Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



terça-feira, 10 de agosto de 2010

Parto Normal?

Oh, filhote, fui reler aí no post abaixo o que escrevi e parei numa parte que me deixou triste por um momento. Eu disse que o dia em que você nasceu foi o pior da minha vida. Ainda que dentro de todo o contexto seja totalmente explicável, doeu fazer essa associação agora...

Desculpa, tá, meu amor... É claro que isso não pode ser verdade. Digamos que tenha sido o dia mais difícil da minha vida, justamente por ficar tão preocupada com o que ali a minha frente, totalmente indefeso e claramente em apuros, já mostrou que seria a coisa mais importante do meu novo mundo que começava naquele momento.

Dito isso, vamos em frente. Tenho que dizer que fiquei, não surpresa, mas admirada com o ibope da carta à obstetra. Tinha um montão de gente, com nó na gaganta junto com a mamãe, filho. Que bom que afrouxamos um pouquinho a angustia desse povo todo que também te adora. Um beijo pros familiares, pros amigos e para os desconhecidos, que mesmo não fazendo parte da nossa vida, tão aí, na nossa torcida unida que jamais será vencida.


Bom, hoje, mamãe vai falar um pouquinho de novo sobre parto. É que acho importante eu deixar aqui nesse grande outdoor que é a internet um pouco da minha experiência com o parto normal.

Primeiro de tudo, às que morrem de medo pela dor que ele pode representar, um aviso: vocês estão direcionando a preocupação para o ponto errado. O parto normal, da perspectiva de dor, não é esse bicho de sete cabeças. Ok, há mulheres com mais facilidade que outras, há quem tome anestesia e quem faça mesmo ao natural... mas nenhuma pontinha de incômodo que possa ocorrer, chega perto da dor que é quando dá algo errado.

E é aí que eu quero chegar. Bom, claramente, eu fiquei traumatizada. Mas minha intenção não é levantar a bandeira de PARTO NORMAL NÃO. E sim tentar fazer com que quem ainda não passou por isso e é totalmente inexperiente como eu era tenha a oportunidade de estar mais atenta para o grande dia.

A primeira coisa é: mais do que confiar na equipe que estará lá na hora H, se informe bastante sobre ela. Geralmente, a gente se prende à obstetra e deixa tudo na mão dela. Meu conselho é: procure saber direitinho quem faz parte do resto do time: anestesista, auxiliar e pediatra. Conheça-os, se possível. E pegue os telefones deles! Porque, se acontece algo como no meu caso da médica só resolver ligar pro povo depois de um tempo, você mesmo já pode ter deixado o pessoal de sobreaviso. Ou, pelo menos, cobre da obstetra esse stand by geral. Veja-a avisando a todo mundo que você já entrou em trabalho de parto.

A segunda coisa, se isso fosse possível, seria: não tenha filho de madrugada! Tudo é muito pior nesse horário. Do atendimento da Perinatal, top de linha hein..., a percalços como alguém demorar a ser encontrado. Como não podemos dizer aos nossos babies quando nascer, pelo menos quando a decisão é esperar pelo rompimento da bolsa, a dica é tentar deixar o máximo de coisas já prontas e não perder nem um tiquinho de tempo para a ida ao hospital. Há coisas, por exemplo, como um pré-cadastro que você faz com antecedência no site da maternidade que facilita bastante quando você chega pra dar entrada no hospital. Essa história de que pode se vestir com calma, tomar banho etc que ainda tem tempo, não vale de madrugada! Esses minutos gastos em casa podem fazer diferença mais tarde.

Encher a paciência do/a seu médico com todas as perguntas que vierem a sua cabeça durante o pré-natal também é importante. Não seja como eu, que tem uma dificuldade imensa de falar, por às vezes achar que é bobeira. Nada que diga respeito a esse assunto é bobeira. Falo isso porque, mesmo que eu não saiba muito bem que informações eu deixei de receber exatamente, me senti muito traída depois de tudo.

Traída porque me decidi pelo parto normal só por não ter nada contra ele, à priori. Cansei de repetir durante toda a gravidez que não tinha preferência explícita nem por um, nem por outro. Mas que, se algo indicasse que uma cesária era melhor, não pensaria duas vezes em optar pela cirurgia. Tudo bem que não havia nada errado comigo, nem com você, pacotinho, e que tudo indicava um parto normal sem complicações. A dilatação da mamãe se comportou bem, você estava encaixadinho, a bolsa estourou, as contrações também estavam monitoradas e tal... Só que eu não sabia na época o que significava um parto normal em matéria de riscos. É nesse ponto que me senti apunhalada. Talvez, se eu soubesse de tudo o que eu sei hoje, minha decisão seria diferente ou, pelo menos, minha atenção seria infinitamente maior.

