Atenção!

"(...) apesar de ter mergulhado de cabeça nesse misterioso mundo das lesões neurológicas e suas possíveis consequências, não sou médica. Tudo o que coloco aqui são impressões e experiências pessoais. (...) Enfim, não sou uma profissional da saúde, apenas uma mãe muito, muito, muito esforçada em início de carreira".



terça-feira, 30 de novembro de 2010

Controle

Ou a falta dele...

Há tempos que queria falar sobre isso, pacote, mas estava me faltando tempo. E quando ganhamos aí uma brecha em nossos dias complicados, mamãe quis postar coisas bacanas e não filosofar sobre temas como 'não temos o menor controle sobre nada'.

Mas agora que já coloquei até vídeo com você mostrando suas habilidades futibolísticas, achei que podia usar o espaço aqui para divagar.

Bom, quero começar te contando que quatro das coisas que a sua mãe mais odiava na vida eram: ficar presa (em qualquer sentido da coisa); ficar sem trabalhar; esperar (Impaciência era meu segundo nome...); e perder o controle (também em qualquer sentido).

Ora pois... desde que você entrou na minha vida, o que mais tenho tido que aprender está diretamente ligado a esse quarteto.

Começando com o 'ficar presa', tive que aprender ao longo desses meses juntos a não poder mais fazer as coisas que eu queria na hora em que eu queria. E isso inclui das coisas mais prosaicas como escovar os dentes ou ir ao banheiro até algo mais 'complexo' como ir (ou não) a um casamento de amigos queridos. Desde que você veio pra casa, após 24 dias de UTI, que você costuma dormir que nem um sapinho em cima da gente. No início, eu precisava disso. Queria ficar grudada em você 24 horas por dia, como que para compensar todo aquele período inicial em que fomos privados de contato físico direto e à vontade. Mas com o passar do tempo, a coisa foi me deixando um pouco agoniada, já que não tinha nem mais um momentinho só pra mim. Você literalmente se acostumou a viver pendurado no meu pescoço. Bom, atualmente, você continua o mesmo 'papapato'. Fui eu quem teve que aprender a viver 'presa' a você. Não me entenda mal. Mamãe te ama. Mas se você tivesse me conhecido antes, saberia como é um suplício pra mim ficar colada a qualquer um, assim fulltime. Nunca fui das mais melentas... Todo mundo sabe que eu não curto um abraço que me prenda por mais de 10 segundos. Dormir abraçadinho..., pergunta ao papai, NUNCA! Então, deu pra sacar o quanto eu me adaptei para ser o seu grude? E, olha, juro que com você a coisa é muito mais suportável. Adoro um chamego com o meu pacotinho. Ainda que um respiro ou outro para tomar um banho demorado não fizesse mal... Mas estamos trabalhando nisso. Como falei, você tem dormido bastante na cama, sozinho!

Desde que comecei a estagiar, no segundo período da faculdade, em que eu tinha o quê? 19 anos, que nunca imaginei parar de trabalhar. Fazer o que eu gostava profissionalmente muitas vezes vinha antes até de questões de vida pessoal. Meu sonho de adolescente era ser correspondente internacional em Nova York. A vida toda me imaginei uma pessoa sem rotina, hiper dinâmica, corajosa e meio sem horário pra nada. A coisa tava caminhando bem nessa direção até aparecer seu pai na minha vida e me desmoralizar totalmente fazendo com que eu me tornasse a primeira da turmna a casar. E de grinalda! O véu, eu consegui dispensar... Bom, depois que me tornei a primeira também a ser mamãe, já devia saber que o plano havia ido por água abaixo. O fato é que hoje estou aqui, simples e complexamente MÃE. O maior trabalho da minha vida. E, juro, até agora, o mais gratificante.

Quanto ao controle... bem, esse foi o mais afetado. A sensação é quase como se eu tivesse perdido o total controle sobre tudo. Nunca sei como será a minha próxima hora! Isso ainda é bastante angustiante pra mamãe. Pois sempre fui muito organizada, planejava muito tudo, sabe? Sou daquelas que mantém agenda impecável e ama ticar as tarefas já resolvidas. Faço/fazia listas, botava a mão na massa... Enfim, eu era dona de mim. No momento, desde que você nasceu, mas mais nesses últimos meses, quem toma conta da minha vida é você. Só você. Você vem em primeiro, segundo, terceiro, quarto e por aí vai. Eu estou lá atrás... Dificilmente, hoje em dia, arranjo tempo para fazer algo por mim mesma. Veja bem, não estou me vangloriando disso não. Isso é ruim. Sei bem o quanto eu não posso me esquecer para que tudo flua bem, inclusive, com você. Mas é que o período por que passamos precisou mesmo que eu me dedicasse com todo o amor do mundo apenas a você. E assim foi.

Hoje, estou começando a me reencontrar, a recuperar alguma coisa desse controle perdido. Já consegui arrumar coisas da casa nova, comprar móveis novos e tô organizando papeladas, jogando coisas no lixo, providenciando novos serviços... Enfim, estamos voltando a ter um dia a dia conectado com o mundo lá fora. Saímos um pouco da conchinha. E isso é bom. Muito bom, meu amor. Pra você e, nesse caso exclusivo, principalmente, pra mamãe.

Abaixo, ainda em tempo, uma foto ótima dos aniversariantes de novembro. Pacotinho, Teb e Dê. Primos que nasceram pertinho um do outro. É a cambada de Escorpião. Signo forte que só... beijo da mamãe.

Um comentário:

  1. Oi Adriana, as vezes a gente quer ter controle sobre as coisas, achamos que temos controle sobre a vida, mas na verdade não temos nada.
    Quando eu mais achei que estava "tudo dominado", pluft! Caí bonito!
    Acho que é assim mesmo...uma vez ouvi que é preciso a vida virar de cabeça pra baixo para que possamos aprender a viver de cabeça pra cima...deve ser assim.
    Sua vida deu uma virada e agora, aos poucos, as coisas vão entrar no eixo, vc vai ver! Acho que as vezes nossa vida precisa dessa "repaginada" pra nos renovarmos!
    Um beijo grande!

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