Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Internet

Que a Internet facilitou muitíssimo as nossas vidas, ninguém duvida. Aliás, filhote, você já nasceu interconectado. Será muito engraçado o dia em que a mamãe te contar que na minha época a gente ainda fazia pesquisa pros trabalhos de escola em uma coisa chamada 'enciclopédia'. Mamãe tinha até uma coleção dos Escoteiros Mirins que ficava destacadíssima na estante do quarto. Fora as mais sérias como a Delta-Larousse ou a Barsa. Hein? Pois é. Provavelmente você jamais verá um exemplar, mas eram livrões grossos em ordem alfabética com explicações para uma variedade de termos afins. Em vez de digitar a palavra no Google, a gente ia procurá-la nas enciclopédias. Mas hoje acho que só os anciões continuam se utilizando deste serviço obsoleto.

Ou seja, como mamãe não é nenhuma E.T. também vive na internet atrás de respostas, significados e conteúdo sobre todo o tipo de assunto. Principalmente, sobre meu assunto em pauta nos últimos meses: você e suas ziqueziras.

E é disso que quero falar hoje. É que apesar de ser maravilhoso poder ter acesso a um mundo sem precedentes de informações, também é extremamente angustiante se perder em tamanho número de páginas e mais páginas sem filtro. E isso por causa de uma coisa chamada sugestionismo.

Veja bem, quando alguém, especialmente uma mãe, está uma pilha de nervos, preocupadíssima, em relação a algo relacionado aos filhos, é quase inevitável que quando ela leia a respeito de casos, sintomas ou doenças aparentemente semelhantes ao que os filhos vêm apresentando, ela não ache no ato que é exatamente aquilo que também está acontecendo com o filho dela. E, geralmente, nos prendemos ao que achamos de pior, de mais grave. É como se tivéssemos lendo ipsi literis o que estamos vivenciando em casa. Tudo se encaixa como peças de quebra-cabeça.

Já passei por isso - e ainda passo - frequentemente. Infelizmente, ainda não consegui acionar sempre a peneira da razão na hora em que coloco meus dedinhos frenéticos para pesquisar. E sofro. De ansiedade, de angustia, de insegurança, de pessimismo, de cansaço. Volta e meia, a descoberta de um novo tipo de síndrome da qual eu nunca tinha ouvido falar, é capaz de me derrubar durante todo o dia até que eu consiga me acalmar ou que me acalmem. O coitado do papai é quem mais sofre. Quantas vezes ele não chega em casa e encontra a mamãe tensa, chorosa, preocupada e parecendo uma metralhadora na hora de jorrar sobre ele um milhão de fatos aleatórios absorvidos em pesquisas desordenadas.

Isso ainda era pior há um tempo, quando eu teimava em não querer incomodar os médicos. Sofria de uma fobia descabida por perturbar seu pediatra, o tio Jofre, ou a sua neurologista, a tia Laís. E aí, enchia o papai de lamúrias, questões e medos diversos. Até que ele deu um chega pra lá na mamãe e me fez ver como o meu comportamento estava longe do razoável.

E, assim, passei a não ter mais frescuras na hora de pegar o telefone e correr atrás dos especialistas para tirar as minhas dúvidas. Me transformei numa mãe altamente insistente, quando eu realmente preciso de um esclarecimento. Não quero nem saber se já liguei ontem... Claro que não perdi totalmente o discernimento e não chego a pegar no telefone toda vez que você solta um pum. Mas passei a me dar o direito de incomodar sim, sempre que eu achar importante. Até pela nossa situação bem mais especial que o normal. Mereço crédito e mereço que valorizem minhas preocupações.

Moral da história, claro que cada mãe tem que achar aí o seu limiar de controle e bom senso, mas o que quero dizer, o que quero passar pra quem estiver lendo é que é preciso tomar cuidado com nosso ímpeto pela informação sem limite. Em relação a qualquer coisa, na verdade, mas em especial quando estamos vivendo uma experiência tão delicada como o dia a dia ao lado de um bebê que inspira mais cuidados.

Meu conselho hoje seria: pesquisar sim, mas se impressionar nem tanto... E antes de se desesperar ou passar um dia inteiro curtindo uma bad trip pavorosa, com medo de acabar descobrindo que é aquilo mesmo que o seu filho tem, vá atrás de respostas mais embasadas, peça pra fazer os exames necessários, incomode quem for preciso e saiba logo que diabos o seu filho tem ou não tem. Seja lá qual for o resultado, será melhor descobrir logo e agir, o quanto antes.

Né, Antonio Pedro?

4 comentários:

  1. Esta certíssima minha irmã! Pergunta mesmo, temos que saber de tudo!
    Amei a resposta fotográfica da sua pergunta, rsrsrs, está claro que a resposta dele é “É”!
    Beijos na ponta do nariz de cada um!
    Saudades! Espero vê-los amanhã!

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  2. É, hoje em dia é muito difícil ser médico e muito difícil ser paciente. Temos acesso a tudo e o tudo nunca acaba. Quando aprendemos algo sobre uma doença, logo surge um estudo na Noruega ou na Finlândia que as vezes mostra que a coisa não é tão bem assim. É a medicina baseada em evidências que muitas vezes desmonta castelos, desconstrói teorias já estabelecidas. Se a gente entra nessa roda viva, ficamos malucos, confusos e as vezes a santa ignorância é uma excelente precaução contra a dor, contra o sofrimento.
    Confie na sua equipe, vc está muito bem acessorada.E confie no seu coração, no que vc vê no seu dia-dia com AP. Mãe como vc, atenta, sabe muito!
    Beijos

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  3. A internet é um inferno para qq coração angustiado. Uma amiga que não conseguia engravidar, jogava os temas na internet e achava mil casos escabrosos. Resultado? Me ligava aos prantos achando o caso dela podia ser um daqueles.
    Agora que a Malu tem 1 ano e 8 meses e desde que entrou pra creche, cada semana é um sintoma diferente.... eu ligo pro pediatra e basta eu falar alô pra ele falar: Oi Flavia, diga lá. hahahahahahahaha!!!! Quem mandou escolher essa profissão? Eles são pagos para nos aturar, é a vida. Isabella, falou de vcs é? Que legal, pena que não ouvi. Beijos

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  4. Também tinha este hábito de ficar procurando tudo que estivesse relacionado às lesões neurológicas na internet. Meu marido sempre me dizia para não fazer isso, falava que eu iria acabar enlouquecendo com tanta informação. Hoje, vejo que ele estava certo. Minha última procura foi por "micro convulsões" que, por sinal, me levou ao teu blog (essa valeu a pena!). Desde então, não pesquisei mais nada relacionado a este assunto tão complexo que é mundo neurológico. Quer saber, me sinto muito melhor agora. Temos que confiar nos nossos médicos, perguntar a eles, sempre, tudo o que quisermos e seguir em frente com muita fé.
    Beijo pra vc e pro pacotinho lindão!

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