Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Menos é Mais

Oi, meu amor. Mamãe hoje vai falar de uma coisa que, na marra, ela aprendeu ser muito importante. E, mais uma vez, gostaria de poder dizer isso mais especificamente a todas as mães de pacotinhos especiais como você.

É o seguinte, quando a gente se depara com uma situação inesperada como foi o seu caso, tudo o que queremos é sair correndo contra o tempo para poder fazer tudo o que estiver ao nosso alcance. Esquecemos de grana, mandamos as nossas necessidades para escanteio e ficamos cegamente concentrados em fazer o melhor, ou o que achamos que será melhor, para ajudar na recuperação do que há de mais sagrado em nossas vidas, nossos filhos.

Foi o que aconteceu conosco. Depois do choque inicial, começamos a apostar corrida com o relógio e fomos atrás dos melhores especialistas para nos auxiliar com o seu quadro. Assim, o tio Jofre foi inserido permanentemente em nossas vidas como seu pediatra, também pós-UTI. E foi por ele, e também por indicação do dindo, que chegamos a sua neuro, a tia Laís. Dela, para a tia Bárbara, sua primeira fisioterapeuta. Voltamos para a fono que te atendeu na UTI, a tia Tina. Daí em diante, para a tia Suzane, que passou a ser nossa amada T.O. Mais pra frente, paramos no Jockey, na escolinha Equitar, onde começamos a equoterapia. Conseguimos uma consulta na Rede Sarah, para ouvir novas e outras opiniões. Recentemente, incluimos uma nova tia, a tia Eliane, outra fisio, só que com uma mega estrutura que balança. E mamãe já estava com a natação na fila, só esperando o tempo esquentar. Fora a acupuntura, que eu vivia pesquisando pra ver se achava alguém que faça em bebês.

Ufa... Só de escrever já cansa, não é verdade, pacote?

Pois é. Esse é o ponto. Mamãe, no ímpeto de fazer o melhor, pode ter te prejudicado. Sabe a tal hiperexcitabilidade? Então, ninguém me tira da cabeça agora que ela pode estar sendo causada por estresse. Cansaço mesmo. Mamãe tava exigindo demais de você... Condiz certinho. À medida que fui inserindo mais compromissos pra você, os tais sustos e espasmos foram aumentando. Agora isso é tão claro... Tô com um nó na garganta, filho. E por mais que me digam que a culpa não é minha, que é assim mesmo, que a situação é muito difícil, que demora até nos adaptarmos, que os ajustes vão sendo feitos com o passar do tempo e que eu estou dando tudo de mim pra você, já chorei muito sozinha, com raiva por não ter visto isso antes. E ainda por cima, por achar que, no fundo, talvez eu até soubesse, mas forcei a barra porque quero que você se recupere logo. Como se eu tivesse pensado mais em mim, no meu sofrimento, do que em você. Desculpa. Do fundo do coração, meu amor, me perdoa.

Foi um click. Depois desse fim de semana em que você foi apenas um bebê, olhei pra você e no ato entendi o quanto isso é necessário. O quanto isso te faz feliz. E o quanto ficar feliz te faz bem. E me faz bem também. Porque o estresse e o cansaço também atingem à mamãe. E faz, inclusive, com que eu fique menos disposta para o nosso dia-a-dia.

E aí, Antonio Pedro, reformulamos a sua agenda. Pelo menos, isso a sua mãe tem de bom. Eu ajo rápido. Ainda que esteja puta da vida com a minha falta de sensibilidade anterior, minha praticidade permanente continua sendo uma qualidade.

Apartir de hoje, você só faz fisioterapia com a tia Eliane, porque você ama ficar balançando pra lá e pra cá e ela esperta aproveita pra fazer os exercícios ali em cima da estrutura que balança mesmo; e mais uma vez com a T.O., a Tia Suzane, que eu e você amamos de paixão aquele parque de diversões que é o consultório dela.

É isso aí, filhote. Trabalho agora, só com prazer. Malhação divertida é o nosso lema. E, importante, sempre no horário da manhã para assim termos uma rotininha de gente normal e não aquela coisa doida de cada dia um troço num horário. Assim, a gente acorda 6h30, toma suas vitaminas, vai malhar, volta, dorme, acorda para papar, brincamos um pouquinho em casa, depois a gente vai passear e brincar com os amiguinhos da pracinha, dorme de novo, acorda pra jantar, toma banho, espera o papai pra brincar e contar o nosso dia pra ele, depois a gente mama e mimi.

Tá bom? Mamãe jura que aprendeu que esse é mais um caso em que menos, às vezes, é mais. Tenho certeza que vamos ganhar mais tranquilidade, mais qualidade e mais convívio consciente. Teremos mais tempo, eu e você, só para nós dois.

E, com o tempo, a gente vai trocando, vai voltando pra uma coisa, pra outra... No verãozão, quem sabe, entramos numa natação e damos um tempo em outra coisa. Mais pra frente, quando você já reconhecer os animais, a gente tenta de novo o cavalinho... E assim vamos indo. Um passo de cada vez para que você consiga dar passadas maiores e mais seguras.

Tá dado o recado para quem, por acaso, se deparar com esse blog um dia e estiver vivendo uma situação parecida. Talvez, se alguém tivesse me dito antes, eu não teria deixado que a minha ansiedade vencesse minha sensibilidade.

beijo pra você, meu amor, meu experimento, minha vida.
Mamãe

5 comentários:

  1. A única que fala com peso é a experiência. Bs tio Dedé.

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  2. Dri, não adianta você se culpar, você fez tudo pensando no bem dele. Depois conta se os espasmos pararam então.
    Vcs vão ficar aqui no feriado? Vamos marcar um programinha na Urca, Malu ainda não conhece.
    Beijos

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  3. Adriana, o mais importante é que vc percebeu isso, e bem rápido, em poucos meses. Tem certas coisas que só vivendo mesmo pra gente aprender.A vida é assim... cheia de erros e acertos. Parabéns por estar acertando agora.
    Um beijo

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  4. Olá César e Adriana,
    não sei na totalidade da palavra o sofrimento que vocês passam diariamente, mas sei uma pequena parte, devido a trabalhar diariamente com crianças com necessidades especiais, desde Autismo, Sindrome de Down ou Trissomia 21, Síndrome de Asperger, etc...
    Mas venho por este meio dar a maior força, aos dois e ao António, e sempre que precisarem têm um primo atento.
    Abraços
    Gonçalo Martins

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  5. ola , hj por um acaso ouvi falar de vcs no radio e tive a curiosidade de ver seu blog , sabe penso que deus so nos da na vida as situaçoes em que ele sabe que somos capazes de resolver e ter com isso um grande aprendizado , e tambem ensinar aos outros como passar por tudo isso com coragem e muito muito amor pois so esse nos leva pra frente , sempre fico muito feliz em poder ter nesse mundo tao comturbado pessoas como vc mulher de coragem ecom certeza escolhida de DEUS pois tem um ditado que diz DEUS NAO ESCOLHE OS CAPACITADOS , ELE CAPACITA OS ESCOLHIDOS ... e vc com certeza esta sendo capacitada minha querida . tremino com a certeza no coraçao que aprendi muito hj com sua luta e com seu pq pacotinhooooo lindo desejo toda a felicidade do mundo pra vcs e saiba que estarei orando por vcs para que tudo corra bem na sua jornada bjs mil pra vcs fique na paz de DEUS

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