O que eu sei hoje? Bom, o que sei hoje é que apesar de ser uma cirurgia, o ambiente de uma cesária se caracteriza por riscos mais controlados. Sabe-se melhor o que, quando e onde algo pode dar problema. Num parto normal, o risco é algo como um elemento surpresa. Ele pode vir de onde menos se espera, justamente por lidar com o curso da natureza. Nada é programado. Onde eu quero chegar? Quero dizer que o nível de alerta de todos os presentes precisa estar lá lá lá lá no alto. O que, na minha opinião, não aconteceu com a gente, filhote.

Em suma, não sou contra parto normal. Só a favor de tratá-lo com a devida responsabilidade. O que acho que está existindo, como a minha própria obstetra nova falou, é uma banalização do parto normal. Muita propaganda sobre seus benefícios, todos reais é verdade, mas pouco cuidado com a hora lá do vamos ver. Pra mim, o que ocorre é uma faca de dois gumes. Explicando: a cesária tornou-se tanto a preferência nacional da maioria das brasileiras, que os médicos perderam um pouco a prática do parto normal. E, agora, quando há uma espécie de campanha jogada aí no inconsciente coletivo para que se volte a fazer mais partos normais, nem todos os médicos estão preparados. Ou seja, ainda que em tese o parto normal seja 'melhor', acaba não sendo na realidade brasileira.

Antes de terminar, preciso ser justa e deixar registrado algo sobre os tais benefícios. É mesmo incrível como depois que a criança é cuspida, você volta a se sentir novinha em folha. Eu, mesmo no péssimo cenário instalado a minha volta, poderia sair andando da sala onde foi feito o parto, se eu quisesse. Duas horas depois, eu estava tomando banho sozinha no banheiro do hospital e, logo em seguida, subindo e descendo as escadas do meu quarto para a UTI inúmeras vezes. Tarefa repetida nos quatro dias em que fiquei lá e depois continuada numa rotina ainda mais pesada agora da minha casa para a UTI. Só senti dor uma noite quando o útero estava voltando para o lugar. E foi muito suportável. Por fim, voltei ao meu peso normal cerca de dois meses depois.

Fechando, para os que tem curiosidade em saber se eu teria coragem de fazer um parto normal de novo, provavelmente não. Pelo simples motivo de que, citando a minha nova obstetra mais uma vez que aliás se chama Isabella Tartari, o meu parto não foi normal. Não é normal uma mãe não ouvir o filho chorar assim que ele nasce; não é normal o pai não ir para o berçário acompanhando a criança; não é normal a família não poder ver o neném através do vidro; não é normal uma mãe ir embora para casa sem seu bebê nos braços.

Mas ainda tem tempo até eu ter que pensar efetivamente nisso de novo. Até lá, vou curtindo meu filhote lindo aqui. Que hoje chora pelos cotovelos; adora brincar com o papai e se mostrar pra família; e não sai dos meus braços.

beijo da mamãe, Antonio Pedro.

8 comentários:

  1. Adriana, olha eu aqui de novo e em lágrimas...
    Vc sabe que eu queria MUITO ter meu filho com parto normal. Mas, como o muleque tinha quase 4 kg, meu obstetra me avisou que poderia dar algum problema... tipo assim ele poderia não conseguir sair com o trabalho de parto já rolando e isso seria um stress danado, além de por o bb e eu mesma em risco. Ele tb me disse que há uma grande diferença entre um "parto nornal" e um parto "via vaginal", em palavras dele. Eu, claro, fiz o que ele mandou pq realmente não queria correr risco nenhum. É muito doido. Como essa criatura que foi tua médica na época não explicou que há riscos sim?! Gente... amazing.
    Bem, como registro, meu prato aconteceu em Curitiba: capital do estado onde há mais cesareanas no Brasil. Diante desse pequeno detalhe, pensei que seria melhor mesmo fazer a cesárea já que a galera lá não tem milhagem suficiente, digo, experiência em fazer criança vir ao mundo via parto normal... enfim...

    Vc tem muita força! Vc vai ver como seu LINDO bb vai ser um campeão! ;)
    Beijos em vcs!

