Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Passagem de Bastão

Pacotinho, hoje mamãe vai falar de uma coisa chamada vínculo. Algo que a gente cria por aí com algumas pessoas ou até situações. Alguns vínculos são quase pré-determinados como a relação mãe e filho, pai e filho, irmão e irmã e outros parentescos, com maior ou menor intensidade. Mas há também os vínculos que se criam ao acaso, naturalmente. Com pessoas variadas.

Mamãe sempre foi meio ruim de vínculo. Faz parte dessa minha personalidade desconfiada e fechadona. Entro pouco e deixo que entrem menos ainda. Isso não é a priori uma coisa boa. Apesar de me proteger de algumas roubadas, também me priva de coisas que poderiam ser mais intensas e interessantes. Mas cada um é como é.

Enfim, voltando ao nosso foco, vínculo gera apego. Apego gera carinho. Carinho gera sentimento. E foi essa gradação toda que a tia Bárbara, sua primeira fisioterapeuta, experimentou com você. E por mais que a mamãe seja essa aparente geladeira, também acabou se encantando por ela, mas especificamente pelo encanto dela por você. E, por isso, foi tão difícil dizer que íamos abandoná-la. Pelo menos, por enquanto.

Isso aconteceu na terça retrasada e, desde então, não sai da cabeça da mamãe fazer algum tipo de homenagem pública à primeira fisio que pôs as mãos em você. Devemos muito a ela os seus primeiros progressos, seu controle excelente de perna, sua melhora com as mãos e o início da nossa vitória com seu tronco. Queria muito ter dito isso tudo olho no olho, antes de deixamos o consultório pela última vez e deixá-la com os olhos marejados. Mas mamãe não disse. Exatamente por causa desse jeito fechado e aparentemente gelado de ser que, apesar de ter amolecido muito desde a sua chegada, ainda me domina e faz com que eu não encontre o modo, o tom, a coragem de me comportar como deveria. Uma espécie de timidez descabida, uma vergonha idiota de chorar também. Sei lá, como se eu cultivasse um medo eterno de me mostrar frágil. E não me pergunte porque ser frágil é ruim. Não é. Mas vai dizer isso para a minha cabeça doida...

Bom, está dito. Devemos muitíssimo a tia Bába e nunca iremos esquecê-la. Não sei se um dia voltaremos ao consultório dela, mas faremos questão de mantê-la informada do seu progresso. Ela merece. Pelo carinho que teve com você desde o início e pela elegância de entender nossa nova tentiva no final.





E como mamãe já disse aqui, nossa nova tentativa chama-se tia Eliane. Um amor de pessoa, que também se derreteu toda por você logo de cara. É difícil não se apaixonar por você, pacotinho...

E estamos indo de vento em popa! Aliás, por falar em popa, suas sessões na tia Eliane já estão sendo uma espécie de treinamento para seu futuro como velejador, sonho mór do papai. É que o motivo de termos 'nos mudado' para o consultório dela é uma estrutura de madeira, presa ao teto e suspensa no ar.

Ela sobe com você naquilo e faz ali as posturas e exercícios que você tanto precisa. A vantagem é que como o troço balança, tira um pouco o foco do esforço, te destrai e você aceita mais fácil a malhação.

Fora que o balançar é ótimo para ajudar no seu equilíbrio, já que te obriga a ficar fazendo auto-ajustes o tempo todo. E, oh, uma semaninha de três sessões com a tia Eliane e posso jurar que você tem oscilado bem menos aqui no nosso dia a dia. Incrível!




E assim estamos, pacotinho. Pra lá... e Pra cá... Pra lá... e Pra cá... Seja bem-vinda, tia Eliane!

2 comentários:

  1. Querido Antonio Pedro, sua mamãe está certa: vínculo gera apego que gera carinho e tudo isso é muito bom! A tia aqui nem te conhece pessoalmente mas já tem um sentimento enorme por vc! Eu, ao contrário de sua mãe, sou bobona, me entrego logo! Me apego logo...sou assim. Não resisto a um vínculo! Tomara que um dia vc encontre o meio termo...rsrsrsrs
    Quero dar os parabéns para sua Bába por ela não ter se limitado a fazer o trabalho dela e ter estabelecido um vínculo com vcs.
    Um beijo.

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  2. Um coração bom deseja soltar-se no entrelaçamento de tudo e de todos, força que vai aumentando com os toques da vida, e acaba atraindo a pessoa à firmeza amorosa dos corações experientes. Bs, tio Dedé.

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