de hoje que nosso blog aqui, apesar de mais famoso, nunca terá cunho político. Aqui quem fala é o meu coração e o que sai em palavras é estritamente pessoal. Não saberia fazer de outra forma.

E semana passada vivi um dia, vivemos um dia, muito especial e emocionante. Passamos a manhã com o Daniel.

Quem é Daniel? Bem, a história é longa e vou contar do começo.

Você ainda era um bebê quando começamos os atendimentos na tia Suzane, sua fiel T.O. Naquela época, mamãe era ainda... como posso dizer? Crua. Acho que essa é a palavra. Eu ainda era muito crua, muito nova em tudo o que envolvia o abrangente mundo das crianças com necessidades especiais. Acho que eu nem te encarava assim ainda. Não conseguia te relacionar com a minha imagem - totalmente leiga - de um portador de necessidades especiais. Alguém com muitas limitações e aspecto nada bonito.


Você era meu bebê lindo. Que apesar do baita susto no nascimento ainda estava no mundo duvidoso do "em observação". Uma época em que ninguém gosta de falar muito sobre a realidade pra esses novos pais e também de muita ilusão da nossa parte. Por achar que com a gente não vai acontecer o pior. Essas coisas acontecem na televisão, no jornal e a quilômetros luz de distância. "Aqui em casa o máximo que vai acontecer é ele demorar pra falar ou andar um pouquinho mais tarde..." Era nessa linha, inclusive, que falávamos de você pra todos que perguntavam. E as perguntas eram em cascata, acredite. Respondíamos que tinha sido um sufoco, mas que agora tudo estava mais calmo. Você estava ótimo. Mamando! E estava - ah lá - em observação só pra ver se tudo ia caminhar tranquilamente. E, filho, mamãe e papai falavam isso na melhor das intenções. Mergulhados sinceramente num mar de ignorância e esperança.

Então, me acompanha, imagina a mamãe ainda com essa visão, ouvindo a tia Suzane falar do Daniel. Um paciente dela, já grande, que teve a mesma coisa que você ao nascer e hoje falava, andava, morava sozinho e trabalhava! E que você lembrava muito o Daniel na inteligência, na determinação, no desistir jamais! Bom, eu idolatrava as conquistas do Daniel e já tinha feito toda uma imagem cor de rosa dele e da vida que levava. Uma vida com o adjetivo mais almejado do mundo: normal.

E aí... chegou o dia em que conheci Daniel. Não foi nada programado. Nada pensado. Sem nenhuma espécie de preparação. Simplesmente, um belo dia estávamos na sala da tia Suzane quando o Daniel entrou. Ele era o próximo paciente e a tia Suzane, feliz com a coincidência por uma troca de horários, o mandou entrar! pra conhecer você.

Fiquei primeiro sem reação. Depois, acho que um pouco sem saber o que fazer. E, por fim, minha sensação maior era o desconforto. Não me lembro bem, mas infelizmente devo ter transpassado essa decepção ignorante e não programada na ocasião. Foi um baque. Um balde de água fria. Um tapa na cara.

Daniel falava, mas enrolado. Daniel andava, mas torto. Daniel fazia todos os movimentos, mas com dificuldade. Daniel não era o Daniel que eu havia imaginado...

Bom, não sei contar com muitos detalhes hoje como foram os dias, semanas ou até meses a partir daí. O que sei é que a partir daquele encontro, uma nova era foi surgindo em nossas vidas. Uma era de olhos abertos, de encarar as terapias com a seriedade que mereciam, de rever conceitos, de sair da inércia, de parar de se iludir, sem ao mesmo tempo ter pena de nós. Entramos no nosso novo testamento! Na era D.D. Depois de Daniel!

E nela estamos com muito sucesso, muita luta e muito amor até hoje! Nossas conquistas foram muitas, nossas histórias maiores ainda e nosso crescimento incomensurável.

Agradeço muito por aquele encontro naquele dia. E por diversos outros com o mesmo Daniel a partir daí, que muito nos contou, muito nos incentivou e muito nos ensinou. Foram mais vários encontros na entrada ou saída do consultório da tia Suzane onde perguntamos coisas, vimos fotos e convivemos falando sobre duas gerações diferentes e com tanto em comum.

Até que quinta passada, esse encontro ganhou umas boas horas a mais quando Daniel foi visitar você no seu colégio, por conta de um projeto muito bacana que ele está tentando fazer acontecer. Depois da escola, ele veio com a gente pra casa e passou mais umas horinhas conosco. Conversando e brincado. Foi ótimo e totalmente natural.

Pelo fato totalmente sincero de que hoje meu pensamento é o seguinte: Se você ficar parecido com o Daniel, eu serei a mãe mais feliz desse mundo!!!!!!!!!!!!!!!

Beijo em você e no nosso amigo querido!

Duas gerações! E muita esperança!







4 comentários:

  1. Eu acho o Daniel um gato! rs O conheci no muro onde escalei no início do ano e quando conversei com o dono ele me falou do Daniel. Fiquei um dia até mais tarde para encontrá-lo e, claro, conversamos um bocado. Eu fiquei fascinada. Trocamos telefones e ficamos de combinar mais encontros, mas eu sai do muro e acabei não o procurando. Durante...a conversa, caiu a ficha de que ele era o Daniel da Suzane. Mundo pequeno. Quero muito saber qual é o projeto dele! E, claro, se eles ficarem com o Daniel será motivo de muuuuuuuuuuuito orgulho para nós.

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  2. Muito legal Adri! Nossos pitocos vão encontrar o lugar deles na sociedade e oro a DEus para que façam a diferença. Os olhos de muitos estão voltados pra eles e por isso mesmo eles vão surpreender, do seu jeito, modo.Não importa... É isso que causa um grande impacto. Como tem sido conosco e os mais próximos, que eles possam ir além...ja ouviu que somos como arqueiros e nossos filhos as flechas?? queremos lança-los além de nós mesmo. O propósito não nos cabe conhecer mas apostar, investir...outro dia eu tava pensando se eu conseguisse ver minha vida, da minha família do lado de fora...eu ia gosta do que ia ver, muito! Toda luta, toda sinceridade, toda perseverança.O amor tomou outra dimensão, a vida uma nova perspectiva! Muito linda e sinceras suas palavras Adri! Agoda falta nós né? :) Se conhecer KKKK

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  3. Adriana,
    este post me tocou em especial e confesso que o li mais de uma vez...ainda não tive a grande sorte de encontrar um "Daniel" e acho que é mesmo muuuuuito bom quando podemos vislumbrar um futuro para os pequenos que será especial, no qual eles farão a diferença e poderão ter sua independência...e viva o Daniel!!!

    bjos

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  4. Adriana, que mundo pequeno! O Daniel estudou comigo na PUC e fizemos estágio no mesmo lugar.
    Tenho certeza que a convivência com ele vai enriquecer e muito seu lar.
    Sucesso com os pimpolhos!
    Bjs,
    Thiago Camara

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