    AH! Acho que nos conhecemos no Telecine. Vi sua foto e lembrei de ti. Vc era estagiária da produção. Eu cobri férias da Flavis por lá em 2002... faz tempo! :)

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  2. Querida Adriana, vc foi precisa em tudo que falou. Tive 2 partos normais maravilhosos mas sei que sou uma exceção. Dia seguinte estava dirigindo como se nada tivesse acontecido...foi ótimo. Realmente quem quer parto normal tem que procurar uma médica parideira, que tenha experiência na coisa. Porque quando a coisa tá tranquila, vc acaba parindo sozinha igual índio, numa boa, e o bb nasce batendo um bolão. Mas se o treco enguiçar um pouquinho, ter experiência é muitas vezes um divisor de águas.
    O problema hoje em dia é achar uma médica parideira! Como vc muito bem falou, tá todo mundo muito sem prática com o parto normal...uma loucura. Quando tive a Carolina, tinha uma enfermeira novinha que veio falar comigo como se eu fosse um E.T. por ter feito parto normal. Fiquei boba quando ela me disse que em 4 meses lá na maternidade era o 2@ normal que ela estava vendo... Isso é um absurdo!
    Mas sem dúvida o mais importante é ter um BOM PARTO seja normal ou não!
    Um beijo grande.

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  3. Oi amiga!
    Olha, essa história de parto é muito pessoal. Eu NUNCA quis ter parto normal, não me via nessa situação e todos os casos que eu soube que deram problema, aconteceram em partos normais. O que confirmou minha opção pela cesárea.
    Claro que o pós operatório é chato, mas nada insuportável e voltei ao peso em 25 dias. Isso é de cada um. Depois vou te ligar pois conversei com a minha médica sobre o que aconteceu com vc.
    Essa foto dele está LINDAAA. Beijão

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  4. Naninha,
    Também fiquei traumatizada...
    Pode ter certeza que seguirei TODAS as suas dicas e observações, quando chegar a minha vez...
    Em relação à questão, que você colocou, sobre os médicos de hoje não terem muita experiência com parto normal, é revoltante e vergonhoso!
    Não se preocupe com o ap, em relação as suas palavras na postagem anterior, ele vai entender perfeitamente o que você quis dizer, quando ele crescer.
    Mantenha-se forte, seja firme e se suas forças ameaçarem diminuir lembre de alguns pontos positivo, como a melhora dele, por exemplo, e se agarre neles.

    Ap, criança mais fofa e mais linda desse mundo, AMO a sua gargalhada! Não gosto muito do seu choro, embora seja ótimo escuta-lo, mas é difícil porque me deixa ansiosa para fazê-lo parar e ai você chora mais e eu fico nervosa! (risos) Mas continue chorando e gargalhando atéééééé cansar e dormir, quando acordar, volte a chorar e gargalhar, porque a vida é mesmo assim, uma hora a gente ri outra hora a gente chora, mas é bela, muito bela! Você vai ver!

    Amo vocês!
    Beijos da dinda

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  5. Olha, não quero falar nada não, mas... FUI EU QUEM TIROU ESSA FOTO!!! êeee, Cenoura, titia tá pegando a manha da mamãe de tirar fotos boas, hein, cara!
    E, Dri, dicas lidas e registradas! :)
    beijão para a dupla!

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  6. O termo normal já demonstra o que é melhor. Muito mais confiável quando é a Natureza que opera. E a experiência ensina a ajudá-la ficando bem perto do que faz a equipe do hospital, falando tudo que tenha vontade, porque melhor sobrar alguma coisa sem importância do que faltar alguma coisa importante. O corpo da mãe demonstrou perfeito equilíbrio com a Natureza, que o querido filho está reconsquistando com muito amor e carinho! Bs tio Dedé.

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  7. Dri, essa foto está a coisa mais linda!
    Eu queria muito ter feito parto normal quando a Laura nasceu, mas não conseguimos. Ela era grandona e na hora H resolveu ficar na transversal. Meu obstetra preferiu não insistir, pois nós duas poderíamos sair prejudicadas e fez a cesariana. Nosso próximo filho, pretendo que venha ao mundo de parto normal e é ótimo ler seu post. Está tudo anotado!
    Beijos e mais beijos para vcs.

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  8. Nossa, estaa procurando um tema para a festinha do meu filho e enconteri o seu blog...chorei...chorei muinto por er sua garra que exemplo de mãe. Eu era louca para ser mãe em todos sentidos, e aqui onde moro tem im programa que se chama mãe canguru, e eles sao adeptos totalmente do parto normal,então embarquei nessa viagem e quase custou a vida do meu GUSTAVO, passou muinto tempo quase 43 semanas e ele nao nascia, então meu marido enloqueceu no hospital e fiseram a cesarea mesmo o convenio cubrindo tudo, eles nao queriam por um programa do hospital...nessa quase perdi o meu bebe que nasceu todo arrando e machucado e sem respirar...mas graças a Deus ele ta lindo e crescendo e junto com ele esse amor enorme de mãe que nao para de crescer tb...
    FORÇA...pra c e para o seu campeão...
    Leila

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